9

86 22 22
                                    


Sabe para onde temos que ir? — perguntei a Renoward, horas depois de sairmos. A distância era maior do que parecia no mapa.

Antes que ele pudesse responder, Aaden se aproximou o bastante para que as assas dos pégasos não batessem umas nas outras.

— Nós vamos pousar — disse. — Já está escurecendo e Zylia precisa descansar.

O soldado assentiu e redirecionou o pégaso para o solo.

Enquanto descíamos, um pouco acima das altas nuvens, por entre as árvores da floresta densa próxima à fronteira, avistei algumas altas montanhas bem longe no horizonte. Cinzentas, retas e difícil de enxergar o tipo de pedra, eram as montanhas mais altas que eu já vi.

Desci do pégaso, me aproximando de Aaden, que já alimentava seu animal com um pouco de cenoura.

Ele me olhou de soslaio e aproveitei a oportunidade para indicar as montanhas com a cabeça.

— Montanhas em Rafflésia, huh? Não me lembrava de terem dito que existiam montanhas aqui.

O soldado riu.

— São as Montanhas de Teralta. Ninguém gosta de chegar perto. Nosso objetivo é apenas passar reto.

— Por que não chegam perto?

— Dizem que tem algo ou alguém por lá.

— O que teria lá perto? Kedi?

Ele riu e eu sorri.

—Não, Gaëlle. Eu não sei dizer, nunca cheguei perto.

Eu levantei as sobrancelhas, apoiando o peso do meu corpo na perna direita enquanto abria um sorrisinho convencido e cruzava os braços. Acabara de ter uma ideia horrenda, mas que poderia ser digna do risco.

— Então será a sua oportunidade de chegar perto — avisei. — Vamos para lá ao amanhecer.

Aaden Portos me olhou, quase aterrorizado.

— O quê? Está louca?

Eu ri, negando com a cabeça.

— Na verdade, estou tão sã que quero ir para lá. Não deve ter algo perigoso nas Montanhas de Teralta.

Senti os olhos de Renoward sobre mim antes mesmo que este aparecesse no meu campo de visão.

— Parece que você acabou de responder a própria pergunta — disse, enfiando as mãos enluvadas no bolso. Não importava o quão calor estivesse, suas mãos sempre permaneciam enluvadas e o rosto sempre coberto pela máscara preta, impermeável e dura.

Eu o olhei, encarando os olhos verdes vibrantes e misteriosos. Eu queria poder entendê-lo; não era capaz disso.

— Sério?

Ele desviou o olhar, observando as montanhas de Teralta, que pareciam grandes muralhas de pedras cinzentas.

— O Jardim fica naquela direção.

— E você sabe o que tem lá perto?

Ele apenas baixou os olhos para mim, me observando por um tempo.

— É um bom mistério — disse.

Renoward não sabia. Não sabia se deveria me sentir vitoriosa e feliz, ou se deveria estar preocupada. O sábio príncipe de Sulman não sabia o que havia próximo às montanhas. Renoward sempre sabia de tudo.

Virei a tempo de pegar a garrafa de água que Eliya arremessou em minha direção com um sorriso convencido.

— Está com medo, Gaëlle? — provocou.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora