Capítulo 31

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Samuel trouxe uma vassoura e um saco de lixo para mim ajuntar a bagunça do chão. Era para queimarmos os restos. E ficaríamos livres das lágrimas de Demônio de uma vez.

Carreguei o saco cheio, pelo cômodo e o coloquei perto da porta. Voltei a me sentar na cadeira próximo a Miguel. Eu ia esperar mais uns minutos só para garantir o efeito da purificação. Depois, deveria limpar ele.

Contei uma hora desde a última sessão com a Menta dos Deuses e Miguel abriu os olhos. Me observando primeiro com olhos cansados, depois estudando demoradamente os grilhões.

- Acho que pode me soltar agora. Não vou mais matar ninguém. - Seu boca se ergueu em um pequeno sorriso.

O bom e velho Miguel estava de volta. Eu o abracei em um movimento de alívio. Ele pigarreou e me afastei, rindo.

- Espera aqui. Vou chamar os outros. - Falo antes de sair apressado.

- Como se eu pudesse ir a outro lugar. - Ouvi Miguel resmungar.

Logo nos reunimos diante dele. Miguel estava confuso e relatou que suas lembranças estavam nebulosas, quando falávamos sobre os acontecimentos dos últimos dias.

- É como olhar por um vidro embaçado. Estive lá mas, parece que não estive. - Comenta um pouco distante.

- Deve ser um efeito colateral das lágrimas de demônio. - Samuel deduz.

- Na minha opinião, devemos ir com calma em relação a libertar o Migles. - Gabriel estreitou os olhos em direção a Miguel. - Certo, ele parece bem melhor agora. Mas, quem realmente sabe? E se ele estiver mentindo?

Nos calamos. Baixei o olhar para o piso de pedra do salão. Era evidente que restavam desconfianças.

- Sinto muito por ter ameaçado Laylah e Manuella, Gabriel. - Miguel parecia estar sendo sincero. - Também por atacar a Leila. - Porém, sabemos que palavras não vão apagar o que elas passaram.

Gabriel lançou um olhar rápido para ele.

- Se necessita me ouvir dizer... Posso falar que eu não quis fazer aquelas coisas, de verdade. - Miguel olhou para mim também. - Foram as lágrimas. Depois que bebi, comecei a me sentir diferente. No começo, eu nem me importei muito. Só ficava chateado mais fácil. Elas foram se alimentando das minhas emoções negativas até tomarem conta de mim.

- Você deveria ter voltado para casa e contato para a gente que a Manu te viu lutar contra um demônio. - Gabriel lançou.

Miguel não respondeu.

- Acho que todos concordam que Miguel se recuperou. - Samuel opina. - Porém, deve ficar em observação por mais um dia. Para não restarem mais dúvidas. - Estava nos impondo sua autoridade de Ancião. - Willian deve trazer Laylah para cá no final do período, para vermos a aura de Miguel e termos certeza de que está desintoxicado antes de retomarem as caçadas.

- Claro, por que não? - Gabriel deu de ombros.

- Creio que seja justo. - Miguel fala cedendo a ordem.

Ele ia ter que ficar trancado em casa agora.

- Perfeito. - Fingi que não estava irritado por ele ter nos imposto sua conta. - Tô doido para voltar para casa. Esse lugar é depressivo. - Não deixo passar a oportunidade de criticar o templo e pego as chaves que abre as algemas de Miguel.

- Tô contigo mano. Não sei como alguém pode meditar aqui. É escuro e feio demais. - Gabriel disse honestamente.

Samuel coloca as mãos nos quadris e franze as sobrancelhas. Miguel esfrega os pulsos ao ter sua pele livre.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora