Nossa filha Ellie June

Capítulo 27

POV EMMA

Aquela observação da Jenna sobre as meias da Ellie me preocupou. Não que não fosse uma observação válida, mas nessa atual circunstância ela parecia não se encaixar, não é como se Ellie estivesse com um resfriado e precisasse manter os pés quentinhos, não, ela está em uma mesa de cirurgia, depois de um acidente de carro, depois de uma parada cardíaca. E Jenna focou nas meias?

Talvez só fosse a cabeça dela cansada, e como ela mesma disse, ela estava muito chapada de remédio. Mas pelo menos ela dormiu. Encostei meu corpo no encosto do sofá e coloquei a cabeça para trás, e até eu me permiti dormir enquanto Jenna descansava a cabeça no meu colo. A noite ainda seria longa.

Acordei com Natalie me chamando e tocando meu braço em um movimento delicado, abri os olhos um pouco atordoada, olhando em volta e vendo que todos já haviam voltado da cafeteria.

- A cirurgia acabou – ela falou calmamente – o médico quer falar com vocês. Acho que a Jenna não vai conseguir acordar em condições para isso.

- Tá – respirei e passei a mão no rosto – eu vou, deixa ela dormir, prometi que falaria com o médico e falaria para ela.

Levantei com cuidado, segurando a cabeça de Jenna que dormia pesado, deixei cautelosamente no sofá e ela parecia uma pedra.

- Eu vou com você – Natalie se ofereceu e eu assenti.

Seguimos para o consultório que nos foi indicado, Natalie deu duas batidinhas na porta e nos foi mandado entrar, cumprimentamos o médico que nos mandou sentar nas duas cadeiras a sua frente.

- Eu soube que tiveram que medicar a mãe dela, foi você? – Ele apontou para mim.

- Não...não, foi a minha esposa.

- Como ela está? – Ele perguntou educadamente.

- Dormindo, demorou um pouco, mas dormiu.

- Ótimo – ele olhou para Natalie – A Ellie reagiu muito bem na cirurgia, o que realmente me deixou impressionado, ela é uma garota muito forte.

- É sim – Natalie concordou – muito. Mas, como ela está?

- O quadro dela é muito delicado – ele olhou para mim – mas estável. Ela fraturou duas costelas e a perna, provavelmente isso ocorreu quando o pé direito dela ficou preso no carro – eu olhava para ele atentamente.

- E a coluna dela? – Natalie perguntou apreensiva.

- Nenhuma lesão, todas as vértebras estavam perfeitas.

- Graças a Deus – ela respirou aliviada e eu tentei entender o que aquilo significava.

- Só que o que está nos preocupando é o traumatismo cranioencefálico – Natalie ficou série novamente e engoliu seco.

- O que isso significa? – Olhei para a mãe da Jenna e para o médico – eu não estou entendendo o que vocês estão falando.

O médico olhou para mim e respirou fundo.

- Ela teve uma lesão, tanto no crânio quando no cérebro, por causa das batidas do capotamento – ele falava calmamente – o cérebro dela está inchado, teve sangramento em algumas lágrimas e estamos acompanhando os coágulos que se formaram.

- Mas... – minha voz saiu muito trêmula e Natalie segurou minha mão com força – a minha filha vai voltar a ser como ela era antes, não vai?

- Eu não tenho como assegurar isso, no momento vamos precisar ter paciência, nós vamos mantê-la em coma induzido, porque o corpo dela precisa descansar, quando ela acordar é que vamos entender as reais sequelas.