Nossa filha Ellie June

Capítulo 92

POV EMMA

Parei o carro do Elijah em frente a casa da Clare, respirei fundo, eu tinha que manter a calma eu tinha que conseguir que ela me levasse até Jenna. Abri a porta do carro e saí, olhei de um lado para o outro e não vi nenhum paparazzi. A notícia do desaparecimento da Jenna já havia sido noticiada hoje de manhã e estava sendo divulgada como sequestro, mesmo até agora ninguém ter entrado em contato. Não era sequestro, era vingança, e era vingança desse escárnio em forma de gente.

Toquei a campainha e quase que em seguida Clare abriu a porta, surpresa e um pouco assustada.

- Emma que merda é essa? Por que a polícia veio na minha casa? Reviraram tudo – ela falava aflita e preocupada, em sua atuação digna de um teatro da quinta série.

- Posso entrar? – falei calmamente e fiz minha melhor cara de arrependida.

- Claro, entra – ela deu um passo para o lado e abriu o braço indicando o interior da casa.

- Obrigada.

Entrei calmamente, tirei a bolsa atravessada no meu corpo e coloquei sobre o sofá, como eu costumava fazer quando vinha aqui. Girei sobre o meu calcanhar e fiquei de frente para ela.

- Então, me explica o que está acontecendo – ela falou calmamente cruzando os braços e parando na minha frente.

- Você tinha razão, Clare – falei e baixei o olhar, tentando trazer uma ternura e uma vergonha que não existia.

- Sobre o que?

- Jenna – falei e ela arqueou as sobrancelhas levemente, surpresa – eu sinto ódio como ela faz as coisas virarem para ela, como o nosso relacionamento precisa girar em torno dela e para completar... Ellie – passei as mãos pelo meu cabelo – eu nunca me arrependi tanto de ter aceitado isso – falei respirando fundo.

- Aceitado o que? – Clare olhou para mim franzindo a sobrancelha.

- Clare – eu balancei a cabeça negativamente olhando para o teto – eu abri mão dos meus sonhos e da minha vida para seguir os sonhos da Jenna. O nosso casamento foi como ela queria, depois decidiu que a gente deveria ter um filho. Claro, vamos adotar, não, ela decidiu que seria biológico, mas... biológico de quem? Eu sempre fiquei com a parte mais difícil, eu que lidei com o corpo gigantesco, com o parto, com escola, com reuniões, com hospital, com crise de asma. Eu estou cansada, eu estou cansada da vida que eu tenho porque eu abri mãe da vida que eu queria.

- Eu te falei isso tantas vezes – ela passou a mão nos meus cabelos, colocando uma mecha atrás da minha orelha e eu senti nojo do seu toque – não falei, baby? Elas te controlam e você faz tudo o que elas querem.

- Eu deveria ter te escutado, Clare – respirei fundo – depois que voltamos a coisa ficou pior e... eu estou exausta. Eu só queria terminar com tudo e me ver livre dela, mas nem isso ela me deixou fazer. Ontem ela me mandou uma mensagem, falando que ia embora que não queria mais, e ainda me mandou pegar o cachorro no petshop como se eu fosse uma espécie de empregada – ri irônica – minha cunhada prestou queixa na polícia e provavelmente Jenna comentou algo com ela sobre você e eles vieram aqui, foi por isso.

Respirei fundo e esfreguei o rosto.

- Conseguiram a imagem do aeroporto, era para ela ter embarcado para um trabalho, mas ela foi embora com uma vizinha minha, além de aturar tudo para manter essa merda de casamento eu ainda estava sendo corna.

- Por que a irmã dela prestou queixa no polícia?

- Ela acha que pode ter acontecido alguma coisa com a Jenna – balancei a cabeça negativamente – na real, quero mais é que tenha acontecido mesmo, e que ela tome um chá de sumiço e me deixe em paz.