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Pra onde ele foi? Ele estava bem aqui. — Laron segurou um dos guardas. — Ele estava debilitado demais para fugir, onde ele está?

— Nós vamos achá-lo, alteza. Mas precisa vir comigo. Vamos tratar a ferida e você o mata pela manhã ou assim que se recuperar.

Para a minha surpresa, Laron não protestou. Apoiou-se no guarda e começou a caminhar, devagar, de volta ao palácio.

Enquanto tomavam conta para que o príncipe não levasse outro ferimento, alguns guardas começaram a movimentar para que os arthorianos voltassem todos para dentro de casa.

Eles revistariam as casas enquanto isso, então eu não tinha muito tempo para achar Renoward.

Desci da casa, abandonando o guarda no telhado enquanto ele gritava para que eu ficasse parada e desapareci no meio das casas. Encontrei um rastro de sangue no chão o qual eu tentei apagar o máximo possível com algumas folhagens, o barro e o pó da terra, enquanto o seguia.

Por sorte, encontrei o soldado não muito longe do beco, na passagem entre uma roda de água e uma portinhola para algum depósito.

— Renoward.

Meu sussurro foi o bastante para que ele levantasse os olhos de leve, com um leve tom de repreensão.

Observei suas mãos. Cheias de sangue. De alguma forma ele conseguia fazer alguns pontos sobre a grande ferida em sua barriga. Não demostrava sentir dor, apesar de que seu mal humor já dizia muita coisa.

Em questões de segundos, ele terminou de dar os pontos em si mesmo. Com alguns panos velhos jogados no canto, começou a limpar a ferida.

Alcancei um dos panos e corri para molhá-lo na pequena lagoa, trazendo de volta, já torcido.

Sem dizer uma palavra, ele tomou da minha mão e limpou novamente a ferida, com um pouco mais de cautela.

— Você não deveria estar aqui — constatou.

— E você também não.

Seus olhos verdes pousaram sobre mim; frios e rigorosos, de alguma forma não expressavam reação nenhuma.

— Eu sei me cuidar.

— E eu não sei?

— Definitivamente, não.

— O que você-

Sua mão pousou sobre minha boca, impedindo-me de falar. Por alguns segundos, do outro lado do beco, percebi as botas de um dos guardas real. Ficou ali por alguns instantes, perambulando, até que se afastou.

Não tinha reparado que minha respiração estava presa até que Renoward retirasse a mão da minha boca.

Ele se levantou, tão firme que não parecia ter acabado de fazer pontos na própria barriga.

Com um movimento, rasgou um dos panos e amarrou por cima da blusa, fazendo uma faixa.

— Precisamos achar um lugar para passar a noite — disse.

Fique de pé, e de repente reparei, de novo, no quão mais alto ele era.

— E onde você sugere, vossa alteza?

Ele me encarou brevemente, com um certo desgosto. Então, desviou o olhar e começou a andar.

Eu o acompanhei.

Renoward, com cautela, perambulou as ruas de barro sem dizer uma palavra sequer. Eu não sabia dizer se isso significava que ele estava com dor. Mas, vindo de Renoward, parecia mais seu estado natural de ação.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora