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Bill Kaulitz
Os dias tem sido longos. Não sabia mais a diferença de tempo entre segundos, minutos e horas. As muitas checadas no relógio que pareciam uma eternidade, tudo para contar os instantes que faltavam para admirar aqueles olhos azuis por um milésimo de segundo no dia, e somente nesse momento sem trocar uma palavra, apenas um olhar, e logo após me permitia deixar escapar um simples sussurro de "sinto sua falta".
A banda estava a todo vapor se preparando para o próximo show, novo repertório, estreia de uma música inédita com direito a uma performance inusitada com a "minha garota". A Tokio Hotel explodia nas paradas de sucesso, nossos clipes reprisavam a todo momento na televisão e muitas entrevistas estavam sendo marcadas. Victor cuidava de cada detalhe com a excelência do seu profissionalismo e nos promovia de maneira excepcional. Tudo parecia bem. Mas não para mim, e o motivo era ela.
Victoria.
Após a nossa discussão e alguns fatos recorrentes, as coisas mudaram entre nós. E graças a Ben a mídia não caiu em cima, com a desculpa de que os ensaios estavam altamente intensos e tomando todo nosso tempo. O que não era mentira.
Apesar de tudo, Tom e eu caminhávamos bem e era isso que valia a pena para nós, estávamos evitando o "problema". Não que Victoria fosse um problema, de jeito nenhum. Mas nada poderia ficar entre nós, ela era só mais uma garota no mundo e Tom era meu irmão.
Ela é só mais uma garota no mundo. Era o que eu estava me forçando a acreditar e minha mente rebatia. "Você está errado", ela me acusava. Eu estava?
Tom parecia estar lidando bem com a situação, diferente de mim, seu jeito presunçoso e sarcástico ainda o predominava, suas piadas e humor ácido continuavam. Ele parecia inabalável. Desde que éramos crianças, meus sentimentos sempre foram mais intensificados, sentia sempre a mais do que Tom.
Ele estava feliz, eu estava eufórico. Ele estava animado, eu estava em êxtase. Ele estava triste, eu estava deprimido. Ele odiava, eu abominava. Ele gostava, eu amava.
Eu a amava?
Los Angeles - Califórnia | The Palace | 00:30
Bebo mais um grande gole da bebida forte que Tom sempre teimava ser a melhor, acabando com todo o conteúdo liquoso do copo. Meu irmão e Georg insistiam em comparecer ao The Palace sempre após os ensaios mais rigorosos como forma de relaxar ou, no meu caso, não perder a cabeça. Odiava admitir que o álcool era o meu atual e mais antigo melhor amigo, ele me ajudava a entorpecer a mente e até mesmo fugir da realidade se necessário. E em quase todas as vezes era necessário.
Tentava ignorar a qualquer custo a conversa idiota entre Georg e Gustav sobre os ensaios com Victoria.
- Vocês são inacreditáveis! - diz Tom rindo dos dois idiotas.
Reprimo a vontade de bufar e volto a encher o meu copo com o whisky. Lentamente já podia sentir o efeito do álcool agarrando meu corpo de dentro para fora e me empurrando para a beira do penhasco. Essa era a melhor parte do meu dia. Jogo a cabeça para trás e fecho os olhos tentando aproveitar a sensação anestesiante da bebida. Um alívio estava tomando conta da minha mente, não por completo, mas o suficiente para relaxar por algumas horas.
