Capítulo 77

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POV EMMA

Tá, nós não fizemos amor no banheiro do avião. Tempo teve? Teve. Mas a coragem e o desapego com a higiene me faltaram, então decidi só ficar encolhida perto da Jenna, ganhando carinho e esperar infinitas horas até chegarmos ao hotel.

- Babycakes – levantei a minha cabeça que estava apoiada em seu ombro enquanto eu tentava dormir, com as pernas encolhidas sobre a poltrona larga e confortável da primeira classe, coberta com a manta da companhia aérea.

Ah Emma, você poderia esticar as pernas. Sim, eu poderia, mas prefiro manter meu corpo encolhido e preservar o calor.

- Oi Amor – ela tirou um dos fones que usava e pausou o filme que assistia.

- Pega o meu casacão no bagageiro? Por favor.

Jenna levantou e ficou em pé no corredor da aeronave, abriu o bagageiro e esticou o braço alcançando meu agasalho e puxando-o para baixo. Um comissário estava passando na hora e a ajudou a fechar o bagageiro e eu pensei em mil e umas piadas para aquela cena, mas o avião é pequeno demais para eu sair correndo, então as guardei só para mim.

- Aqui – ela colocou o agasalho preto e pesado com capuz que tinha uma pelugem da borda.

- Não sabia que dava para um caminhão de frigorífico voar – resmunguei quando Jenna sentou na poltrona ao meu lado.

- Que exagerada – ela riu e beijou meus lábios – você que é muito friorenta. Vem cá, fica mais pertinho – Tentei meu aproximar mais dela, até meu joelho apoiar na sua coxa.

Jenna colocou a mão sobre minhas pernas dobradas.

- Deixa eu assisti com você – pedi antes que ela colocasse seus fones novamente.

Jenna me deu um lado do fone que coloquei no ouvido enquanto ela dava play na tela a nossa frente. Olhei para seu rosto de perfil enquanto ela assistia atentamente ao filme que não prendeu minha atenção, mas fiz um esforço para tentar entender, beijei seu rosto e voltei a deitar minha cabeça no seu ombro, fazendo-a rir.

- Eu te amo, bobinha – ela falou levantando a mão que estava na minha coxa e fazendo carinho na minha cabeça.

Tivemos uma conexão de duas horas em Oslo na Noruega e eu tive quase certeza que perderíamos o outro voo, mas não conseguimos embarcar tranquilamente para o nosso destino final, Reykjavik capital da Islândia.

Quando saímos do avião fomos encaminhadas com o restante dos passageiros para a imigração, fizemos a parte burocrática da nossa entrada no país, pegamos nossas malas e buscamos o carro que alugamos.

- Ai por favor, liga o aquecedor – Pedi apertando minhas mãos assim que Jenna entrou no carro depois de colocarmos as malas no porta molas.

Jenna ligou o carro, eu tratei de mexer nos botões do Suzuki Jimny verde em que estávamos, e nós duas posicionamos nossas mãos perto da saída do ar quente.

- Por que você escolheu um carro tão grande? – Perguntei.

- Queria testar, acho que vou trocar o meu.

Olhei para Jenna sentada no banco do motorista daquele carro gigantesco.

- Pra que? – Perguntei.

- Pra dirigir – ela deu de ombros e eu rolei meus olhos – anda, qual o endereço do hotel? Eu preciso de um banho quente.

Peguei o meu celular e abri a reserva do hotel, passei o endereço para Jenna que colocou em seu celular e logo já tínhamos o caminho. Por causa do fuso horário, chegamos no finalzinho da tarde em Reykjavik. A Islândia em um todo tem menos de 300.000 habitantes, Los Angeles que é apenas uma cidade tem mais de 3 milhões, por aí você imagina o nosso impacto. As pessoas pareciam serenas, o trânsito era tranquilo e até o hotel ninguém buzinou ou ultrapassou o carro mostrando o dedo do meio por estarmos um pouco de vagar por estarmos perdidas. As casas pareciam casinhas de maquete escolar, pequenas, com telhados coloridos perfeitamente alinhadas.

Nossa filha Ellie JuneOnde histórias criam vida. Descubra agora