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Quando o jato explodiu, nós estávamos do lado de fora.

Com velocidade, Renoward voou para cima de nós, acompanhado de Aaden, usando os próprios corpos como escudo para que os cacos de vidro não nos cortasse.

Um deles, entretanto, conseguiu cortar minha orelha antes que o braço forte do soldado me puxasse.

Eu fui jogada para trás, arrastada no chão, sentindo a fumaça já invadir minhas narinas quando quase perdi a audição pela explosão que aconteceu ao meu lado.

Acho que gritei em plenos pulmões, mas eu não ouvi.

Minha visão embaçou pelo pó e poeira. Eu tossi, sentindo o medo me atingir e o coração bater mais rápido. Com as mãos trêmulas, levei a mão à garganta, como se aquilo pudesse tirar o que me sufocava.

Alguém apareceu no meu campo de visão.

Com um pouco de esforço, vi olhos verdes vibrantes em cima de mim.

As mãos de Renoward, enluvadas, pousaram brevemente no meu pescoço, sentindo a pulsação antes de ele me pegar pelo braço, de forma robusta, mas delicada e me ajudar a levantar.

Minha cabeça rodava quando ele me entregou uma garrafa, com água ainda gelada, e guiou minha mão para que eu conseguisse tomar.

O soldado disse alguma coisa. Eu não entendi. Estava abafado, sem sentido.

E então, observei o que havia em minha frente.

Uma grande parede, quase holográfica, que oscilava entre o azul e o prateado, nos cercava, como um campo de força. Do chão, uma fumaça cinzenta, quase pesada, erguia o escudo, sustentando-o.

À minha esquerda, Zylia parecia prestes a desmaiar, com o corpo pendido para o lado, como se fosse cair e se desmanchar.

Eu observei Renoward, ainda me sentindo zonza.

Quando voltei meus olhos para Zylia, ela levava a mão ao coração e pareceu gritar quando caiu de joelhos. A Névoa que nos cercava se dissipou no exato momento em que a tenente curvou-se sobre o chão.

De repente, minha audição voltou.

Eu quase gritei.

— Renoward!

Ele me observou.

Ao meu lado, Aaden aproximou-se de Zylia, observando-a com as sobrancelhas unidas.

— Estou bem — afirmou a tenente. — Só é pesado demais.

Não consegui prestar mais atenção quando os dedos enluvados de Renoward tocaram meu queixo, fazendo com que meus olhos se voltassem para ele.

O soldado me analisou.

— Você está bem?

Eu assenti.

Ele me puxou para cima com destreza, sem dificuldade nenhuma, sem fazer força alguma. Observei Zylia. Estava ofegante, com os lábios esbranquiçados e os braços tremendo.

Alyssa correu em nossa direção, assistindo Zylia, parecendo não saber como oferecer ajuda. Do outro lado, Ayaz estava ao lado dos gêmeos, com as mãos sobre suas cabeças como um instinto protetor. Apesar de achá-lo um insolente, o rei de Tuorc, naquele momento, me parecia humano. Com um semblante preocupado e o nariz levemente espremido pela angústia, ele observava Zylia, de longe, com os dentes cerrados. Mas eu sabia que ele não lhe desejava a morte, e sim, que estava aflito por ela.

Eu observei Renoward.

— O que aconteceu aqui?

Ele não me olhou ao dizer.

Arthora | A Espada de VanellaOnde histórias criam vida. Descubra agora