Capítulo XXV

35 1 1
                                    


O dia do baile chegou mais rápido do que Anne antecipava.

As aulas tinham acabado no dia anterior, a, logo após o término do Baile todos estavam livres para o recesso. Discutiu-se muito sobre onde iriam passar o natal, e a casa deles e ela pensou que citariam sua casa, em Feldcroft. Afinal, estava vazia. Mas ninguém se quer a citou. Como se seus amigos soubessem que aquela casa seria uma fonte de dor. A lembrava muito dos seus pais, do seu tio, da sua maldição, e todo inferno que se seguiu naquele ano agourento. Anne não gostava daquela casa. E, verdade fosse dita, talvez não gostasse dela desde quando seus pais faleceram. Era uma conversa que não tive ainda com o irmão, pois, sinceramente, não sabia como se sentiria ao tocar no assunto. Mas ela queria, mais do que tudo, vender aquela casa.

Mas ela certamente não esperava pela conclusão que chegaram.

Teseu sugeriu que eles ficassem numa das casas dele ali na região. E sim, ela reparara em como ele dissera no plural. Anne ficou o encarando, boquiaberta, mas ele apenas sorriu gentilmente e explicou que, na verdade, era um pedido (mais uma ordem) de Gertrude. A casa já estava sendo preparada conforme eles conversavam, e, por preparada, Anne não imaginava que significava mais do que limpeza e enfeites. Teseu não tivera a coragem de dizê-la que a preparação envolvia uma equipe de mais de dez aurores que patrulhariam a área, assim como mais de uma dezena de feitiços de proteção. Essa era sua condição para que saíssem do castelo.

Foi preciso tudo de si para convencer a bela bruxa de olhos amarelos. Ele até mesmo apelou para chantagem, lembrando à Gertrude tudo que ele fizera por ela e Ilvermorny, pelos estudantes refugiados, e que nunca, até então, pedira por nada. Liana ficou tão espantada que precisou ouvir da própria Gertude que tinha permissão para aproveitar o recesso fora do castelo.

Assim, ficou combinado que, na tarde após o baile, uma carruagem os levaria, Liana, Ominis, Sebastian, Anne e Teseu para sua casa de veraneio em Keenbridge.

E desde que isso fora combinado, Anne não conseguira se conter por mais do que quarenta minutos antes de indagar a Teseu, quando sozinhos.

_Teseu, quão rico você é?

Ela estava curiosa. Não era como se ela e Sebastian estivessem numa situação ruim, seus pais os deixaram uma quantidade decente de dinheiro quando faleceram, e, posteriormente, seu tio também. Mas a forma como ele disse "casas" como se fossem simples canetas ou estojos...

Ele arqueou a sobrancelha escura e sorriu. Merlim, a boca dele era absolutamente indecente.

"Está interessada?" – ele perguntou, sinalizando.

Ela corou.

_Se eu dissesse que me sim, me julgaria?

Ele riu e balançou a cabeça. Estendeu a mão até seu rosto e colocou uma madeixa do seu cabelo atrás na orelha dela. Ele sempre fazia, uma carícia pela qual Anne passou a ansiar durante o dia.

"Não. Não sou um tolo que não reconhece valor do dinheiro" - ele explicou, calmo. Fez uma pausa e lançou um olhar quase travesso para ela – "Mas poderia ser, já que sou indecentemente podre de rico".

Teseu não fazia o tipo piadista, como Sebastian, então aquele lado novo e travesso era inédito para ela. Anne riu e se jogou para trás, na grama onde estavam sentados. Ela logo sentiu a sombra do corpo dele arqueando sobre ela. Com uma mão ele se apoiou e a outra, continuou gesticulando.

"Gostaria de um diamante do tamanho do seu punho, milady?"

_Ah! – ela girou no lençol estirado, tentando tapar o rosto – Você está zombando de mim!

Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora