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Victoria De Angelis

Los Angeles - Califórnia | Rehearsal Room

- Pela última vez, você não pode dançar, enquanto toca o baixo se ainda não tem firmeza nos dedos, Vic.

Georg já estava irritado com tantos erros que cometi. Não conseguia me conter quando começava a tocar o instrumento, uma adrenalina subia pelo meu corpo me fazendo dançar a cada nota, porém toda vez meus dedos acabavam escorregando.

- Eu sou péssima nisso. - bufei largando o baixo.

- Pelo contrário, você é muito boa. - disse o baixista - Só precisa praticar mais, Vic.

Eu e Georg estávamos ensaiando por duas horas consecutivas, o garoto tentava me ensinar as notas da canção escolhida para a minha colaboração no próximo show da Tokio Hotel.

Sento no chão com as pernas cruzadas e apoio a cabeça entre as minhas mãos. Aprender a tocar uma música nova em um instrumento que você não tem domínio e prática, sem errar uma única nota, era mais difícil do que eu pensava.

- Acho que por hoje já está bom. - diz Georg guardando o baixo.

- Obrigada. - suspiro jogando meu corpo para trás - Sinto muito por ser tão descoordenada. - digo apertando os lábios em uma linha fina.

- Que exagero, Vic. - disse o baixista rindo - Já está tarde, é melhor a gente ir.

- Pode ir na frente, eu vou ficar aqui até me recuperar. - faço mais drama.

- Tudo bem, só tranque tudo.

Assenti e observei Georg ir embora, rapidamente me levanto e vou até o baixo que se encontrava fechado dentro da sua capa. Abro o zíper logo tendo o instrumento em mãos, respiro fundo e começo a tentar reproduzir as notas que havia aprendido naquele dia. Dedilho, dedilho e mais uma vez meus dedos escorregam.

- Nada mal para o primeiro dia. - disse alguém me fazendo tremer no lugar.

Olho para a porta de entrada e Tom estava encostado em uma das paredes com os braços cruzados me encarando fixamente com seu sorriso sarcástico.

- O que faz aqui? - pergunto seca.

- Não posso entrar na sala de ensaio da minha própria banda? - questionou arqueando sua sobrancelha.

- Claro que pode, só não esperava você aqui agora.

- Quer ajuda? - disse começando a se aproximar.

- De você? Não, obrigada. - sorrio sem mostrar os dentes.

- Você quer pagar mico na frente de várias pessoas? - perguntou sério chegando mais perto de mim  - Bom se quer mesmo que seus dedos escorreguem das cordas...

- Só dessa vez, Kaulitz. - acabo cedendo.

Ele sorri presunçoso e sinto minha barriga gelar. Tom fica atrás de mim, perto o suficiente para sua respiração bater contra a minha nuca. Engulo em seco. O gêmeo passa seus braços ao meu redor, deslizando seus dedos suavemente pelo meu antebraço até as minhas mãos me posicionando no baixo.

- Você tem que ter domínio a partir do seus cotovelos, não só nos dedos. - explica - Agora tente mais uma vez.

Assenti comprimindo os lábios, sua aproximação me deixava nervosa. Suspiro e começo a tocar alguns acordes. Dedilho, dedilho e... dedilho.

Sorrio ao perceber que estava indo perfeitamente bem. Olho para Tom que me assistia, finalmente, dominar o instrumento.

- Você leva jeito pra coisa, De Angelis. - diz divertido.

- Odeio dizer isso, mas... Obrigada pela ajuda, Kaulitz.

- Eu só te posicionei, o resto quem fez foi você. - fala colocando as mãos dentro dos bolsos.

Olho para o relógio da parede e já passava da meia-noite, era tarde e ainda por cima eu estava sozinha com Tom.

- Bom, eu vou pra casa. - digo colocando o baixo dentro de sua capa.

- Eu te levo. - oferece me encarando.

- Não precisa, vou ligar para o...

- Já avisei o Benjamin que eu te levaria, De Angelis. - fala me fazendo arquear as sobrancelhas.

Então ele veio até aqui já com a intenção de me levar para casa. Você é um bom jogador, Kaulitz.

- Certo. - digo por fim.

(...)

O silêncio reinava entre nós dois dentro daquele carro, eu olhava pela janela distraída com as luzes de Los Angeles e Tom dirigia focado no trânsito enquanto batia seu polegar no volante inquieto.

- Será que dá pra parar com isso? - pergunto irritada com o barulho constante.

- Quer que eu pare de respirar também? - rebate, sarcástico.

- Era mais um favor que você faria para mim. - provoco o garoto ao meu lado que me encara sério.

O silêncio se instala novamente e vejo Tom bufar. Dou de ombros e sigo observando a cidade, já reconhecendo o bairro.

- Não acha que precisamos conversar sobre o que aconteceu? - ele indaga.

- Não sei do que você está falando. - digo,  me mexendo no banco.

- Por que ficou com Bill depois que nos beijamos no camarim? - questiona.

- Está brincando comigo? - pergunto impaciente, encarando o garoto - Vi uma garota literalmente em cima de você, Tom.

- E por isso você tinha que beijar o meu irmão gêmeo? - ele altera a voz e me fita com os olhos incrédulos.

- Eu não planejei beijá-lo, só aconteceu. - respondo no mesmo tom e ele desvia o olhar.

- E como consequência agora estão nessa farsa de namoro.

Tom aperta o volante com força e comprime os lábios, sua indignação era tão visível que ele nem se atrevia a me encarar de volta.

- Eu não fiquei com ela. - murmurou.

- O que? - pergunto confusa.

- Com a garota no The Palace, não rolou nada.

- Nada? - questiono com a sobrancelha arqueada.

- Ela até tentou alguma coisa. - falou rindo - Mas eu só queria beber com os caras, nada mais.

Pisco algumas vezes para o garoto. Naquele momento, um sentimento de culpa paira sobre o meu peito. Eu tinha sido tão infantil por tirar conclusões precipitadas.

Eu ainda encarava o garoto sem falar nada, não tinha palavras e nem argumentos para rebater. Mas ainda assim, não conseguia me arrepender de ter beijado Bill.

Estava tão perdida em pensamentos que, só percebo que já chegamos em casa, quando o garoto entra na garagem. Tom estaciona o carro e finalmente me encara.

- Escuta, Victoria. -  ele olha no fundo dos meus olhos - Eu sei você topou ter esse relacionamento falso com meu irmão...

- Tom, você não...

- Eu estou interessado em você. - confessa, me interrompendo.

Meu corpo trava e sinto minha pulsação acelerar. Engulo em seco.

- Mas eu não vou insistir nisso. - disse passando a língua sobre os lábios - Se você não quiser.

- Eu... Eu... - gaguejo nervosa, sentindo minhas mãos tremerem - Acho melhor a gente ir descansar, amanhã o dia vai ser cheio.

- Tudo bem, De Angelis. - disse destravando a porta do carro - Mas você não disse que não.

Vejo um sorriso ladino crescer em seu rosto e ali mesmo me derreti. Era incrível o efeito que os Kaulitz tinham sobre mim.

AFFAIR | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora