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Alguns meses depois.

Dandara: Rodrigo?-Falei ao entrar no quarto-Quem é Vanessa?-Perguntei e tirei seu celular do meu bolso. Ele abriu maior olhão quando viu que eu desbloqueei o mesmo e coçou a cabeça-"Onde posso te encontrar? Dá pra ser hoje ainda?"-Li em voz alta pra ele saber exatamente o que eu vi-"Tem que ser rapidão, senão minha mulher descobre e já era" "Estou chegando" "Melhor do que eu imaginava".

Jogador: Ah, cara...-O interrompi jogando o celular com força pra cima dele.

Dandara: Por que tu tá me fazendo passar por isso de novo?

Jogador: Passar o quê? Dandara...-O interrompi mais uma vez.

Dandara: Eu nem quero te ouvir!-Gritei.

Jogador: Vai acordar às crianças.

Dandara: Que acordem!-Falei ainda mais alto e entrei para o banheiro do quarto.

Rodrigo e eu voltamos oficialmente há uns meses atrás. Vira e mexe eu surto com ele, ou ele comigo. Depois a gente tá rindo e se gastando. Ele não estava me dando motivo algum pra desconfiar, até hoje. Meu celular descarregou e como eu queria pesquisar algo rapidinho no Google, usei o dele.

Mas sabe aquela curiosidade de toda mulher? Então! Fui no Whatsapp e não tinha nada, a não ser a conversa com essa tal de Vanessa. Não tive nem forças pra ler do começo. Mas pelo que eu entendi, eles se encontraram hoje a tarde na hora que fui buscar as crianças no judô. Quando eu cheguei, ele já estava em casa. Tinha uma mensagem dela perguntando se ele havia gostado. Ele disse "Melhor do que eu imaginava" Tinha fotos também, mas estavam apagadas. Eu sempre deixei claro pra ele que se ele me traísse novamente, não ia ter volta.

Eu tô magoada, triste em com ódio e doida pra matar ele.

Jogador: Preta?-Bateu na porta do banheiro-Sai daí pra eu te explicar, cara. Não fica assim comigo. Eu não fiz nada!

Dandara: Sai da minha casa.

Jogador: Dandara...

Dandara: SAI DA MINHA CASA!-Gritei.

Jogador: Por favor, amor.

Dandara: Você vai sair por bem ou quer que eu chame a polícia?-Falei e logo eu ouvi a porta do quarto se abrindo e fechando.

É muito ruim amar alguém que não presta. Eu chorei, chorei pra caralho mesmo. Chorei até ficar sem ar e com o peito doendo. Não muda nunca, cara. Não tem jeito mesmo!

Jogador

Demorou, mas me desvinculei total do tráfico. Não tenho contato nem com os que eu era mais chegados, tá ligado? Avisei que ia sair e saí mesmo! Ficaram falando pra caralho, mas vão fazer o quê? Porra nenhuma! Tô suavão com a minha família. Consegui trazer minha mãe pra morar aqui, mas ela tá onde é mais agitado. Tô curtindo meus filhos, minha mulher. Tô em paz!

Se eu soubesse que isso aqui ia ser bom assim, nem teria ido pra lá quando saí da cadeia. Papo reto. Tava maior paz com a minha mina, do nada ela surtou. Mandou eu ir embora e tudo! E te falar? Sem motivo nenhum. Pegou uma conversa minha com uma mina que faz cesta, essas surpresinhas aí que é mó clichê. Perdi minha postura de bandido mal pra fazer algo bonitinho pra ela, a mina vai e me esculacha? Não deixou nem eu explicar!

Não sei se ela lembra, mas amanhã faz mais um mês que voltamos. Eu só queria agradar essa filha da puta. Saí do quarto, me joguei no sofá. Liguei a tv, mas nem tava vendo nada. Botei o fone no ouvido e escolhi um pagode. Daqui a pouco ela para de surto e nós fica de boa de novo.

Acabei pegando no sono e acordei com Ruan me sacudindo.

Ruan: Pai!-Tirei o fone e sentei-Minha mãe tá quebrando suas coisas e rasgando suas roupas. Tomei mó sustão com o barulho!-Larguei o celular e já subi doido. Minhas roupas estavam rasgadas no chão, ela com uma tesoura picotando tudo. Cheio de vidro quebrado, meus perfumes caídos. Uma coisa horrível-Vai pro teu quarto, dorme que amanhã você tem aula-Ele só assentiu e foi pro quarto dele-Larga essa tesoura e bora conversar direito!-Falei firme e fechei a porta.

Dandara: Tu tá fazendo o quê aqui ainda?

Jogador: Eu vou ralar, pô. Mas primeiro tu vai me ouvir e parar com essa palhaçada!

Dandara: Eu não tinha que tá rasgando tuas roupas não. Tinha que tá rasgando é tua cara mesmo!-Gritou e veio pra cima de mim com a tesoura. Por sorte consegui segurar firme a mão dela-Solta!-Fui apertando seu pulso pra machucar, pra ver se ela soltava a tesoura-Eu vou matar você, desgraçado!

Jogador: Eu não quero te machucar, Dandara. Solta isso!-Dandara soltou a tesoura e começou a chorar-Para de chorar, cara. Tá fazendo mó tempestade atoa. Eu não fiz nada!

Dandara: Atoa? Sempre fiz o que podia e não podia pra ficar contigo. Tomei chifre pra caralho, perdoei por amor. Enquanto eu tava em casa cuidando do Ruan, você tava na rua me piranhando pelas costas! E mesmo assim eu perdoava, achava que tu ia mudar um dia. Arrumou mulher, quase me bateu por causa dela um dia depois da festa de um ano do nosso filho. Apanhei de polícia por ser tua mulher. Tu tem noção disso? Banquei cadeia pra tu GRÁVIDA!-Deu ênfase na última palavra-Passava mó humilhação pra não te deixar na mão. Só não te visitei por quase nove anos porque você me descartou! E mesmo depois de separados, ainda te visitei por quase três anos. Eu fiquei anos, Rodrigo. ANOS pra me recuperar de todo mal que você já me fez direta e indiretamente. Foram anos pra minha saúde mental se normalizar e eu volta a ser a mulher bem resolvida que eu sempre fui. Aí você vem morar aqui, fica implorando por uma chance. Quando eu dou, você faz a mesma coisa? A mesma coisa que me deixou destruída a anos atrás? E ainda vem falar que é atoa?-Abaixei a cabeça-Amanhã, por favor, cata suas coisas e sai da minha casa-Disse, por fim, e entrou novamente para o banheiro.

Não tive nem chance de me explicar. A forma que ela cuspiu as palavras na minha cara foi foda, papo reto. Só assim eu pude perceber os estragos que causei nela. Mesmo que eu não tenha feito nada dessa vez, tenho total noção de que a culpa disso tudo é minha mermo. Eu que enganei, magoei, deixei ela insegura.

Eu reclamo dos surtos, mas entendo ela. Voltei pro sofá e me deitei. Olhei no celular, meu relógio marcava 2h45 da madrugada. Rolei pra um lado, pro outro e custei muito pra pegar no sono.

Acordei com as crianças conversando. Eles foram para a mesa tomar café e eu fui junto. Dandara não olhava na minha cara, nem eu na dela.

Ruan: Tá tudo bem, mãe?-Ela assentiu.

Peguei um pão, botei mortadela e enchi a xícara com café.

Amara: A senhora tá naqueles dias? Tá chata, nem brigou comigo por ter colocado meu tênis branco novo pra ir pra escola.

Dandara: Só tô com dor de cabeça. Come logo, vocês vão se atrasar-Ela só assentiu.

Tomamos café naquele clima e logo as crianças foram pra escola.

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