Capítulo 66

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Eu puxei duas adagas de prata encantadas. Ambas estavam escondidas nas minhas botas. E as ergui em frente ao peito, mantendo uma posição de espera. Um movimento dele e eu entraria em ação. Vi Asmodeus esboçar um sorriso.

- Tenho que admitir. - Ele disse. Mas, a voz que saiu não era a de Willian, ela era arrastada, parecendo mais o sibilar de uma serpente. - Você é muito bonita e corajosa. É uma pena que vai acabar morrendo. As heroínas sempre morrem no final. - Sentenciou.

- Eu posso até morrer. Mas não hoje. Meu destino não será encerrado por você, Maison. - Afirmei com determinação.

Me movi, avançando na direção dele. Nossas forças eram similares. Seguimos hora atacando, hora se defendendo. Foram minutos que serviram apenas para deixar evidente o que já era esperado por mim. Um massacre seria inevitável.

- Ora. - Asmodeus debochou. - Não vai usar as forças sobrenaturais ao seu favor novamente? - Ergueu uma sobrancelha, lançando um braço a frente na intenção de me esfaquear. Desviei, jogando meu corpo para o lado. - Ou ficou com a consciência pesada depois de machucar seu namoradinho? Por que doeu para ele. Doeu muito a cabeça dele se chocando com aqueles tijolos.

Minha mente ignorou o terror psicológico que Asmodeus tenta instalar. Voltando alguns meses na história. Para o beco, onde eu achava estar caçando Leviathan. Naquele dia, eu e Willian também lutamos. E ele não facilitou para mim, pois achava que eu estava trabalhando para Lúcifer.

O que tenho que enfrentar agora, não é apenas uma prova de resistência. Também é necessário superação. Tenho que fazer muito melhor do que fiz daquela vez, por que se não vou acabar no chão de novo. Só que nessa, não vou ter oportunidade de explicar. Asmodeus não sente um pingo de compaixão ou arrependimento. Para os demônios as leis impostas pela sociedade dos anjos e dos humanos, não significam nada. Eles fazem o que querem e quando querem.

O brilho sobrenatural da lâmina Serafim de Willian me chamou para o presente. Me esquivei e a adaga passou de raspão na minha garganta. Senti a ardência imediatamente, o sangue escorreu pelo meu pescoço até encontrar o tecido da blusa.

O braço do Anjo Negro seguiu sua trajetória e encontrou meu prendedor de cabelo no caminho cortando o tecido.

Recuei um pouco, para ganhar espaço e meu cabelo escorregou livre pelas costas. Vi o prendedor de cetim preto cair ao chão do meu lado. As chamas mágicas e alaranjadas o consumiram até não restar nada além de uma mancha preta com restos de incineração. Aquilo ia acontecer comigo também se eu não tomasse cuidado com a magia negra.

Pense Laylah, pense. Falei comigo mesma. Me defendendo das investidas do meu oponente. Willian não é um Deus. Apesar de ter a beleza e os poderes de um. E Asmodeus, bem ele pode ser um príncipe do inferno porém, como Miguel tinha dito alguns dias atrás para cada criatura que existe, também foi criado um predador, um inimigo natural capaz de elimina-lo.

Mas e quando a luz e as trevas que são opostas, estão trabalhando juntas? Que tipo de ação poderia derrubar uma combinação dessas? Era realmente uma estratégia sórdida essa criada por Lúcifer. Me irrito, encarando os olhos vermelhos que usurpavam o lugar dos que deveriam ser negros por direito.

" Quer que eles te respeitem, filha? Deseja que recuem quando ouvirem seu nome? Mostre a eles quem você é. E por que deveriam fazer isso."

A voz de Richard soou claramente na minha cabeça. Essa é uma lembrança de quando eu tinha doze anos. Estávamos treinando defesa pessoal na academia da mansão Blake.

" Laylah minha querida, você precisa entender que é uma força da natureza."

Dessa vez era a vovó Linda. Tivemos essa conversa logo após eu retornar de Madrid. Já fazia mais de um ano. Quase dois.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora