Capítulo 20

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Nuvens de chuva grossas estavam se aproximando da cidade. Raios e trovões cortavam o céu esporadicamente. Seria demais esperar conseguir voltar para meu apartamento antes do temporal começar. Willian morava a uma distância significativa de mim.

O anjo ficou calado na maior parte do trajeto até condomínio. Achei muito estranho, já que o que ele mais fazia era me irritar e fazer piadinhas de duplo sentido.

Dei uma checada pelo rabo do olho e ele parecia péssimo. Tinha aberto a janela e estava encostado no assento com os olhos fechados.

- Você tá horrível. - Comentei e ele abriu as pálpebras. - Quer comprar algo na farmácia? Podemos parar.

- Está preocupada comigo? - Questionou, dando um sorriso torto. - Achei que quisesse me ver queimar no inferno.

- Esquece. - Grunhi, me arrependendo de ter perguntado.

Paramos na frente do portão eletrônico do lado de fora da casa dele.

- Vai precisar das chaves dessa vez. - O anjo disse soltando o cinto. - Melhoramos a segurança desde a sua última visita.

- Que bom. - Falei baixinho, as mãos firmes no volante. - Deram uma bola dentro, pelo menos.

Willian inclinou a cabeça por um momento, de um jeito estranho. A sacudiu, afastando qualquer que fosse o pensamento, e pegou o controle do portão no bolso da frente do seu jeans.

Estacionei dentro da garagem, assim que a passagem ficou livre. O anjo se segurou nas laterais do carro para saltar. Ofereci meu apoio já que ele não conseguia nem dar um passo firme, sem dar de cara no chão.

Andamos pela calçada e olhei por cima do ombro de Willian. Esperava não ter ninguém na rua a uma hora dessa, para nós ver enganchados. Paramos na frente da grande porta de madeira branca na entrada da casa dele.

Willian se atrapalhou e deixou a chave cair. Gotas grandes e geladas  já caiam no gramado e na rua.

- Eu pego. - Falei, revirando os olhos e o anjo se apoiou na parede. - Vamos entrar logo, antes de ficarmos enxarcados.

Voltei a me aproximar dele e o mais inesperado aconteceu. Willian vomitou na gente.

- Não acredito! - Reclamei, fazendo uma careta de nojo.

- Desculpa mesmo. - Falou tão baixo que não passou de um sussurro.

Empurrei a porta com o ombro e me apressei em colocar a gente para dentro. Tentei sentir a presença de mais alguém na casa. Estava vazia mesmo. Willian tinha falado a verdade, para variar.

Olhei para a escada comprida até o segundo andar. Pela primeira vez, desejei que os quartos fossem no térreo.

Suspirei e decidi que ia carregar ele. Com a força de Nefilim, seria prático e fácil.

- Não precisa.- Ele protestou. - Eu me viro.

- Temos que tomar banho e tirar essas roupas meladas. Do jeito que está a instabilidade lá fora, não vai demorar muito para faltar energia. Quer apostar quem demora mais para chegar lá em cima? - Reclamo.

- Temos? - Ele repetiu ignorando todo o resto que eu tinha dito.

- Quer que eu vá embora? - O encarei. - Posso deixar você, sem nenhuma objeção.

- Não. Fica. - Esfregou os olhos de com uma das mãos. - Logo a chuva vai engrossar.

- Foi o que imaginei. - Murmurei.

Ficamos calados. E esperei com a sobrancelha erguida.

- Ok. - Acabou concordando. -  Não gosto de banho frio. - Murmurou.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora