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Duas semanas passaram tão rápido que nem mesmo Zylia notou.

Neste meio tempo, eu me recuperei e começamos a voltar aos poucos. Mudamos a rota; ao invés de Parvin, partiríamos para Tuorc, o reino de gelo. Zylia não pareceu empolgada, mas eu estava, de certa forma. Nunca havia saído de Uxtan e qualquer lugar novo que fosse um pouco seguro seria incrível.

Renoward me devolveu as cartas quando voltou. Primeiro, as abracei com toda força. Depois, olhei uma por uma, procurando quais haviam se perdido. Infelizmente, a quarta, a sexta e a sétima carta não estavam mais ali.

A autópsia de Hale também foi queimada. Renoward disse que só teve tempo de me puxar, segurar as cartas e a única prova contra Eliya enquanto corria para fora antes de a tenda desmoronar.

Aaden confirmou que o corpo de Eliya foi queimado lá, e não sobrou sequer um indício de sua existência, a não ser as cinzas. Eu não precisei de muito para convencê-lo a ir atrás de alguma cópia ou registro sobre Hale. Portos encontrou uma ficha que dizia apenas o tipo de veneno usado para matá-lo. Depois de pesquisarmos os efeitos colaterais, decidi parar de procurar.

Hale sofreu durante doze horas, enquanto o veneno fazia efeito, antes de sufocar até a morte. Não há nenhum tipo de cura para o tipo de substância usada e, mesmo não tendo ideia se o rei de Tuorc teve algum esforço para salvá-lo, era impossível. Nada poderia salvar meu irmão.

Eu tracei uma rota diferente. Antes, iriamos para Parvin por ser um dos reinos abandonados e depois partiríamos para Uxtan. Agora, precisaríamos ir para Tuorc pela chance de Eliya ter relatado algo a Ridgar ou a Ayllier.

Repuxei a coberta até a minha cintura, observando os mapas na minha frente, além do caderno de anotações. O mapa do Imperador ainda reluzia. O outro era o mapa do mundo todo. Sabia que a Torre dos Sete Elementos poderia estar em qualquer lugar e eu tinha algumas sugestões, mas isso não levaria a nada.

Estava no quarto, depois que Renoward me liberou da enfermaria. Não fazia ideia de como, mas o soldado tinha mais conhecimentos medicinais do que eu imaginava. Não era profissional, mas sabia muita coisa, talvez para a própria sobrevivência.

A casa do príncipe de Sulman ficaria fechada por um tempo, enquanto investigavam o espião mandado. Algo me dizia que Renoward já sabia algumas coisas.

Remexi nas anotações, pensando em como localizaria a Torre sem bússola nem nenhum tipo de objeto. Talvez o rei de Tuorc tivesse alguma informação valiosa. Caso contrário, teríamos que viajar na base do chute.

O Colecionador de Ossos mencionou que alguém do grupo sabia a localização da Torre, mas se essa pessoa era Eliya Suormeni, então de nada adiantava.

Reprimi um movimento brusco quando uma forte batida na porta quase me fez pular para fora da cama. Encarei a porta de madeira acinzentada enquanto, sutilmente, puxava uma adaga de debaixo do travesseiro.

Depois de tudo o que aconteceu, Renoward me instruiu a sempre ter uma arma por perto, mesmo da menor que fosse.

Observei a maçaneta mexer devagar, fazendo com que a porta se abrisse o mínimo possível. Observei a fresta, tentando enxergar o que me olhava do outro lado.

Respirei fundo, relaxando um pouco, quando percebi um olho de cor acinzentada espiar. Continuei encarando, apurando os ouvidos. Seja quem fosse, já desconfiava. Os dois haviam sumido durante as duas últimas semanas. Era de se imaginar que uma hora apareceriam.

Sorri ao ouvir os murmurinhos.

— Me deixa ver, Ercan!

— Espera. Eu tô olhando pra ver se ela não está dormindo.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora