Capítulo XXIV

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Ela não queria se levantar.

Se recusava a quebrar aquele casulo, voltar para triste realidade. Mas, a coruja de Teseu tinha aparecido na janela, um aviso sutil. Liana sabia o que queria dizer, que o tempo deles estava acabando. Ela observou Ominis levantar, procurar as roupas, vesti-las uma a uma. Ela nunca sentiu tanta raiva de um par de tecidos na vida. Inimigos, cobrindo a pele perfeita de Ominis, escondendo-a da sua visão. Ele vestiu a camisa branca, as calças pretas de linho que combinavam com ele, jogou um suéter por cima da camisa. Liana ainda não tinha se movido quando ele se aproximou de novo, acariciando seu ombro nu com a ponta do dedo, lenta e demoradamente.

_Liana – ele cantarolou seu nome, inclinando o rosto na sua direção, mas ela se empertigou.

Levou o dedo ao seu lábio macio.

_Lizzie – ela o corrigiu. – Eu gosto que me chame assim.

Ele abriu um sorriso, segurou sua mão e beijou sua palma.

_Lizzie – ele se corrigiu, a voz agora mais aveludada, mais lenta. Virou sua mão, beijou as costas dela – Lizzie – ele repetiu, e uma onda de calor atravessou seu corpo. Ele continuou beijando por seu braço, até chegar no seu pescoço – Lizzie... – ele sussurrou ao seu ouvido.

O carinho contido no gesto arrasou seu coração. Ele estava indo embora. Ela não dormiria no seu colo naquela noite, não ouviria sua voz, não sentiria o toque da sua mão. Ela se jogou nos seus braços e Ominis a segurou firme, acariciou seu cabelo bagunçado devagar. Ela estremeceu debaixo do seu calor, e mordeu o lábio inferior. Ela se recusava a chorar mais. Ela queria se despedir com um sorriso. Não era um adeus, ela sabia disso, ele tinha prometido. Mas não tornava mais fácil deixá-lo ir. Respirando fundo, ela tomou coragem para dizer.

_Acho que preciso me vestir também.

Mas ele a reteve.

_Quero fazer isso – ele disse, a voz um pouco vacilante – Se importa?

Ela pendeu a cabeça de lado, confusa.

_Me vestir?

Ele sorriu.

_Sim.

Ela assentiu, e ele buscou as roupas que ele mesmo tirara na noite anterior. Ela finalmente entendeu o propósito. Ominis a tocou enquanto a vestia, acariciou seu seio, o beijou. Depois, colocou a renda ali, ela ficou impressionada com sua destreza ao colocar o sutiã. Ominis traçou beijos por todo seu corpo conforme a vestia, peça a peça, e ela reagiu a cada toque. A calcinha foi o mais difícil, Ominis beijou o interior das suas coxas, o seu quadril, acariciou seu interior devagar e ela já poderia estar pronta para tirar as malditas roupas. Ele também, percebeu. Na brincadeira, ela sentiu-o ficar duro contra ela e isso a excitou ainda mais. Apesar disso, ele terminou de vesti-la. Liana estava tonta quando os dedos dele amarravam a capa leve do uniforme ao redor do seu pescoço.

_Você não tem ideia... – ele sussurrou, ligeiramente ofegante – Do quanto vou sentir falta de te tocar.

Ah, mas ela tinha. Ela já não sabia como viveria seu dia-a-dia sem isso, sem ele. Ela o puxou para si, para a cama, pouco se importando se as roupas ficariam amassadas. Ele a acompanhou, deixou que o beijasse, que desgrenhasse seus cabelos com os dedos.

_Seu cabelo – ele murmurou – Me deixa penteá-lo.

Ele a levantou no colo, a levando até uma cadeira, onde a sentou. Liana estava ofegante quando o observou buscar uma escova pela penteadeira. Ele separou seus cabelos em mechas, começou a escová-las com uma delicadeza que nem ela tinha consigo mesma. Ele tomou cuidado para não machucá-la, para não puxar os fios, para desfazer os nós de forma indolor. No espelho a sua frente, ela o observou. Ele parecia contente demais para alguém que estava simplesmente penteando um cabelo. Tamanha paciência ele tinha, para desfazer os nós um a um, para transformar as madeiras em cascatas lisas e livres. Quando acabou, ele puxou o cabelo de lado, e beijou sua nuca.

Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora