Capítulo Bônus - Anne

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            Anne estava deslocada naquele quarto. Ficou impressionada o quão longe Teseu tinha ido para fazer com que aqueles dois pudessem ter um tempo juntos, e isso a fez admirá-lo um pouco mais. Na verdade, quando o viu pela primeira vez ao lado de Liana, ela ficou preocupada. Até pelos sussurros que ouviu enquanto passeavam pelo enorme campus de Ivelmorny. Qualquer um que os vissem juntos, tamanha intimidade, suspeitaria de que sua amizade era algo mais profundo do que se apresentava. Mas ela percebeu que não podia ser verdade, por mais suspeito que parecesse. Liana continuava tragicamente apaixonado por Ominis, e isso era evidente em cada gesto, suspiro, cada olhar carente e longo na direção dele. Ela não sabia como tinham se conhecido e se aproximado tanto, mas a amizade deles era genuína, e o carinho entre eles era paternal. Teseu a olhava com tanto afeto que podia facilmente confundir, mas era tal como Sebastian olhava para ela, um instinto protetor. Anne sentia no coração que aqueles dois tinham passado por alguma coisa juntos, algo perigoso. Ela tinha certeza que Liana não tinha respondida as cartas por algum motivo, e o temia só de pensar.

Mas ela deixaria seus temores para outro dia.

Sebastian que tinha reclamado tanto, foi o primeiro a dormir. Teseu deixou que Sebastian usasse a sua própria cama e estava sentado no sofá, um livro nas mãos. O pequeno Henry não tinha falado uma palavra e também tinha ido se deitar, então, mesmo sem sono, ela se viu sem outra alternativa. Anne ficou com a cama de Liana e se deitou ali. Ela esperava que aqueles dois estivessem se entendendo, que Ominis parasse de ser um idiota e aceitasse a realidade de que a amava e não adiantava se negar. Mas, embora estivesse confortável entre os lençóis, e o som crepitante da fogueira fosse um bálsamo, ela continuou acordada. Teseu também, ela sabia pelo movimentar sutil das folhas.

Estava tentando buscar qualquer indicio de sono quando o som das páginas cessou, e ela o ouviu se levantar e sair pela porta. Imaginou que livro estaria lendo. Porque ele não falava? Parecia ser perfeitamente capaz. Liana os disse que ele não falava por escolha...o que poderia tê-lo feito abandonar as palavras? Foi entre pensamentos assim que ela deixou de reparar no som da porta reabrindo. Ela sentiu algo quente roçar bem de leve contra sua pele e abriu os olhos. Teseu estava sobre ela, na mão uma xícara quente da qual fumaça subia, recostava bem de leve contra seu ombro. Ao ver que ela abriu os olhos, ele sorriu.

Anne se sentou devagar e ele lhe entrou uma xícara de chá quentinha. Ele tinha percebido a sua insônia. Ele levou a própria xícara a boca e voltou para o sofá. Olhando para o lado, espiou a cama de Sebastian, que dormia de boca aberta, completamente jogado pela cama. Ela criou coragem e se sentou com ele no sofá, Teseu não pareceu incomodado por isso. Ela bebericou da xícara e se arrepiou de leve. O chá estava numa temperatura perfeita, muito bem feito, um gosto saboroso de camomila e mel. Ela espiou o que ele estava lendo e reconheceu rapidamente.

_ ""There is love in me the likes of which you've never seen. There is rage in me the likes of which should never escape. If I am not satisfied int he one, I will indulge the other.". (Há um amor em mim como nunca vistes. Há uma raiva em mim que jamais deveria escapar. Se eu não estiver satisfeito com um, vou me entregar ao outro)

O olhar escuro de Teseu virou na sua direção e ela se encolheu tímida.

_Frankenstein, eu amo esse livro – ela admitiu – Conheço de coração. O li tantas vezes que poderia te recitar a história de memória...

Sua mãe tinha lhe presentado com aquele livro quando ela ainda era jovem demais para compreender a complexidade e profundidade do texto, mas, quando a deu, a disse que tudo que ela precisava saber sobre o mundo e as pessoas estava ali. Hoje, ela compreendia o que sua mãe queria dizer.

Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora