Capítulo XV

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Quando Ominis Gaunt chegou na mansão, ele percebeu que as coisas estavam estranhas. No meio do caminho, ele se deparou com uma carruagem passando. Instintivamente ele desceu as pressas e gritou para o condutor. Por mais que tenha tentado ignorá-lo, Ominis se jogou na frente dos cavalos, que relincharam e se jogaram para cima. Ele viu a frustração evidente nos olhos do condutor, que não disse nada, e Ominis bateu na porta. Ele tinha mais do que certeza sobre quem vinha ali.

_Abra a porta, Marvolo.

Ele sentiu uma hesitação, alguns segundos se passaram. O que era estranho, considerando que Marvolo raramente perdia a oportunidade de insultá-lo. A porta finalmente se abriu, e revelou um Marvolo diferente do que ele estava acostumado. Sua energia que era sempre peçonhenta e um pouco ácida parecia...abatida. Como se todo o ódio e ressentimento acumulado tivessem cedido espaço para algo...

_Eu envio noticia que estou chegando e você passa indo embora. E nós dois sabemos que você adora estar em casa para me lembrar que eu não pertenço lá.

_Não pertence mesmo. – ele retrucou.

E sua energia piscou, reverberando. A resposta era normal, mas foi o tom que o deslocou. Como se não fosse um ataque.

Ominis desprezava-o tanto que as vezes doía. Ele provavelmente o ressentia tanto quanto Marvolo dele. Era um ciclo vicioso de raiva e frustração acumulada entre os irmãos por anos a fio. Ele sentia asco da sua presença e mais ainda de partilhar um laço de sangue com ele, e, no entanto, existiu o dia...dia que eles não se odiavam. Marvolo já tinha o carregado nos ombros e eles iam pescar juntos. Parecia absurdo, mas as vezes ele se deixava levar por esses vagos momentos. E ele esperava...ainda esperava, que Marvolo ainda não tivesse se tornado em Gilbert.

_Marvolo, se um dia você já se considerou meu irmão, me conceda esse favor. – ele implorou, abaixando e adocicando o tom da voz – Porque nosso pai usou sua influência para mandar Liana para Ilvelmorny?

Ele sabia que Marvolo não estava o encarando de volta. E era assim que as pessoas costumavam mentir, olhando para o lado ou para os pés.

_Não sei sobre o que está falando.

Foi a resposta final, mais uma traição. Ominis não sabia porque ainda doía. Ele se virou, abrupto, com raiva de si mesmo por tentar.

_ Ominis – Marvolo o chamou quando ele já estava na porta de sua carruagem – Sabia que Liana Dixon é ofidioglota?

Ominis perdeu até o passo e seu pé deslizou do degrau da carruagem, quase o fazendo cair. O coração dele virou um tambor nos ouvidos, a memória dançou sobre sua memória, quando eles entraram naquele maldito e desgraçado escritório, quando ele ouviu a voz alegre e adocicada de Liana se transformar num sibilado selvagem.

_Como você-

Mas a resposta foi a de uma porta batendo, e cascos retomando passo na terra. Ele ouviu a carruagem se afastar sem reação, e voltou para carruagem, implorando para que o condutor se apressasse.

Ominis encontrou a mansão claramente preparada para recebe-lo, ele sabia pela movimentação dos serventes, e pela recepção rara de Silver. A energia da pequena elfa era um mistério para ele, sempre oscilante.

_Jovem mestre – ela o recebeu – Bem vindo-

_Silver, desculpe, mas eu preciso falar com meu pai nesse instante.

_Sim, o senhor foi bem claro na sua carta. Vou levá-lo até ele.

Ele ficou surpreso pela concessão tão rápida. Mais uma prova de que Gilbert tinha se preparado para vê-lo. No caminho, ele se deparou com o cheiro forte do perfume de Morphina. Ele esperou por algum insulto, mas ela não fez nada além de observá-lo conforme ele passava.

Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora