Capítulo 80

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DAVINA

Chegamos ao hospital do centro e nos encaminhamos direto para a recepção, ansiosos por alguma informação de minha filha. Sinto-me tão exausta e ao mesmo tempo tão energizada, que só de estar aqui com esse monte de pessoas em volta, minha cabeça dói como uma cadela.

— Boa noite, o que dese...— interrompo a recepcionista, não tão educadamente quanto meu título pede.

— Quero informações sobre Atena Belinni. — sou direta e sem enrolação.

A moça franze o cenho para mim e fecha os olhos, suspirando baixinho como se buscasse por calma. Automaticamente me arrependo de ter sido tão ríspida.

— Tudo bem, senhora. Vocês teriam algum parentesco com a paciente, por favor? Se não, terão que aguardar na sala de espera.
Só podemos dar informações para familiares do paciente. — diz calmamente.

— Somos pais dela. — meu marido, que se manteve praticamente calado desde nossa última conversa, se pronuncia de maneira tranquila. Ele me conhece bem para saber que não sou tão paciente quando estou nervosa.

— Okay...— ela digita algo no computador e confirma com um aceno de cabeça para algo, antes de nós olhar novamente. — A paciente tem várias escoriações pelo corpo além de uma perna quebrada e duas costelas trincadas. Terá que passar por volta de 4 semanas internada.

Arfo sentindo meu peito estremecer de dor ao saber que minha menina está tão machucada, e que terá que ficar tanto tempo nesse lugar.

— E onde ela está agora? — pergunto baixinho, respirando fundo. Não adianta nada surtar por algo que não posso mudar.

A moça novamente olha algo no computador antes de nós passar a informação.

— Quarto 512, quinto andar. — ela para um pouco, lendo algo no sistema. — Ela está sedada, parece que agora pouco teve um surto pós estresse e as enfermeiras tiveram que seda-la

— Oh meu Deus! — engasgo com choque, colocando minhas mãos na boca. — Vamos Owen! - digo, sem esperar uma resposta.

Corro em uma direção aleatória, a procura de algum maldito elevador que me leve ao quarto de minha filha. Quando acho, às portas estão fechadas e, em um acesso de raiva, soco com força o botão de descida.

— Quebrar o botão não vai fazer com que o elevador chegue mais rápido, meu amor. — sussurra Owen, pegando meus dedos para ver se me machuquei.

— Eu sei, eu só...— respiro fundo e fecho os olhos tentando me acalmar. Porém, causa o efeito contrário quando, assim que eu os abro novamente, encaro a face serena de meu marido. Puxo meus dedos de suas mãos macias e aponto meu dedo indicador em sua face. — Por que você está tão calmo, caralho?! Nossa filha está machucada no hospital, com uma perna quebrada e duas, DUAS costelas trincadas e você fica aí, sereno! — assim que paro de rosnar furiosa, o elevador se abre vazio e eu entro, pisando duro.

Meu marido segue calado atrás de mim e aperta o botão do quinto andar, respirando fundo.

— Por que eu não deveria estar calmo? Minha filha está machucada, mas está viva. Ela está viva depois de tudo o que ela passou e é tudo o que importa para mim, Davina. A perna quebrada, as costelas trincadas, porra, isso me deixa sim, insano. Mas eu sei que agora em diante eu vou estar lá para cuidar de cada machucado dos meus filhos, algo que eu chorei e esperei muitos e muitos anos para ter a oportunidade de fazer. — ele para de falar por alguns instantes, desviando o olhar para algo no chão, pensativo. Quando me olha novamente, segundos depois, está com um sorriso de canto e com os olhos brilhantes, porém sombrios. — E ainda de brinde vou poder meter um tiro no meio da testa da sua irmã. Isso sim me trás tranquilidade, mulher!

O Homem De Las VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora