𝙲𝙰𝙿Í𝚃𝚄𝙻𝙾:11

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- Mais tarde -

Acordei na parte da tarde e minha mãe já estava em casa. Eu fui até a sala para ficar na companhia dela e me deitei no seu colo.

O que está te deixando inquieta? - Ela pergunta.

É incrível o poder das mães de perceberem quando há algo errado.

Só estou pensativa em relação ao hospital - Digo.

Sobre o que necessariamente? - Pergunta.

Preciso assinar a renovação de contrato e eu não sei se é isso que eu quero - Digo.

Está com vontade de ficar aqui no Brasil? - Pergunta.

Não é só por isso. Eu progredi bem menos do que esperava, o salto pra minha carreira seria publicar os artigos e relatórios do meu tratamento, mas o conselho do hospital não autoriza - Digo.

Nossa - Ela diz.

Eu conheci um médico chamado Hugo no hospital que estava trabalhando, ele leu os meus relatórios sem a minha permissão e ficou maravilhado - Digo.

Ele quer patrocinar a minha pesquisa, mas para publicá-la eu preciso da autorização. Isso que me deixa inquieta - Digo.

Complicado - Ela diz.

Se eles não estão me dando essa autorização comigo sendo leal ao hospital, imagina se eu disser que não quero renovar - Digo.

Nossa, filha. Que enrascada - Minha mãe diz.

Resumindo os fatos, ganhei muito dinheiro e reconhecimento trabalhando pra eles, mas, tecnicamente, eu perdi os direitos sobre o meu próprio tratamento - Digo.

É como se eu tivesse jogado tudo no lixo e o hospital pegou os restos e assumiu os direitos - Digo.

Caramba, Isabela. Que situação - Minha mãe diz demonstrando preocupação.

Eu estou tentando não deixar isso estragar a minha semana - Digo.

Eu estou encurralada, mãe. Eu não queria renovar com eles, mas se eu não fizer isso, todos os meus anos de estudo e esforço vão para o lixo - Digo.

Então, tecnicamente... - Minha mãe começa a dizer.

Eu estou presa nesse hospital pelo resto da minha vida - Digo e suspiro profundamente.

Isso não está certo, tem que ser feito alguma coisa - Ela diz.

Eu concordei com isso quando assinei o contrato. O que me beneficiava era poder usá-lo, tanto no hospital quanto no CT - Digo.

Nós vamos dar um jeito - Minha mãe diz.

Não tem o que fazer, eu vou assinar a renovação e volto para Espanha - Digo.

Você não deve fazer o que não quer, filha - Ela diz.

Eu prefiro isso do que jogar tantos anos de dedicação fora - Digo e ela suspira.

Faça o que achar melhor - Ela diz.

Eu gostaria até de perguntar se a senhora não queria ir morar comigo - Digo.

Na Espanha? Nunca - Ela ri.

Não sei falar espanhol e não quero sair do Brasil - Ela diz.

Eu poderia te dar um conforto ótimo, teria tudo que precisasse - Digo.

Eu agradeço, mas eu não tenho vontade de sair daqui - Ela diz.

Seria bom. Eu não me sentiria tão sozinha - Digo dando um leve sorriso.

Não faz esse tipo de chantagem comigo, Isa. Eu não vou conseguir recusar - Ela diz acariciando a minha bochecha.

Imagina, eu não vou te obrigar a nada - Digo.

Eu posso ir te fazer algumas visitas. Uma vez a cada dois meses, não sei - Ela diz.

Pode ser - Dou um sorriso falso.

[...]

- Dia seguinte -

Me arrumei e fui para o hospital. Eu dei uma volta por lá e encontrei os mesmos rostos familiares dos internos.

Doutora Monet, que bom revê-la - Uma menina diz.

Obrigada, vim ver como estão as coisas - Digo.

Tudo ótimo, cuidamos de todos os seus pacientes - Um menino diz.

Que bom, sabia que estariam em boas mãos - Digo.

Pessoal, eu queria pedir desculpas pra vocês pelo meu jeito arrogante. Eu não sou assim - Digo.

Eu costumo ser simpática até demais - Digo.

É que a minha vinda pra esse hospital desagradou muitas pessoas e isso acabou me afetando um pouco - Continuo.

É isso, espero que aceitem o meu pedido de desculpas - Digo.

Tudo bem, doutora. Estamos acostumados - Um menino diz.

[...]

Segui até a sala da Hanna e bati na porta. Ela pediu para entrar e assim eu fiz, a encontrando cheia de papéis sobre a mesa.

Isabela - Ela se levanta e me cumprimenta.

Tudo bem? - Pergunto.

Tudo sim e com você? - Pergunta.

Indo - Rio.

Achei que só viria na próxima semana - Ela diz.

Terminei tudo por lá e vim um pouco antes para visitar a minha mãe - Digo.

Entendi - Ela diz.

Estou atrapalhando? - Pergunto.

Não, foi até bom vir. Sente-se - Ela diz e eu me sento, ela faz o mesmo.

Isso aqui, é seu - Ela diz pegando um dos papéis e me entregando.

𝙴𝚇 𝙰𝙼𝙾𝚁: 2° 𝘛𝘌𝘔𝘗𝘖𝘙𝘈𝘋𝘈 | 𝗝𝗼𝗻𝗮𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗖𝗮𝗹𝗹𝗲𝗿𝗶Onde histórias criam vida. Descubra agora