Lealdade & Ambição - Legados de Sangue / Ominis Gaunt

Capítulo XXI

_Como pôde tentar fazer isso comigo? – Liana vociferou para Gertrude, uma vez que os outros tinham lhes dado privacidade.

Liana tremia tanto que mal podia se manter em pé. Teseu tinha ficado também, sendo o único que já sabia de toda situação. Ela sentiu sua mão nas costas, pronto para segurá-la se ela perdesse a cabeça. Gertrude não parecia nada arrependida. Mas ela não tentou fazer jogos com ela, a disse diretamente.

_Eu realmente acredito que teria sido melhor se vocês não tivessem se encontrado. – ela explicou – Liana, você está numa situação muito delicada. E a sua vida não é mais apenas sua. Todas as pessoas que você salvou e as que continuam presas pelo mundo, de agora em diante, querendo ou não, você é o símbolo da resistência. A sua relação com um..Gaunt, é simplesmente perigosa. Para você, para ele, para todos nós.

_Ominis – Liana corrigiu – Não o diminua a um nome. Ele é uma pessoa, uma pessoa boa, que seria um aliado à nossa causa.

Gertrude nem tentou disfarçar a risada ácida.

_Um Gaunt é sempre um Gaunt.

Liana sentiu o sangue subir para a cabeça. A mão de Teseu se fechou no seu ombro, uma âncora.

_Acha que foi a única a sofrer nas mãos de um Gaunt? – Gertrude a indagou, a voz oscilando – Sabe onde está? Essa escola, nossa fundadora, Isolt Sayre, fundou essa escola após ser perseguida por sua tia maníaca, Gorlamaith Gaunt. Ela a encontrou eventualmente, sangue foi derramado aqui por conta dela. Isolt teve os pais assassinados pela tia que a perseguiu a vida toda. Mas ela é apenas mais uma. Se fossemos fazer uma lista, ficaríamos anos aqui.

Liana observou a expressão de dor no rosto da diretora. E, embora não tenha dito em palavras, ela viu que estava se referindo a si mesma também. Que ela também tinha sofrido por perseguição dos Gaunt.

_Entendo o seu temor. Mas ainda assim, não deveria ter feito isso. Eles são meus amigos, Ominis é meu amigo. Meu... – as palavras não chegaram aos seus lábios – Por favor, não traia minha confiança assim. E-eu prometo que serei cuidadosa, não vou revelar sobre o que aconteceu. Mas, me deixe vê-los. Por um dia que seja. Eu mereço isso.

O olhar amarelo de Gertrude amaciou, como se fosse uma bomba sendo desarmada. Ela disse porque era verdade. Ela tinha sobrevivido ao inferno, caminhado sobre seu fogo e saído inteira de alguma forma. Gertrude sabia, sabia tudo que ela tinha passado. O aprisionamento, as torturas físicas e mentais, a tentativa de estupro... Ela não abriria mão deles por nada, nem por sua salvadora. Ela leu isso nos seus olhos conforme enterrava o rosto nas mãos.

_Ah... – ela ganiu, soando cansada – Um dia. Um dia, Liana. Depois, eles precisam voltar. Você sabe que precisa ficar, certo? Não pode abandoná-los agora.

Liana viu os rostos dos sobreviventes, que vinham se esforçando tanto para recuperar suas vidas. Ela não conseguiria deixá-los para trás, ela sabia que precisavam permanecer como um.

_Nunca foi minha intenção – ela disse com convicção.

Gertrude assentiu e se levantou.

_Bom, suponho que eu vou precisar achar alojamento para essas pessoas.

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Anne não parava de lhe fazer perguntas. Perguntas que ela não tinha como responder.