Capítulo 26

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POV JENNA

Minha cabeça e meus sentimentos estão tão desorientados. Chegar ao hospital não aliviou a dor no meu peito, não ter informações estava me enlouquecendo, eu tinha vontade de puxar os cabelos, me morder, gritar, bater, porque ninguém parecia entender que eu precisava de notícias, eu precisava saber como estava a minha filha. Eu olhava ansiosa para a porta esperando que Emma entrasse por ela, ela iria conseguir me acalmar, ela sempre sabia me acalmar, só a presença dela já fazia meu coração desacelerar e encontrar um ritmo saudável, mas ela não chegava. Minha mãe me arrastou para a enfermaria com a ajuda da Aliyah e uma enfermeira me deu um medicamento na veia, disse que não era uma dosagem alta, mas que ajudaria a me manter calma. Mentira. O medicamento está ajudando a me manter parada, o que é bem diferente de estar calma.

Eu comecei a tentar sabotar minha mente para que ela não me permitisse dormir e isso estava começando a dar um efeito rebote muito louca. Eu olhava para a luz e via pequenos pontos dourados como se fossem vagalumes voando ao redor, eu só queria me manter acordada, eu quero ouvir o que o médico tem a dizer quando sair da cirurgia, eu não quero que ninguém me fale, eu mesma quero ouvir.

Quando Emma chegou eu senti um alívio que logo foi substituído por tensão pela pequena discussão entre nossas irmãs, então ela acabou se sentando do outro lado da sala, e eu só queria que ela ficasse ao meu lado, mas não consegui organizar as palavras na minha cabeça para pedir isso. Então abracei meu próprio corpo e me curvei, fechei meus olhos e por algum motivo a minha mente me trouxe uma lembrança aconchegante, de quando estávamos de férias em Cancun.

[...]

Os raios de sol refletiam no mar azul e tornava as cores mais vivas. O vento fresco corria pela praia privativa do resort enquanto os hóspedes se dividiam em diversas atividades. Eu estava em um bangalô, protegido com um tecido de linho branco e grosso que me presenteava com sombra, estava sentada em uma espreguiçadeira, com as pernas esticadas, com um biquini perto, óculos escuros e o cabelo amarrado em rabo de cavalo. Ellie estava sentada em meu colo, de frente para mim, com uma perninha de cada lado do meu corpo, a cabecinha apoiada no meu peito enquanto tirava seu cochilo da manhã, enrolada em sua toalha branca, felpuda, de capuz com duas orelhinhas de ursinho que protegia seu rosto da claridade. Afastei um pouquinho o capuz e a menininha de dois anos dormia profundamente, suas marias chiquinhas estavam úmidas e seu rosto vermelho do sol, a boquinha em forma de biquinho, deixando a pontinha dos minúsculos dentes de leite a mostra. Baixei a cabeça e beijei seu rosto, mas ela nem se mexeu.

Olhei para frente e vi Emma se aproximar depois de ter saído do mar, vestia um biquini azul tomara que caía, passou a mão nos cabelos tirando o excesso de água salgada dos fios loiros. Ela estava linda, era linda, sempre foi linda, e acho que se acostumou com as madeixas mais claras, eu gosto, na verdade ela fica bem de qualquer jeito.

- Dormiu? – Ela perguntou quando entrou no nosso bangalô, levantei o rosto e ela me beijou.

- Dormiu, eu falei que aquele choro todo era sono, já estava passando da hora do cochilo dela.

- Linda – ela sorriu – parece um ursinho polar no meio da praia.

Emma afastou o capuz para dar uma olhada na pequena, beijou seu rosto e depois o cobriu novamente, mas antes de se afastar deixou um beijo sobre meu peito.

- Emma

- O que eu fiz? – Ela falou rindo, pegando a toalha e tirando o excesso de água do seu corpo.

- Não provoca – eu respondi.

- Não estou fazendo nada – Ela riu e deixou a toalha no canto – Quer que eu fique um pouco com ela para você ir ao mar?

Nossa filha Ellie JuneOnde histórias criam vida. Descubra agora