Capítulo 9

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POV EMMA

Andamos pela rua uma ao lado da outra, de mãos dadas e Ellie segurava a coleira do Miguel, enquanto ele ia ao lado dela com seus passinhos minúsculos e atrapalhados, tentando cheirar um punhado de graminha ou outro.

Quando chegamos a praia eu tirei meus chinelos e senti a areia gelada, Ellie tirou a guia da coleira de Michel que correu na nossa frente, ela saiu atrás dele e o chamava, ele voltava correndo atrás dela em um pega-pega meio desajeitado. Fui até a beira do mar e senti a água gelada em meus pés, respirei fundo e fechei os olhos, o vento calmo bateu em meu rosto, fazendo com que alguns fios loiros chicoteassem minhas bochechas. Abracei meu corpo e tentei esvaziar minha cabeça, queria que as ondas levassem todos os pensamentos que me atormentavam há alguns meses e o aperto no coração que já era tão constante que eu praticamente já estava acostumada a ele.

Saí da beira do mar e fui até as pedras escuras que ficavam por ali por perto, subi em algumas até chegar em uma mais alta e sentei, fiquei assistindo Ellie brincar com Miguel, jogando um graveto que eles haviam achado e parecia ser o mais novo brinquedo favorito do nosso animal de estimação. Apoiei meus cotovelos em minhas pernas e apertei minhas mãos, estalando cada dedo. Sabe por que eu ainda estou aqui? Por causa da Ellie. Jenna falou que a partir de segunda, quando ela voltar, as coisas seriam diferentes, ela mesma quem falou isso, não fui eu que perdi, ela mesma percebeu que as coisas precisavam mudar, e eu realmente espero que ela tente mudar, se não por mim, pelo menos pela Ellie.

Meus olhos encheram de lágrimas e na mesma hora Ellie olhou para mim com um sorriso largo que sumiu imediatamente assim que seu cérebro processou o sorriso tristonho que involuntariamente eu expressei. Ela veio em minha direção e sentou em uma das pedras abaixo de mim, ficando entre minhas pernas.

- Está tudo bem? – Ela perguntou para mim apoiando seus braços em uma das minhas pernas.

- Está, sim – menti e passei a mão em seu rosto – vem cá, sobe mais um pouco.

Ellie subiu mais uma pedra, abracei sua cintura e beijei seu rosto.

- Eu estava com tanta saudade de você?

- Eu também estava, mãe – ela se encolheu em meus braços e olhou para frente.

Miguel latia para as ondas, corria delas quando quebravam na areia e depois voltava quando a água regredia.

- Olha que tonto – Ellie riu apontando – mãe, a gente podia ter um gato né?

- Só se você quiser que sua mãe mate nós duas quando chegar.

- Mas ela gostava da Addams.

- O problema que ela só quer um bichinho, não é o fato de ela não gostar.

- Hum... ela nem para em casa, tem nem porquê se incomodar.

Balancei a cabeça negativamente para o comentário da minha filha.

- Você lembra da Addams? – perguntei para mudar de assunto.

- Claro que lembro, ela sempre estava comigo, as vezes, quando eu era pequena, eu ficava brincando e ela só ficava por perto, parecia até que estava cuidando de mim.

- Mas ela estava – beijei seus cabelos – quando você era bebezinha e a gente colocava na cadeirinha de descanso para você se embalar um pouquinho, ela subia e ficava deitada na parte de cima, e pobre daquele que tentasse tocar em você enquanto você estivesse dormindo, ia sair arranhado.

- A tia Aliyah tem um arranhão na mão até hoje – ela riu – diz ela que eu chorei e quando ela foi tentar me pegar, a Addams deu um arranhão.

- Ah mas vamos combinar, a Aliyah merece – falei rindo.

Nossa filha Ellie JuneOnde histórias criam vida. Descubra agora