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Quando o vento soprou contra nossos corpos e quase fizeram as árvores colidirem contra os montes, eu me ajoelhei na trilha, sentindo o peito arfar, o coração doer e a mente implorar por liberdade.

Meu estômago revirou quando a mão enluvada desceu, oferecendo ajuda. Eu soquei sua mão, vendo-o não ter reação alguma.

Quando mais nos aproximávamos de Uxtan, mais eu sentia medo. E era involuntário, era minucioso e astuto, e começava a subir com calma, porém me apavorava mais do que um felino.

Era como caminhar para a própria morte. Para o que você sabia que poderia acabar com você. Ou como brincar em um jogo de xadrez onde o fim da partida decide seu futuro.

Eu sentia vontade de pedir desculpas e sentia vontade de gritar com todo mundo, mesmo que eu soubesse que não precisava disso.

Aaden, vendo a situação, mesmo confuso, me abraçou durante as horas de caminhada. Eu me agarrei nele enquanto ele guiava os passos, devagar, em direção aos morros de Uxtan.

Quando montamos acampamento, o sol já descia pelo horizonte e a lua retornava com sua grandiosidade e beleza.

Passamos dois dias para chegar na divisa. Ignorei Renoward em todos os segundos possíveis.

E quando anoiteceu na segunda noite, me encolhi próxima à fogueira, desejando que eu não afundasse o barco no mar de novo. Eu pensava no Imperador e no que ele fazia comigo. Me perguntava porquê e questionava toda e qualquer outra ação existente dele.

Se ele podia impedir que Arthora fosse exterminada, porque não mexeu um dedo?

Naquela noite, no breu das árvores que cobriam as estrelas, eu fechei os olhos, sentindo o calor da fogueira esquentar minha pele e desejei que o Imperador me explicasse. Porque, se ele de fato se importava, se ele estava comigo, então eu queria que ele ao menos me dissesse qual o propósito da dor.

Se ele era bom, por que a maldade ainda batia à porta todo dia?

Eu não me movi quando Renoward estendeu o cobertor para mim. Também não me movi quando ele o deixou ao meu lado e estendeu o odre. Quando insistiu, eu neguei.

— Eu não quero — falei.

— Você precisa — sua voz estava tão fria quanto na primeira noite em que estive com ele na floresta.

— Eu não quero nada que vem de você, entendeu? Se eu pudesse, mandava você para o lugar mais distante de Ulyan, só para que ficasse longe de mim!

Eu estava alterada.

Zylia e os gêmeos já dormiam, mas os outros não conseguiam fechar os olhos.

Alyssa recostou a cabeça no ombro de Aaden, que observava a cena com o cenho franzido. Parecia não saber o que fazer.

Os dois vinham interagindo bastante nos últimos dias. Durante nossa caminhada, pude observá-los, de vez em quando, enquanto sorriam um para o outro e tiravam sarro de si.

Observei Renoward revirar os olhos.

— Você está com raiva atoa.

— Atoa? — Eu ri, sentindo a raiva subir pelo meu corpo. — Você está me mandando para Uxtan quando sabe que é Ayllier quem guarda o Jardim!

Observei Aaden esticar os ombros, ficando em alerta. Suas sobrancelhas castanhas se juntaram enquanto ele lançava um olhar para Alyssa antes de se levantar.

— Espera, o quê?

Seus olhos intercalaram entre Renoward e eu. Portos sabia que eu estava falando a verdade, porém sabia também que Renoward não era louco o bastante para cometer uma traição.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora