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Quando a dor me atingiu, eu quis perder a consciência. Senti minha cabeça bater em alguma coisa dura; alguém gritou, alguém correu.

Não sei, não vi quem.

De repente, tudo se tornou um mundo borrado. E as vozes ficaram distantes e abafadas, e os sons indistinguíveis me faziam ter calafrios.

Sei que uma flecha passou raspando na minha orelha porque senti o aço gelado dela roçar minha testa. Também sei que alguém, na pressa, quase pisou na minha mão, mas eu não ouvi um pedido de desculpas.

Não quis me mexer. De repente, o sono me atingiu junto com o desejo de estar em casa, na cama enrolada em cobertores enquanto a chuva caía lá fora. Enquanto o conforto me abraçava.

Vi os vislumbres dos olhos verdes e o cabelo preto, mas ele não se aproximou para me ajudar. Ninguém o fez.

Tentei me concentrar. Vamos, coloque a cabeça no lugar.

Abri os olhos. Ouvi tiros de todos os lados. Ninguém no meu campo de visão.

Agarrando a terra, eu me arrastei, me colocando debaixo de um tronco de árvore, dentro de um buraco pequeno, que funcionava quase como uma tigela gigante, enquanto eu evitava gritar. Com uma mão, ainda meio cega e chorando com a dor que se alastrava pelo meu corpo, agarrei a flecha, tentando puxá-la.

Mãos me pararam.

Ayaz.

— Não arranque isso.

O rei retirou uma tira de tecido da bolsa e fez uma atadura folgada com cipó e gramíneas.

— Tirar agora só vai piorar. Espere até estar seguro.

Ele se levantou.

— Ayaz.

— Sim?

— O que está acontecendo?

Ele não pôde me responder porque alguma coisa me atingiu forte na cabeça.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora