GENEVIEVE
Chocada.
Petrificada.
Horrorizada.Essas três palavras são às que me definem nesse momento.
Sempre achei que mamãe fosse o tipo de pessoa má, mas não realmente má ao ponto de ferir. Só aquele tipo de anti-herói que faz traquinagens para os mocinhos se darem mal, mas que não iria lhes afetar de fato.
Eu me enganei.
Não posso acreditar que minha mãe foi a causadora de tanto sofrimento. Eu simplesmente não posso!
— Olha, tio Owen... — começo após um tempo em silêncio pelo choque, me desencostando da vidraça atrás de mim, ainda entorpecida pela revelação. — Minha mãe é louca, mas não a esse ponto — ele me corta, esfregando as mãos no rosto.
— Você, lá no fundo, sabe que ela faria tudo isso e mais um pouco, borboletinha. — ele se aproxima, me puxando para encostar minha testa em seu peito, enquanto sinto meu corpo tremular pela revelação.
— Eu só...— paro de falar, a bola enorme que sinto na garganta me impedindo.
— Eu sei, eu sei, meu bem...— ele murmura, acariciando de leve minhas costas.
— Ela não pode ter feito isso sabendo que seria morta. — solto, engasgando logo em seguida só de imaginar. — Isso seria loucura, tio! Ela sabe o que perderia. Ela sabe que seria o fim pra ela. Por quê? Por quê?
Nessa altura do campeonato, meu coração se encontra completamente destruído. O que Ângela fez da vida dela? O que ela fez com nossas vidas?
Sequestrar os filhos recém nascidos da irmã como forma de vingança por um amor unilateral que só existia na mente doentia dela... Céus! Os anos que as crianças sofreram sem os pais... O sofrimento que meus tios passaram procurando seus filhos...
Mamãe, o que você fez, porra?
— Eu não tenho resposta para todas as suas perguntas, Genevieve. Infelizmente, não tenho acesso a mente doentia da sua mãe para saber o motivo dela ter feito o que fez. — me afasto fungando, olhando atravessado para ele. Ele suspira. — Me desculpe pela brutalidade de minhas palavras, mas você, mas do que ninguém, sabe o como é estar na minha pele. Na pele de Davina...
Me afasto rapidamente do meu tio o mais longe que consigo, me virando de costas e olhando novamente para uma Ângela sem expressão facial.
— Me desculpe, eu não queria... — ele tenta, mas suas palavras já perfuraram rápido demais meu coração para serem retiradas.
— Ela já tem uma sentença? — pergunto, decidindo ignorar suas desculpas.
Meu tio fica em silêncio atrás de mim e isso me atinge mais do que se ele tivesse dito em voz alta.
Solto um alto soluço e tampo meu rosto com as mãos, sentindo meu corpo dar solavancos.
— Eu sinto muito por você e por Lilly, mas não existe outra opção. O que ela fez... — retiro as mãos do rosto e abro os olhos, mirando o vidro a minha frente e vendo-o negar com a cabeça, a expressão cheia de fúria. — Não existe perdão.
— Mas ela e tia Davina são irmãs... — tento argumentar, mesmo sabendo que não adiantará absolutamente de nada. Se a sentença já foi dadá, agora é só esperar a execução dela.
— Sua mãe não pensou nisso antes de roubar duas crianças por mais de 20 anos, Genevieve. — ele é direito, a voz cortante e grosseira.
Fico calada após a sua declaração, pois sei que nada que eu disser, vai influenciar na decisão que já está tomada.
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O Homem De Las Vegas
Roman d'amour"Para aqueles que estão na cidade do Pecado, se divirtam sem medo. Prometo-lhes guardar seus segredos..."