Capítulo 35

1.7K 181 43
                                    

POV ELLIE

Na manhã seguinte, durante o café-da-manhã, eu comentei com a minha mãe Emma que queria voltar para Malibu, e ela ficou visivelmente preocupada com o meu pedido, tentou me convencer a ficar, idealizando atividade que podíamos fazer quando voltássemos da terapia, mas eu pedi para ficar em Malibu, que sentia falta de casa, e ela se deu por vencida e iria me levar de volta depois da sessão de terapia.

Não demorou para a terapeuta me chamar, minha mãe Emma ficou na sala de espera e eu entrei no consultório.

- Olá Ellie – Olga, uma senhora de cabelos grisalhos, mas super moderna falou sorridente – como foi o seu fim de semana? Na nossa última sessão você falou que essa semana seria a primeira semana na casa da sua mãe Emma.

- É – falei me arrumando na poltrona, deixando o andador ao meu lado – mas eu já estou voltando para Malibu.

Olga franziu o cenho e tirou os óculos modernos de armação preta e com brilhinhos na ponta.

- Você quer conversar sobre o que aconteceu?

- Eu fiz uma coisa que eu não estava preparada – encolhi meus ombros.

- O que você fez?

- Eu perguntei da minha mãe se ela estava conhecendo alguém – mordi o interior da minha bochecha – e ela disse que estava.

- Ok – ela assentiu.

- E eu pedi para conhecer a pessoa – Olga ergueu as sobrancelhas discretamente, surpresa – e eu me senti mal.

- O que aconteceu para você se sentir mal? – Ela apoiou os dedos no queixo, prestando atenção no que eu falava.

- Eu... – baixei minha cabeça e apertei meus dedos das mãos – eu senti que eu estava traindo a minha mãe Jenna – eu comecei a chorar porque me senti aliviada por falar isso – é meio bobo, desculpa – limpei meu rosto, Olga pegou uma caixinha de lenço e me entregou.

- Lembra do que a gente conversou na nossa primeira sessão? – ela levantou e foi até um frigobar no canto da sala, abriu a porta e tirou uma garrafinha de água, pegou um copo de vidro sobre a pequena geladeira e deixou na mesinha ao meu lado, abriu a garrafa e serviu a água – aqui não existe nada bobo, se está lhe incomodando, não é algo bobo.

Balancei a cabeça positivamente, peguei o copo com água e bebi.

- O que fez você sentir que estava traindo a sua mãe Jenna?

- A minha mãe Emma fez o meu prato favorito, ravioli de massa caseira, mas isso era algo que a gente fazia juntas, nós três, e aí ela fez para eu conhecer a pessoa com quem ela está saindo. E era uma coisa nossa, de nós três.

- Ellie, você tentou enxergar essa situação por outro lado?

- Como assim?

- Será se a sua mãe não decidiu fazer o seu prato favorito porque na verdade ela queria te deixar à vontade nessa situação? Ao invés de ter feito para agradar uma outra pessoa?

- Não sei – dei de ombros – mas teve uma coisa que me deixou feliz -mudei meu tom de voz.

- O que?

- Na casa da minha mãe Emma, a mesa de jantar é de seis lugares – Olga acompanhava a minha linha de raciocínio – ela é retangular, duas cadeiras, uma em cada ponta, e no meio duas cadeiras, uma de cada lado.

- Sim

- No sábado, quando a gente jantou, só nós duas, eu sentei em uma dessas cadeiras do meio, e a minha mãe ao meu lado, mas na cadeira da ponta. Então meio que ficou subentendido que esses eram os nossos lugares.

Nossa filha Ellie JuneOnde histórias criam vida. Descubra agora