Capítulo I

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Abril de 1891, antes do prólogo.


Meses haviam se passado e acumulado naquela maldita prisão, e ela não estava mais perto de encontrar uma saída do que meses atrás. Apesar da leve indicação que Silver poderia ser mais do que aparentava, Liana não tinha visto outro sinal desde então, e Teseu...bem, ele continuava obediente como sempre.

Apesar disso, ela começou uma rotina de exercícios, silenciosa e sorrateira. Ela precisava manter seus músculos pelo menos intactos. Ela precisaria de força para socar Laurel nos dentes quando pudesse. Embora os interrogatórios, os choques e os testes continuassem diariamente, ela aprendera a lidar com eles, aprendera a lidar com Laurel. Ela começou a lhe dar o que ele queria com mais facilidade, prender sua atenção em qualquer que fosse aquela pesquisa, oferecer enigmas e mistérios para desviar sua atenção. Mas ela estava preocupada com o que aconteceria com ela depois que Laurel acabasse sua pesquisa, depois que ficasse satisfeito e não tivesse mais uso para ela. Mas algo a dizia que aquele não podia ser o único motivo, Gilbert Gaunt não parecia ser o tipo de pessoa teria o trabalho de sequestrar uma aluna e mantê-la como prisioneira apenas para satisfazer a vontade de alguém, mesmo que fosse um acordo. Não, o patriarca dos Gaunt também tinha algum uso para ela, e Liana temia pelo que podia ser.

Ela estava terminando uma sessão de flexões quando ouviu passos. Ela saltou, sobressaltada. Ninguém nunca vinha vê-la naquele horário. Ela correu para a cama e se encolheu ali. Ela sentiu um frio na barriga ao ver Marvolo descer as escadas.

Ela imaginou se ele tinha vindo com uma chave dessa vez, e ficou desesperada por dentro. Mas algo na postura e expressão dele não indicavam a mesma violência de sempre. Por algum motivo isso a deixou ainda mais preocupada, principalmente quando ao chegar próximo as grades, ele abriu um leve sorriso.

_Você já viu dias melhores.

Liana se curvou como um animal pronto para atacar, não lhe deu a satisfação de uma resposta.

Marvolo soltou um longo suspiro e levou uma mão até as barras.

_Sabe, uma mulher...mesmo uma inferior, não deveria ficar nessas... – ele a olhou de cima a baixo – condições.

Ele sorriu de novo, como se esperasse alguma reação dela. Liana estava tão confusa pelo ritmo daquela conversa que ela nem esboçou reação. Ele continuou falando sozinho.

_Eu posso fazer isso, posso ajudar – ele disse, como se fosse um filantropo, uma alma generosa – Arranjar melhores acomodações.

Ela meneou a cabeça negativamente. Melhores acomodações significavam menos barras, e as vezes ela achava aquelas barras úteis, principalmente quando ele aparecia.

_Não – ela tentou responder.

_Ótimo, então vou fazer preparativos. – ele disse ao virar nos calcanhares, parecendo muito satisfeito, e desapareceu escadas a cima.

Liana ficou perplexa pela capacidade delirante dele. Como ele tinha simplesmente imaginado uma conversa que não aconteceu. O coração de Liana começou a martelar no peito, nervosa. O que estava acontecendo?

Em menos de uma hora, Silver apareceu na masmorra, e a lançou apenas um olhar intenso. Ela se aproximou e destrancou a porta, abrindo a cela. Ela se aproximou alguns passos e esticou a mão pequena.

_Vou transportá-la para a nova acomodação.

Liana se encolheu.

_Não...eu não quero. – ela balbuciou, nervosa. – Porque não posso ficar aqui?

Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora