𝙲𝙰𝙿Í𝚃𝚄𝙻𝙾:85

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- Três dias depois -

Chegou ao fim os três dias que ela ficaria com a gente e eu estava arrumando as coisas dela na mochila. Esses dias foram muito tranquilos, ela é um verdadeiro anjinho, sempre obedece, não faz birra, é um amor. Ela acabou com todos os doces que compramos para ela e nós brincamos juntos de tudo que é possível. Eu desci até a sala e o Jonathan estava lendo um livro de princesas para ela.

E então ela mordeu a maçã envenenada e acabou entrando em sono profundo - Ouço ele dizendo.

Muito burra, né? - Maristela pergunta e ele ri.

Está na hora - Digo.

Já? - Jonathan pergunta.

Sim - Digo.

O que você achou? Gostou desses dias aqui em casa? - Jonathan pergunta.

Sim, vocês são muito legais comigo - Ela diz.

Você gostaria de fazer parte da nossa família? - Pergunto ficando na frente dela.

Ela pensou um pouco e ficou com um olhar confuso, depois concordou com a cabeça e me abraçou.

Que bom, meu amor - A aperto.

Você vai ser muito feliz, pequena. Pode ter certeza que nós faremos tudo que estiver ao nosso alcance - Jonathan diz e ela pula para o colo dele.

Eu sinto muita falta da minha mamãe e do meu papai, mas eu sei que eles não vão mais voltar, por isso vocês apareceram - Ela diz.

Saiba que nós não estamos aqui para substituir ninguém, tá bom? Nós só queremos o seu bem e a sua proteção - Digo.

Eu sei, tia. Muito obrigada - Ela diz abraçando nós dois ao mesmo tempo.

[...]

Nós tínhamos chegado na ONG e fomos direto para a sala da Rebeca. Batemos na porta e depois entramos. A Maristela foi abraçá-la e depois voltou ao nosso lado.

Gostou? - Rebeca pergunta.

Muito. A gente brincou muito e assistimos muitos desenhos - Ela diz animada.

Será que a gente pode começar com a papelada então? - Rebeca pergunta.

Com certeza - Jonathan sorri.

Sim - Maristela diz.

Até lá, você continua com a gente, tá bom? - Rebeca pergunta.

Tudo bem - Ela diz desanimada.

Relaxa. A gente vai voltar para te buscar, é uma promessa - Me agacho na frente dela e sorrio.

Vai brincar com as suas amigas, precisamos ter uma conversa de adultos agora - Rebeca diz e a Maristela sai correndo da sala.

Vocês trouxeram tudo? - Ela pergunta.

Sim, todos os documentos - Digo pegando uma pasta na mochila.

A Rebeca fez tudo que precisava ser feito e disse que agora é só aguardar. Nós conversamos bastante e eu consegui me abrir com ela e contar tudo que aconteceu com a gente, eu recebia um carinho de Jonathan na perna na intenção de me passar conforto. Nós nos despedimos dela, da Maristela e fomos para o carro.

Você acha que tem alguma possibilidade de negarem? - Pergunto enquanto passo o cinto.

Eu espero que não - Jonathan diz.

Nada pode dar errado, nada - Digo respirando fundo.

- Alguns dias depois -

Hoje era o primeiro jogo do São Paulo na temporada e ia ser no Morumbi. Nós estávamos nesse exato momento no ônibus à caminho do estádio. Eu abria o WhatsApp umas cem vezes por dia na esperança de ter alguma novidade sobre a adoção, estava demorando muito para recebermos um retorno da Rebeca.

Nós visitamos a Maristela algumas vezes durante esses dias e ela ficava perguntando quando íamos levá-la para casa. Eu já conversei com a minha mãe e ela adorou a novidade, disse que gostou muito da menina. O Jonathan já comentou algo com a família também, eles amaram a iniciativa.

[...]

Relaxa, amor - Jonathan diz tomando o celular da minha mão.

Eu não sei o que está acontecendo, Jony - Digo nervosa.

Calma, precisamos de paciência - Ele diz.

Não dá, não sei porque está demorando tanto - Digo angustiada.

Não demora tanto assim. Eles vão negar essa guarda pra gente - Digo com os olhos aguados.

Afasta esses pensamentos negativos, vai dar tudo certo - Ele diz limpando os meus olhos.

Chegamos no estádio e os meninos foram se aquecer, eu não subi com eles, fiquei no vestiário encarando a tela do celular. Eles voltaram para colocar o uniforme e eu saí de lá um pouco. Fui até a cozinha e tomei um copo d'água, depois voltei.

Vocês estão todos bem? - Pergunto e eles concordam.

Eu estou subindo então - Digo.

Dei uma última encarada em Jonathan e ele me olhou preocupado. Eu fui subindo as escadas com o Lucas e senti a atmosfera do estádio lotado. Como eu senti falta disso. Nós fomos até o banco e ficamos sentados, alguns minutos depois os reservas começaram a aparecer por ali.

A equipe titular subiu ao gramado e o Morumbi estava ensurdecedor. Foi reproduzido o hino nacional e o jogo foi iniciado com o Jonathan dando o primeiro toque na bola. O jogo estava bem desestabilizado por ser o primeiro da temporada, estavam todos sem ritmo.

O jogo acabou em um empate tedioso, sem muitos lances que levaram perigo. Os jogadores aplaudiram a torcida e foram descendo para o vestiário. Eu desci também mas fiquei esperando os jogadores na área de imprensa. Eles começaram a vir de banho tomado e foram caminhando para o ônibus para irmos embora. O Jonathan parou para dar uma entrevista e depois continuou andando, encontrando comigo.

Não fica assim, meu anjo - Ele me abraça.

Impossível - Digo o apertando.

Ficamos um bom tempo nesse abraço, era muito confortante e me acalmava demais. Nos separamos e o meu celular vibrou no meu bolso.

𝙴𝚇 𝙰𝙼𝙾𝚁: 2° 𝘛𝘌𝘔𝘗𝘖𝘙𝘈𝘋𝘈 | 𝗝𝗼𝗻𝗮𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗖𝗮𝗹𝗹𝗲𝗿𝗶Onde histórias criam vida. Descubra agora