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A colcha estava esparramada no chão, havia cacos de vidro e porcelana, além de uma faca infincada na parede. Um líquido escuro e pungente havia escorrido de sua lâmina, agora já seco. Um completo caos. Assim estava a casa de Renoward quando chegamos.

Os outros se espalharam pela cidade, cada um resolvendo o que deveria resolver, mas eu e o soldado de máscara retornamos à casa dele.

Havia passos de barro marcados por alguma bota pesada e uma trilha de sangue que levava até a escada e seguia para o andar de cima. Sem esperar qualquer coisa, o soldado seguiu correndo para o andar de cima. Senti sua preocupação cair sobre meus ombros.

Não. Alyssa não. Ela também não.

O segui, sem parar para analisar nada. Talvez devesse, mas não era experiente nisso.

O rastro de sangue seguia até o quarto mais próximo e manchava o tapete da sala que ocupava a maior parte da entrada do corredor.

— Alyssa — chamou Renoward. — Aly? Aly, por favor.

Por um segundo, achei ter ouvido sua voz falhar.

Seguimos os pingos de sangue. Estes, atravessavam o quarto e viravam em direção ao banheiro, onde uma mão ensanguentada marcou o lugar. Este escorreu, deixando uma poça já seca.

Havia um homem caído com uma faca cravada na cabeça na entrada do banheiro. Seu sangue ainda estava fresco, pois era muito. Atrás dele, escorada na parede, a irmã de Renoward estava com uma enorme mancha vermelha no vestido amarelo de flores. Havia manchas na patente, na banheira e até mesmo nas gavetas brancas do cômodo.

A cabeça de Alyssa pendia para o lado e seus lábios estavam brancos.

— Alyssa!

O soldado correu até ela. Sua voz falhou.

Senti minhas mãos tremerem e me arrastei até ela.

— Alyssa. Aly, por favor, não. Você, não. Por favor. — A voz do soldado falhava. O vi engolir em seco enquanto olhava o corpo da irmã. — Você não pode ir. Não ainda. Não agora. Por favor...

Eu me agachei ao lado dele. O soldado a tocou nos ombros, com a esperança de que pudesse voltar.

— Alyssa...

Ele acariciou o braço da irmã, observando, ainda sem entender, a grande mancha vermelha no vestido amarelo de flores. Tocou o seu rosto, como se já sentisse saudade e observou, o ódio de cheiro ácido, seus lábios esbranquiçados.

Não era tão próxima de Alyssa, mas sentir meu coração falhar.

Foi então quando vi o movimento mais mínimo por debaixo do vestido. Se desviasse os olhos, ou estivesse em constante movimento, não teria percebido, mas ainda estava lá. Um sobe e desce repentino e desregulado, porém ainda existia.

Toquei o braço do príncipe, chamando sua atenção. Seu desespero era claro.

— Está viva — sussurrei.

Ele franziu o cenho, observando a irmã.

— O quê?

— Está respirando.

Levei minha mão até o pescoço da princesa, sentindo um fraco pulsar sob dois de meus dedos; uma batimento fraco, mas existia.

— Ela está viva. Só precisa de ajuda.

O soldado levou a mão ao pescoço onde eu havia colocado, checando os batimentos cardíacos.

— Há quanto tempo será que está assim? — perguntei, enquanto ele se levantava e mexia na pulseira de metal.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora