Capítulo XI

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Londres

Setembro de 1891.


Teseu odiava aquela cidade. Onde ele tinha nascido e crescido.

A grande Londres.

Ele odiava as pessoas que eram sempre arrogantes e frias, a falsa modéstia, a forma como bancavam os eruditos. Ele tinha nascido numa família muito rica e bastante influente, que viera da Noruega. Apenas Teseu tinha nascido na Inglaterra, Laurel era norueguês, como seus pais. Sua mãe era uma pessoa de aparências. Ela preferiria morrer do que ter seu bom "nome" arruinado, do que ter sua imagem comprometida. Eles compunham parte de um grupo fechado de bruxos que viviam no centro de Londres. Os Gaunt não participavam, eles eram demasiado superiores. Seus pais sempre se rastejaram por uma poeira de atenção do grande chefe da Casa Gaunt. Gilbert nunca dava muita atenção à eles.

Sua mãe o punia praticamente por tudo que envolvia falar ou expressar uma vontade. Ela esperava que ele fosse a criança calada e discreta que Laurel tinha sido, que obedecesse sem questionar. Ele aprendeu desde muito cedo a se calar. Quando ele fez onze anos e entrou para Durmnstrang, Laurel já tinha se formado e já viajava pelo mundo. Nas poucas cartas que ele enviava para os pais, ele revelava muito pouco da sua pesquisa, mas Teseu estava certo de que já ouvira sobre o trabalho dele com uma "criança genial" que ele tinha encontrado na Escócia.

Ele se lembrava de quando, durante o recesso no natal, Teseu voltou para casa e descobriu que os pais estavam mortos. Laurel os matou num acesso de raiva, porque eles o negaram o dinheiro que precisava para continuar suas viagens. Com os pais mortos, a fortuna pertencia somente a ele. Naquele momento, Teseu viu a própria morte, mas Laurel decidiu que a morte não serviria. Que ele precisava de um servo.

Por isso ele odiava aquela cidade. Voltar para lá sempre o fazia se lembrar da infância, e ele não tivera uma boa infância.

Ele navegou pelas ruas, debaixo da chuva, escondido sob um capuz pesado pelo qual a água escorria. Logo a neblina tomaria as ruas. Ele fez questão de que não estava sendo seguido quando entrou pelo beco, quando atravessou a parede encantada. Assim que entrou na casa ele tirou o capuz e chacoalhou a água do corpo. Ele caminhou pelo corredor estreito até a sala vazia, onde a luz de uma lareira crepitante brilhava. Ele jogou a sacola na direção dela.

Liana não mostrou sinais de reconhecimento. Ela permanecia sentada em frente a lareira. Ela passava muito tempo parada ultimamente. Teseu caminhou até ela e tocou no seu ombro. Devagar, ela virou o rosto na sua direção, e, ao reconhece-lo, relaxou. Seu olhar navegou dele para a sacola, e Teseu a puxou, colocando-a nas suas mãos.

_Você trouxe.

Ela abriu a sacola, observando o conteúdo.

As vezes Teseu achava que ela era um fantasma.

Ele estava certo de que ela tinha morrido naquela noite. Mal acreditou quando ela praticamente ressuscitou, se sentando e puxando ar para os pulmões. De alguma forma, o plano deles deu certo. Exceto pela parte que Laurel escapou, e não era um detalhe pequeno. Teseu pretendia matá-lo, mas era ele ou Liana. Era sua esperança, que, com a varinha quebrada, ele não conseguisse fugir. Mas como a ratazana que ele era, o maldito se esgueirou pelas sombras, e desapareceu. Ele não imaginou que ele conseguiria andar no estado que estava, tinha subestimado a força de Laurel.

Liana tirou um dos itens de dentro, segurou na mão por um instante e olhou para ele.

_Banheiro...

Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora