Capítulo 16

4 1 12
                                    

A demora de Keinden para se pronunciar, me fez querer fazer várias coisas, inclusive pular a mesa e estrangula-lo.

Nunca tinha visto ele, nem o conhecia. No entanto, era incapaz de sentir qualquer tipo de simpatia em relação a ele. Geralmente sou muito tolerante, principalmente com os humanos.

- Moro em Edmonton.Vim notificar o desaparecimento de uma amiga. A gente estuda no mesmo curso de moda, na Universidade de Alberta e ontem a noite, era um dia importante de provas, e ela não apareceu em sala, mas depois do horário quando eu ia para casa vi que o carro dela tava parado no estacionamento do campus. - Keinden abaixou significativamente a voz.

A UAlberta é a universidade que a Leila estuda. E ela ia a cidade vizinha todas as sextas-feiras, para ter aula presencial.

- Sabe de algum motivo para quê ela não tenha conseguido chegar? - Fui direto ao ponto.

- Eu e Leila tinhamos um trabalho em dupla para fazer e entregar no começo da semana passada ... - Keinden começou a dizer.

- Espera aí. - Interrompi o relato. Dando a volta na mesa e ficando frente a frente com o senhor Milay. - Leila Hardt? - Perguntei só para confirmar mesmo, porque no fundo já sabia, já que todos os indícios confirmavam por si, que Leila não estava bem.

O que era angustiante, só de imaginar.

Ele fez que sim.

Um rugido subiu por minha garganta e escapou por entre os dentes, que eu fechava com tanta força, a ponto de rangerem.

Keinden se encolheu na cadeira.

- Continua falando. - Me inclinei. - E é melhor não esquecer de nenhum detalhe.

Keinden engoliu em seco.

- Eu não estava com vontade de ficar me encontrando com ela, para desenhar um croqui e montar um vestido fora do horário da faculdade. - Ele unia e afastava as mãos sobre o colo - Então, eu ofereci dinheiro para ela fazer o trabalho sozinha e falar que agente tinha trabalho junto no projeto.

- Deixa eu adivinhar. - Espiei a mente dele. - Leila aceitou a grana, mas não colocou seu nome no projeto. Conhecendo ela, não me admira que ela tenha tenha te passado pra trás. - Sorri. - Que irônico.

- Ela me humilhou. - Keinden inflou o peito, os olhos dele transmitiam raiva ao ficarem nos meus. - A gente tinha começado o corpete em uma das aulas mesmo, e ela devia fazer a saia e os detalhes do vestido. Só que no dia da avaliação, eu cheguei um pouco atrasado e ela já tinha apresentado o trabalho sem mim. A Leila fez outro vestido. E ainda contou para o instrutor. Ele e os outros alunos do nosso curso, ficaram sabendo do nosso acordo. Fui reprovado e vou ter que repetir esse trimestre, por causa dela.

Era difícil ficar perto de Keinden sem desejar esticar o braço e dar um soco no estômago do desgraçado. Ele voaria até o outro lado da sala, seu corpo esticado como uma panqueca contra a parede do DP.

- O que você fez com a Leila, seu filho da puta? - Praticamente gritei.

- Eu não achei que ela fosse sumir. - Keinden jogou os braços para o ar. - Paguei cem dólares para meu primo, dar um susto nela. Era para ser uma coisa mais leve, tipo uma surra.

Mandar dar uma surra na Leila, era tão, tão errado. E agora pelo visto ela tinha sido sequestrada também.

"Laylah. Seus olhos estão começando a brilhar. A voz de Billy ecoou em meus pensamentos. Tenta ficar calma, se machucar esse rapaz, não vai poder ajudar sua amiga."

Argh. Billy tem razão.
Fechei os olhos e apertei as pálpebras com os dedos de uma das mãos.

- Qual o nome do seu primo? Onde ele mora? - Me afastei dele, sentando na beirada da mesa. Precisa me concentrar nas perguntas lógicas.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora