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Quando amanhecia em Parvin, os pássaros abandonavam as árvores e corriam para qualquer lugar longe do sol, mas as plantas balançavam, como em uma dança harmônica, como se quisessem honrar um ser maior.

Naquela manhã, na beira de um riacho próxima ao fim da floresta, eu fechei os olhos quando a brisa beijou meu rosto e sacudiu meu cabelo ruivo.

A voz de Renoward da noite anterior soou na minha mente, de repente, quando algo parecia querer me levar de volta ao mesmo pensamento de sempre.

"Já tentou falar com o Imperador?"

Eu não queria falar com ele. Sentia raiva, sentia que ele me queria morta. Mas, no fundo de meu coração, sentia-o bater mais forte, como se apenas o fato do Imperador ser citado na mente, tudo tendesse a voltar-se para ele.

Eu abri os olhos, observando as árvores e as folhas serem sobradas pelo vento, a corrente do rio levar suas pedras para longe e o leve farfalhar das asas inquietas dos pássaros.

Ali, na beira do riacho, eu me sentei, observando meu reflexo na água. Parecia triste, de costas curvadas, perdido.

Desejei afundar nas águas geladas.

Eu negaria isso por muito tempo. Diria sempre que não precisava dele, que poderia ficar longe o bastante. Mas, a verdade era que, no fundo, algo em mim pedia para retornar para casa. Para ele.

Ah, como me arrependi de demorar a obedecê-lo.

Naquela época, não entendia o que era Ulyan. Não entendia o que era a dor. Eu dizia que sabia, mas não era verdade.

Era muito mais que um simples sentimento.

E, definitivamente, não era a raiva do Imperador que irradiava sobre mim.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora