Capítulo 44

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POV EMMA

Eu sei que essa conversa era necessária, mas puta que pariu, a Jenna tem um timing bem errado. Precisava ser as duas da manhã? Mas para falar a verdade o meu sono havia ido embora e pela cara dela, o dela não havia nem dado o ar da graça, então talvez seja hora de colocarmos tudo em pratos limpos.

Segurei em suas mãos e as senti um pouco trêmulas, apertei seus dedos e encarei nossas mãos vazias, sem nenhuma das alianças que costumávamos usar.

- Eu prometo que vou ouvir de coração aberto – falei olhando em seus olhos – pode falar.

Jenna respirou fundo, fechando os olhos e abrindo-os logo em seguida, ela olhou para o teto e parecia brigar com as lágrimas que já começavam a se juntas em seus olhos. Peguei suas mãos e levei até meus lábios e as beijei, apoiando-as abaixo do meu queixo.

- No dia da festa do pré Oscar – ela falou calmamente – quando eu te vi beijando a... Clare – ela fez uma careta e eu tenho quase certeza que foi de forma involuntária – eu... – ela respirou fundo – eu me senti a pior pessoa do mundo, uma ameba, um verme. Eu sei que a culpa era minha, eu sei disso, não estou tentando me fazer de vítima.

- Eu sei que não está – falei.

- Mas... te ver beijando outra pessoa, te ver com outra pessoa, fez eu me sentir traída.

- Entendi – balancei a cabeça.

- Eu senti que nada que eu fizesse iria fazer você me ouvir, iria fazer... não sei Emma – ela piscou várias vezes fazendo as lágrimas rolarem por seu rosto – eu só queria sumir, desaparecer. Você tinha acabado de sair de casa e eu te via beijando outra pessoa, não tinha como eu não pensar essas coisas – Ela baixou a cabeça.

- Jenna – eu falei calmamente – eu nunca faria isso com você. Lembra aquele dia do jantar que você desmarcou?

- Sim que você foi com a Isabel e voltou de manhã.

- Isso, naquele dia eu falei uma coisa para você no meio da nossa discussão que eu me arrependo. Eu falei que eu não estava te traindo porque eu não tinha coragem. Isso é mentira, não é questão de coragem. Eu nunca faria isso porque eu te amo – ela olhou em meus olhos e eu enxuguei suas lágrimas com meu polegar – muito, Jenna. Eu encontrei a Clare naquele dia por acaso, era aniversário de um roteirista com quem trabalhei no mesmo filme que ela era produtora e eu acabei ficando lá para curtir a festa com eles. Eu voltei a reencontrá-la na festa pré Oscar e foi quando aconteceu tudo aquilo que você já sabe. Eu nunca fiquei com a Clare por algum sentimento. Jenna, eu estava me sentindo sozinha, deixada de lado, na verdade eu não achava nem que você estava me deixando de lado, o sentimento que eu tinha era que você estava me expulsando da sua vida.

- Não – Jenna balançou a cabeça negativamente – Emma eu nunca te quis fora da minha vida.

- Mas era isso que dava a entender – eu sorri sem achar graça no que eu falava – eu me sentia invisível para você – e foi a minha vez de me emocionar, olhei para o teto e as lágrimas correram pelo meu rosto – eu não me sentia amada, eu não me sentia desejada, na verdade eu estava me sentindo um peso na sua vida. E eu te falei isso tantas vezes, Jenna. A gente conversou tantas vezes sobre isso, e nada mudava.

- Desculpa – Ela soltou minhas mãos e levou até o rosto – me desculpa, por favor.

- A gente conversava um dia e passava duas semanas maravilhosas, e depois tudo voltava para o mesmo lugar, como se a conversa nunca tivesse existido.

Toquei em seus joelhos que estavam dobrados e ela colocou as mãos sobre as minhas.

- Eu me aproximei da Clare, porque eu queria que alguém me visse, porque quem eu queria que me enxergasse não me enxergava – Jenna olhou para mim comprimindo os lábios e balançando a cabeça negativamente enquanto as lágrimas corriam – por que demorou tanto tempo? Por que foi preciso eu sair de casa para você olhar para mim? Por que foi preciso a Ellie sofrer um acidente para você olhar para ela?

Nossa filha Ellie JuneOnde histórias criam vida. Descubra agora