Capítulo 61

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- Willian. - Eu chamei deitada em seu peito, com o queixo apoiado nas mãos abertas. - Acorda.

Vi suas pálpebras se mexerem preguiçosamente e ele abrir os olhos.

- Temos que ir. - Fiz menção de me levantar e ele passou seus braços musculosos ao redor de mim, me mantendo presa no lugar.

- Não é o suficiente. - Sorriu de um jeito sacana.

Uni as sobrancelhas.

- Já fazem duas horas, Lian. - O lembrei. - E a área de camping só fica a uns quinze quilômetros. Nós já deveríamos ter chegado a um bom tempo. Miguel vai ficar preocupado conosco. Seria injusto, fazê-lo voltar aqui para conferir. Ele ainda teria que pegar e trazer a Manu novamente, sabemos que ela não poderia ficar sozinha.

Willian não disse nada, apenas ficou olhando para mim. Imóvel.

- Lian, se você não queria ir desde o começo por que prometeu? - Apertei os lábios em uma linha fina. - O seu sim sempre deve ser um sim e o não realmente um não.

Repeti uma versão do lema dos Guardiões do Submundo. Meu avô tinha feito esse juramento. Depois meu pai e agora eu. Uma pequena cerimônia foi realizada com os todos os herdeiros vivos da linhagem dos Blake e meu pai me passou suas ferramentas e o colar de Arcanjo que ele recebeu daquele que foi seu Anjo da Guarda. Rick colocou o punho fechado sobre o coração e disse " Que o seu sim seja sim e o seu não seja não". Eu repeti. Sendo oficialmente batizada como embaixadora da paz entre os mundos. Humano e imortal.

Essa é a parte bonita da história.

- Tenho uma forte tendência a prevaricar. - Willian disse me tirando de minhas lembranças antigas. Ele sorria como um garoto prestes a fazer traquinagem.

- Mas, eu não. - Deslizei para fora da cama, puxando o lençol comigo. - Minhas palavras são de honra.

Willian ficou lá, com as mãos cruzadas atrás da cabeça e sem se vestir. Entrei no closet e peguei uma blusa de mangas compridas com bojo para vestir, já que o anjo tinha rasgado a outra. Passei ela por cima da cabeça. Coloquei o resto das minhas roupas e outro par de calçados. Escovei meu cabelo e fiz uma trança, para não ficar cheio de nós por causa do vento da moto.

Voltei para o dormitório, Lian estava deitado de lado. Com os olhos fechados. Eu sabia que ele não estava dormindo, seu coração estava batendo em um ritmo normal e não lentamente. Ajuntei minha jaqueta jeans do chão e balancei ela para desamaçar. Passei os braços pelos buracos das mangas.

E os cruzei sobre o peito. Com uma sobrancelha levantada, fiquei admirando a pele bronzeada e exposta de Willian, as tatuagens em seu braço direito e em todo o peito, descendo pelo abdômen até a cintura.

Uma bela visão, com certeza. Suspirei.

Porém, não achei que veria o momento de Lian fazer doce para não sair da minha casa. Fui até a beirada do colchão e dei um tapinha na bunda dele.

- Fingido. - Acusei. - Sabia que você não estava dormindo. - Ele me agarrou e me puxou de volta para cama, em cima dele.

- Você é como uma droga para mim, anjo. Quanto mais eu provo, mais eu quero. - O anjo negro acariciou o contorno do meu rosto.

- Drogas fazem mal para a saúde. - Eu disse. Tentando não me deixar abalar por sua conversa. - Elas te matam.

- Eu não posso morrer. - Seus olhos negros tinham um brilho triunfante, quando ele me beijou.

Mas, eu escapei assim que senti suas mãos escorregarem por baixo do tecido da minha blusa, pela minha barriga e subirem.

- Eu vou com ou sem você, Lian. - Fiquei de pé ao lado da cama, acalmando minha respiração. - Não me culpe se eu não devolver sua moto, como indenização também.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora