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O braço de Renoward estendeu-se na nossa frente quando nos aproximamos de arbustos grandes que barravam a passagem. Ele fez sinal de silêncio antes que qualquer um dissesse alguma coisa e aproximou-se, observando, entre um e outro galho, o outro lado da Estrada de Jônix.

Quanto mais andávamos, mais amarelos os tijolos no chão ficavam. Estes agora, pareciam recém-pintados; novos demais para os séculos que havia passado desde que fora construída.

A Estrada de Jônix era simplória, entretanto, bem feita. E, aparentemente, muitas pessoas passavam por ali. Encontramos latas de comida aberta por todo o caminho e também garrafas de vinho e rum, algumas quebradas.

Havia vozes, música e um forte cheiro pairando no ar.

Eu me aproximei de Renoward, observando entre os arbustos. Do outro lado havia algo que parecia um alojamento. Com letras robustas e faltosas, uma placa dizia: "Estância das Apostas".

— O que é isso?

Renoward me olhou de canto de olho antes de voltar a observar o local.

— É uma casa de apostas com uma pousada acoplada.

— Não vejo uma casa de apostas há muito tempo — disse Aaden, aproximando-se.

— Talvez porque quase não existam.

— Por quê? — perguntei.

Eles me observaram.

Alyssa se juntou a nós, e os outros vieram atrás.

— Existia antes da escravidão, mas um dos reis de Arthora decidiu que não era bom e derrubou todas. Essa foi construída depois da guerra, após não ter mais rei para vasculhar sobre isso.

— Esse papo me entedia — disse Ayaz.

Zylia revirou os olhos.

— Acha que podemos ir por aqui, Renoward? — perguntou a tenente, observando o soldado.

— Eu não sei. Dar a volta não me parece uma opção.

— Por quê?

— Veja você mesma.

Nós todos fomos observar. Ao redor da casa de apostas, havia uma grande ladeira. A Estrada de Jônix foi construída em cima de um alto morro, por um estreito caminho, mas era um lugar seguro para chegar em Uxtan, e próximo de Parvin.

A Estância das Apostas era o único meio de chegar do outro lado. Tomando de uma ponta a outra, tapava nosso único caminho.

Eu olhei para os meus amigos. Zylia engoliu em seco. A mão de Barrie apertou a minha quando eu a observei.

— O que pode ser tão ruim em uma casa de apostas?

— Além de pessoas bêbadas, barganha e idolatria — disse Aaden, logo antes de negar com a cabeça. — Não é um ambiente saudável, entende?

— Eu pensei que idolatria só existisse em templos.

— Existem vários tipos, Gaëlle. Nenhum deles agrada ao Imperador. A gente tenta evitar, mas... aqui estamos nós.

Renoward cruzou os braços.

— É. O problema desse lugar, é que não vamos poder passar sem apostar. Ninguém entra em uma casa de apostas só para observar ou para chegar ao outro lado.

— Nós entramos — disse Aly.

O soldado mascarado negou.

— Não. Aquilo foi diferente. Em nenhum momento tínhamos a mesma posição de agora.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora