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Victoria De Angelis
Casa.
São muitos os significados da palavra "casa". Dentre eles, sempre usamos aquele que consideramos mais relevante para a maioria das pessoas.
Edifício de formatos e tamanhos variados, geralmente de um ou dois andares, quase sempre destinado à habitação. Um lar onde habita um conjunto de membros de uma família.
Mas o sentido afetivo da palavra "casa", é sobre uma pessoa com quem você sente que pode ser você mesmo. Com quem você pode dividir planos e segredos; chorar e gritar a plenos pulmões e receber um colo de afago; errar e ganhar um abraço de consolo com uma mensagem de motivação; falar sobre os seus piores medos e ser acolhido; contar suas maiores ideias e ser apoiado; conquistar e ver a alegria pela sua conquista no olhar do outro. É sobre ter tudo em uma pessoa só.
É sobre ter uma morada no coração de alguém que amamos.
Mas quando você se afasta de "casa", tudo isso é tirado de você, ficando apenas recordações em um canto da sua mente. É como um reservatório de lembranças que, a qualquer momento, um detalhe, um cheiro, um objeto, um olhar, são rapidamente recordados e se apresentam da maneira como as ressignificamos.
Eu já tive muitas "casas". Mas sempre chegava em algum momento da minha vida, que eu era forçada a deixá-las para trás.
Hoje eu prefiro morar na rua.
(...)
3 anos depois...
Rome - Italy | 29th April 2010 | 19:30
Estava nublado. Olhando pela janela, noto algumas nuvens de chuva se fechando sob o céu. Era comum chover nessa estação, por esse motivo, as flores haviam desabrochado tão lindamente, colorindo qualquer canto da cidade. A primavera é, sem sombras de dúvidas, uma das estações do ano mais bonitas aqui na Itália. Com a sua chegada, o frio intenso do inverno vai embora e um calor leve e aconchegante se extende pelo país.
A primavera era simplesmente a melhor e mais agitada época do ano na Itália. Muitos turistas de vários lugares do mundo vinham passar as férias aqui, o que deixava a cidade mais cheia do que realmente era.
Eu gostava da estação, mas alguns pontos negativos deixavam a desejar. Um deles estava me fazendo bufar nesse exato momento. Sopro a fumaça para fora da janela e aperto o volante ao ver a rua congestionada logo à frente. Droga! Com certeza chegaria atrasada.
Assim que paro atrás do último carro da fila de veículos, agarro o cigarro com os lábios e estico o braço até o banco do passageiro para pegar o meu celular que estava dentro da bolsa. Com o aparelho em mãos, ligo para o meu melhor amigo.
- Como está a loirinha mais linda da Itália? - Thomas atende a ligação.
- Furiosa. - digo suspirando - Estou em um engarrafamento, vou me atrasar.
