— Vamos voltar para Álix? — A voz de Ercan foi o que me despertou.
Zylia já estava de pé, ainda com as pernas bambas, mas conseguia ajudar a carregar as coisas.
Eu olhei para Ercan, que me observava, com seus olhos azuis tão claros quanto o céu. Chegavam a ser cinzentos. As mãozinhas do gêmeo estavam inquietas e ele dava mini pulinhos de felicidade.
Barrie apareceu de repente, correndo e pulou em cima do irmão, quase derrubando-o.
— Ercan, você comeu todos os waffles?
— O quê? Eu não.
— Claro que foi você. Tia Alyssa disse que foi.
— Não foi não. Estive aqui o tempo todo perguntando para Gaëlle se nós vamos voltar para Álix, mas ela está um pouco distraída.
Barrie virou de olhos arregalados e um sorriso banguela enorme.
— Nós vamos voltar para Álix?
— Eu...
Olhei para Ayaz, que se aproximava com um sorriso e um olhar desafiante.
— Vamos voltar, Gaëlle?
Revirei os olhos. Ás vezes me esquecia que ele era um rei. Mas deveria me lembrar que era tão jovem quanto todos nós; não acho que a riqueza havia lhe subido à cabeça.
— Eu não sei. Preciso falar com Zylia sobre isso. — Me levantei, batendo a roupa e limpando a sujeita que não existia.
— Esteve aqui esse tempo todo e não falou?
— Você deveria parar de implicar com ela.
Ele revirou os olhos, fechando a cara.
— É ela que implica comigo.
Eu levantei uma sobrancelha, observando seus olhos azuis.
— Você deveria arranjar alguém melhor para defender — disse. — Ela não presta, Gaëlle. — E se aproximou, abaixando a voz. — Acredite no que eu digo, Zylia não é uma santa. Ela deve falar muito mal de mim, é claro, mas ela também não é flor que se cheire.
— Ninguém é perfeito, Ayaz.
Ele riu baixo, repuxando o canto da boca, em um sorriso que devo admitir ser bonito.
— É mesmo? Por que não diz o mesmo para a sua tenente?
Com isso, olhou para os gêmeos, que nos encaravam confusos. Barrie pareceu querer chorar quando olhou Zylia, de longe, enquanto a tenente trocava algumas palavras com Alyssa.
Ayaz agachou-se na frente da menina, que o observou, hesitante.
— Você não pode falar isso dela — disse Barrie. — Ela nos ajudou quando precisamos.
— Eu sinto muito — disse Ayaz. Por um momento, vi em seus olhos o brilho de uma dor profunda. Uma dor que ele carregava havia muito tempo. — São novos demais para ouvirem isso.
— Ela vai machucar a gente?
Ayaz negou rapidamente.
— Não! Não, de forma alguma.
O rei observou Zylia de longe e como se o rancor e a falta de benevolência tomassem seu coração, ele se voltou para as crianças.
— Ela não vai atingir ninguém durante muito tempo.
Ele se levantou, com pesar nos olhos. Consegui ver a angústia por sua boca curvada e os olhos azuis tentados a perder o brilho.
— Venham. Tia Alyssa vai ajudar vocês.
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Arthora | A Espada de Vanella
Fantasy[Obra concluída ✔] Quando o relógio marca meia-noite, uma perigosa linhagem de monstros é desencadeada, revelando um lado obscuro da humanidade que Gaëlle jamais imaginou existir. À medida que a garota se lança em uma busca desesperada pelos misteri...