Capítulo 19

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POV EMMA

Eu não sei em que momento a minha história se tornou um gatilho na vida da Ellie, até porque hoje eu sou muito bem resolvida com a separação dos meus pais, e Isabel também. Ellie só viu o avô uma vez na vida, quando ela tinha cinco anos e eu estava gravando em Atlanta onde ele mora, nos encontramos em um café, mas claro que ela ficou envergonhada e desconfiada com a presença do meu pai, provavelmente ela nem se lembra da aparência dele, era muito pequena, além de ter se distraído com seu bolo de chocolate e suco de laranja boa parte do encontro.

Desci as escadas e fui até a cozinha, tomei um copo com água e Jenna apareceu na minha frente, com ar de preocupada e aflita.

- Cadê a Ellie?

- No quarto – respondi o mais seca que consegui.

- Eu vou lá falar com ela – ela virou para sair da cozinha, mas eu impedi.

- Não vai não – impus minha voz e ela voltou a olhar para mim – ela já está quase dormindo, deixa ela processar as coisas na cabecinha dela.

- Emma, eu... – ela passou a mão no rosto e eu interrompi

- Jenna, eu não quero conversar agora, talvez amanhã – comprimi os meus lábios, deixei o copo na pia e antei em sua direção, cruzando os braços e parando de frente para ela, olhando em seus olhos – eu só desci porque eu queria ver com que cara de pau você iria entrar nessa casa, depois de ter deixado eu, a minha família, a sua família e o mais importante, a sua filha, plantados te esperando – olhei em seus olhos esperando que ela falasse algo, mas ela desviou o olhar e encarou os pés – Eu vou dormir com a Ellie.

Dei as costas para ela e subi as escadas para o quarto da minha filha.

Na manhã seguinte acordei no horário que normalmente acordo em dias que Ellie tem aula, deixei ela tomando seu café da manhã e fui até o meu quarto que dividia com a Jenna. Ela estava no banheiro tomando banho, e eu decidi que iria fazer uma trilha. Vesti uma Legging preta que ia até metade da batata da minha perna, um top preto, e uma blusa verde água, amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo e coloquei um boné preto, passei protetor solar, calcei as meias e o tênis, e quanto eu terminava de amarrar o cadarço do meu tênis, Jenna saiu do banheiro.

- Ah... você já está pronta – ela pareceu aflita – eu vou me arrumar rapidinho e já desço para encontrar vocês.

- Encontrar a gente? – Franzi a testa – Encontrar a gente pra que?

- Para levar a Ellie na escola – ela falou com um certo receio ao perceber meu tom de voz.

- Levar a Ellie na escola? – Eu ri sem humor algum, fui até a minha mesinha de cabeceira, peguei a caixinha branca dos meus fones – A Ellie precisava de você ontem, Jenna. Por favor, não se incomode, você não precisa brincar de mãe hoje – falei indo até a porta do quarto.

- Emma – ela falou meu nome baixo, mas eu não olhei para trás, fechei a porta e fui fazer o que eu tinha que fazer.

Deixei Ellie na escola, que ainda estava visivelmente triste, espero que o dia na escola e os amigos a distraiam. Segui para uma área mais afastada de Malibu, estacionei meu carro no parque nacional e me aqueci no estacionamento. Coloquei meus fones de ouvido e conectei com o celular que prendi na cintura da legging depois de ter escolhido minha playlist. Entrei em uma das trilhas que já me era familiar, ela estava menos movimentada hoje e eu agradeci mentalmente por isso, ia correndo desviando de uma raiz e outra, de um galho e outro, até chegar no topo, em umas pedras de onde se podia ver o mar. Sentei em uma das pedras e olhei para as ondas que quebravam bem longe dali, mas provavelmente eram responsáveis pelo vento fresco que batia em meu corpo.

Nossa filha Ellie JuneOnde histórias criam vida. Descubra agora