Capítulo IV

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Apesar de passar quase todo seu tempo treinando, fazer magia sem uma varinha era muito mais desafiante do que ela imaginou. Para performar o mais simples dos feitiços ela gastava imensa energia, que a drenava rapidamente, e qualquer falta de atenção, por menor que fosse acabava com o feitiço. Era como tentar correr na areia, mas com os pés amarrados. Apesar disso, ela sentiu alguma evolução, mesmo que pouca. Ela conseguia levitar objetos por minutos, wingardium leviosa, accio, lumos, depulso eram alguns dos feitiços simples que ela conseguia fazer. Ela sabia que feitiços simples como esses não a tirariam da sua prisão, e também não vinha ajudando com a caixinha. O maldito cadeado continuava intocável. Parecia uma vitória agridoce, ela conseguia fazer magia, mas nada que realmente pudesse oferecer grande ajuda.

Ela quase foi pega no flagra levitando um livro quando ouviu passos. Ela agarrou os livros nas mãos quando a porta se abriu revelando Laurel. Ela não tinha percebido que já era aquela hora do dia. Como sempre, ele a amarrou na cadeira e fez os testes de sempre. Mas nesse dia em específico ele a fez engolir algo, parecia uma bala, mas não era. Ele garantiu que não a mataria, mas ela não estava disposta a acreditar na sua palavra. Ele estava analisando alguma coisa no seu sangue quando vasculhou sobre a caixa de ferramentas que sempre trazia. Normalmente Teseu colocava as peças na sua mão antes que ele pedisse, mas naquele dia Laurel parecia mais errático do que o normal. Ele vasculhou as cegas, e quando não encontrou o que queria, bufou.

_Ampolas? – ele lançou um olhar severo para Teseu.

O rapaz apenas fez uma menção negativa.

_Preciso adquirir mais – Laurel suspirou.

Liana encarou o menino gigante, a obediência infinita dele era exaustiva e irritante.

_Seu cachorro não tem língua? – ela também devia estar mais errática para falar assim, provavelmente devido a o impasse com a caixinha.

Laurel olhou dela para Teseu, e abriu um sorrisinho de lado.

_Teseu já foi parecido com você. Como um lobo selvagem. – Teseu não demonstrou expressão alguma, mesmo ao ser mencionado – Mas eu o quebrei, eventualmente. – ele soltou um suspiro triste – Entediante, na verdade. Eu gosto de animais selvagens, gosto de castrar, mas sempre me decepciono. Ninguém nunca dura muito. – ele voltou o olhar para ela, apontou-lhe a varinha – Não se sinta envaidecida, eu simplesmente não tenho liberdade para agir como quero aqui. Você não teria durado tanto quanto Teseu.

Ela engoliu em seco, não duvidava nem um pouco disso. Ela ainda se lembrava daquela tortura, tinha pesadelos com isso. Só pensar era suficiente para deixá-la desesperada.

_Mas não, não fiz nada permanente nele. Ele não fala porque não querer.

Teseu permaneceu como uma rocha, nem um semblante ou sombra de emoção cruzou seu rosto estoico. Ela se perguntou quão inabalável ele realmente era, se sua obediência podia ser abalada por algo, se uma chance de liberdade ou mesmo uma luz de esperança poderiam movê-lo. Não parecia provável, ele as vezes não parecia nem humano tamanha era sua inexpressividade.

Ela devia saber que investir seu tempo naquele rapaz seria um esforço em vão, não havia uma fresta, uma abertura que a dissesse ao contrário, e, ainda assim...seu instinto a dizia o contrário. Ela só não conseguia encontrar um meio de chegar até ele, Laurel estava sempre presente.

Mais tarde, após o jantar, durante o vinho no jardim, Liana decidiu arriscar.

_Quem é Leya? – ela soltou a pergunta no ar.

Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora