Semanas depois
Jogador: Acordei com mal pressentimento, sei lá.-Falou se jogando no sofá. Sim, eu ainda tô na casa dele. Tô tão bem aqui, estamos numa paz surreal.
Rodrigo já estava me mimando a beça por conta da gravidez. Agora que tô "morando" aqui e cuidando do Ruan, só falta lamber meus pés.
Dandara: Como assim?
Jogador: Sei lá, preta. Tô sentindo que vai acontecer alguma coisa-Ele coçou a cabeça.
Dandara: Tu tá assim porque tá papo de operação. Sempre fica assim.
Jogador: Por via das dúvidas, melhor você ficar com o Ruan na casa da minha mãe. Eu vou meter o pé daqui a pouco, se quiser ir comigo.
Dandara: Prefiro ficar na sua mãe mesmo-Ele concordou.
Como Ruan estava dormindo, demos uma rapidinha no banheiro só pra relaxar mesmo. Antes das 22h Rodrigo foi embora. Orei tanto por ele, sabe? Sei que quem está na chuva, é pra se molhar. Mas meu papel de mulher eu fiz, pedi proteção. Se eu perco esse homem, eu fico doida.
Logo agora que estamos tão bem, em paz. Vamos ter nosso filho, temos o Ruanzinho pra cuida também. Eu já sofro antecipadamente só de imaginar! Tá repreendido. Rodrigo me avisou que chegou na Serrinha e meu coração ficou mais tranquilo.
Duda veio aqui logo depois e levou Ruan para dormir com ela. Eu vou ficar por aqui mesmo. Quando deu 5h, começou aquele tiroteio. Acordei no susto por conta dos fogos, mas logo voltei a dormir.
Acordei horas depois com um tapão nas costas. Levei aquele susto e quando despertei, um susto ainda maior.
Dandara: Sem esculachar!-Me sentei e puxei o lençol.
Policial1: Bom dia!-Falou com deboche-A gente vai dar uma revista por aqui-Só assenti.
Eles reviraram a casa todinha. A todo momento diziam coisas do tipo "cadê teu maridinho?" "tô doido pra achar aquele cuzão, picotar ele" "fala logo onde tem droga, filha da puta!". Eles estavam quebrando as minhas coisas. Quebraram a porta do guarda roupa, jogaram tudo no chão. Os porta retratos com fotos da Dafne, da tia Valéria, tudo pelo chão também. Quebraram perfumes, minhas maquiagens. Rasgaram o colchão do bercinho do Ruan!
Policial1: Dá o papo, cadê teu marido?-Fiquei em silêncio-Tô falando com você!-Ele se aproximou e segurou meu rosto firme. Me deu uma vontade absurda de chorar, mas me contive e o encarei.
Policial1: Ela não vai falar não, Siqueira. Siqueira: Ah, não vai falar não?-Disse com deboche e me deu um tapão na cara. Não acredito que eu estava passando por isso.
Policial2: Melhor falar logo, neguinha.
Siqueira: Fala!-Gritou. Ele estava cara a cara comigo e minha vontade era socar fuça desse arrombado.
Dandara: Eu não sei!-Gritei, mas não consegui mais segurar o choro.
Siqueira: Tá gritando por quê?-Ele segurou meu pescoço e bateu minha cabeça na parede-Tu grita assim com teu vagabundo também?-Ele armou a mão pra me dar um soco, logo protegi meu rosto.
Dandara: Para, moço! Eu tô grávida.
Siqueira: E tu acha que eu tenho pena?-Ele riu com deboche e me soltou-Bora, tu tem quanto aí?
Dandara: Dinheiro?
Siqueira: Dinheiro?-Me imitou-Claro, né idiota! 5 conta eu te deixo em paz.
Dandara: De onde eu vou tirar cinco mil?-Perguntei cruzando os braços.
Siqueira: Dá teu jeito!-Passei a mão no rosto.
Eles cataram todo ouro que tinha aqui em casa, inclusive um cordão que meu padrinho me deu quando fiz 15 anos. Quando achei que teria paz, eles me colocaram dentro do caveirão e me levaram. Ligaram pro Rodrigo do meu celular, ficaram falando que iam me matar se ele não se entregasse. Ficaram pedindo dinheiro pra me liberar. Eu chorava horrores! A todo momento eles me batiam. Mas não era só tapa, não. Era soco, cotovelada. Até soco na barriga eu ganhei! Eles batiam minha cabeça toda hora. Eu estava sentindo muito dores e quando olhei, estava sangrando.
Dandara: Moço, eu tô perdendo sangue...-Disse sentindo minha roupa e minha mão melada.
Siqueira: Acontece, né. Acontece!-Debochou-Todo dia um da gente sangra também.
Dandara: Eu tô grávida-Voltei a chorar.
Depois de muito implorar e rodarem comigo, eles me levaram pra casa novamente. Quando chegamos lá, tinha um envelope em cima da cama com muito dinheiro dentro.
Siqueira: Se tu não quer passar por isso de novo, não se envolve com vagabundo mais!-Disse pertinho de mim, eu só assenti.
Eles saíram e eu chorei sem parar. Dei graças a Deus por Ruan não estar comigo. Se eu tivesse ouvido o Rodrigo e ido pra mãe dele, ou até pra Serrinha com ele, não estaria acontecendo isso. Sentei na cama e as dores não paravam um minuto sequer. Eu sangrava e chorava, sem saber o que fazer. Peguei meu celular e liguei pra Duda.
📳
Duda: Alô?
Dandara:Duda...
Duda: Dandara, graças a Deus! Tu tá bem? Já tá em casa?
Dandara: Eu tô sangrando muito
Duda: Te machucaram? Eu tô indo aí agora!
Dandara: Eu tô perdendo meu filho...-Eu não parava de chorar.
Duda: Tô chegando!
📴
Desliguei e fiquei deitada. A dor era terrível, não desejo isso pra ninguém. Enquanto Duda não chegava, fechei os olhos e pedi pra Deus não deixar aquilo acontecer.
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DANDARA
FanfictionAssim como a esposa de Zumbi dos Palmares, me chamo Dandara! Mulher preta, guerreira! Em 1997 minha mãe trabalhou para uma família onde o marido de sua patroa se ofereceu para pagar os estudos dos meus irmãos e um aumento de salário, mas em troca v...