ATENA
Deitada no peito de Axel, mexo nos pelinhos que tem ali, distraída.
- Não gosto quando você fica perdida em pensamentos e não os divide comigo. - ouço Axel murmurar, fazendo carinho em minha cabeça.
- Desculpe, ainda estou me recuperando do ótimo chá que você me deu. - brinco, fazendo-o rir.
- Sua boba. - ele resmunga.
Voltamos a ficar calados e eu respiro fundo, afundando meu rosto no seu peito.
- Quando eu era pequena...- começo, baixinho. Axel me aperta, dizendo silenciosamente que ele está me escutando. - Quando eu era pequena, tudo o que eu queria era os meus pais comigo. Ainda criança, ficava horas com Adam em frente a janela do orfanato, querendo... Nao! Desejando que nossos pais aparecessem para nos buscar dando uma desculpa esfarrapada qualquer do porquê nos deixou ali.
Ele me abraça mais forte, mas não ousa me interromper.
- Com o tempo, passou essa ilusão de que meus pais magicamente apareceriam. Vi crianças entrando e saindo daquele orfanato enquanto nunca, em nenhuma vez, um casal olhou para gente e quis nos adotar. - quando dou por mim, minha voz se torna embargada com a mágoa. - Então, quando fomos crescemos, as coisas mudaram. Para piores.
Respiro fundo.
Não acredito que estou falando sobre isso, mas eu preciso. Preciso dividir isso com a pessoa que eu amo ou não irei falar com mais ninguém.
- Irina Sanchez era o nome da diretora que ficou no lugar da Aurora, a mulher que ainda era diretora quando chegamos lá e cuidou da gente como se fossemos seus.
- Por que ela foi mandada embora? - ouço a voz de Axel perguntar, baixa.
- Eu não sei. Ela nunca disse o que realmente aconteceu para ela sair do orfanato. - confidencio, baixo. Sendo sincera. - Quando Irina se tornou diretora do orfanato, minha vida virou um verdadeiro inferno. Mas teve um dia. O pior dia da minha vida.
- Eu não fiz nada, me soltem! - grito chorando, enquanto sou arrastada para o porão do orfanato.
- Você pisou no meu pé e eu acabei de fazer as minhas unhas, sua imbecil! - ela grunhe, irritada.
Sinto meu rosto arder e minha cabeça virar para o lado com o tapa forte que ela depositou no meu rosto.
- Irina, por favor. - imploro, não querendo ficar ali.
- Eu nunca gostei de você e do seu irmão, garota. - ela diz derrepente enojada e gospe em meu rosto. - Eu odeio vocês. Odeio ter que olhar na cara de vocês todos os dias. Para mim, vocês estariam mortos, mas como nao estão, tenho que achar um jeito de punir vocês.
- Nós não fizemos nada para você, por favor, não faça isso! - ela revira seus olhos, sem um pingo de pena enquanto me olha ser puxada com força por um de seus homens.
- Se não fosse por vocês, eu estaria agora viajando pelo mundo, fazendo compras e me divertindo com o meu homem. Não cuidando de um monte de fedelhos nojentos apenas porque ele me quer aqui, de olho em vocês!
- Irina, por favor...
- Eu gosto quando me imploram. - ela solta uma risada, como se realmente gostasse da posição em que me colocou. - Faça o que quiser com ela. Ela é sua. - ela pisca para o homem e então, se vira de costas e sobe as escadas, sumindo.
- Agora você é minha, garotinha. - diz ele, com um risinho.
Sinto suas mãos passando sobre o meu corpo e começo a me debater, não querendo que ele me tocasse.
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O Homem De Las Vegas
Romance"Para aqueles que estão na cidade do Pecado, se divirtam sem medo. Prometo-lhes guardar seus segredos..."