Capitulo 3

7.3K 458 54
                                    

Falcão. - Rio de Janeiro, 13 de fevereiro, penitenciária.

Porra, finalmente liberdade depois de quase quatro anos em cana. E a primeira coisa que eu vou fazer é pegar o que é meu de volta!

Mal saí da penitenciária e já falei com Danone pra separar uma equipe foda pra invadir aquele caralho e pegar de volta o morro. Lá de dentro eu sabia o que os vermes estavam fazendo com os moradores, uma humilhação do caramba pra nada. Mulher, criança, os moleques, qualquer um passava por isso na mão deles.

E tava na hora de vingar.

Era nisso que eu estava pensando nos últimos três meses quando soube que a liberdade ia cantar.

- Fala chefe, já tava sentindo tua falta. - fiz toque com ele e puxei o desgraçado pra um abraço.

- Fala Danoninho. Não posso dizer o mesmo, lá dentro eu tava na pura paz. - falei e ele desfez o sorriso me dando o dedo do meio.

Danone era um dos únicos que tinha essa liberdade comigo, porque crescemos juntos e ele sempre foi meu braço direito. Na frente dos outros ele me tratava com respeito, como o chefe dele, mas quando tava nós dois era só resenha.

- Vamo lá pra Vila Kennedy, já preparei os caras, tá geral avisado que tu tá livre. - ele falou abrindo a porta do carro do motorista e me dando a chave.

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer... dirigir.

- Disso aqui eu tava com saudade. Porra, pensei que nunca mais fosse fazer isso. - eu apertei o volante e dei uma respirada pra sentir melhor o cheiro do carro novinho em folha que pedi pra comprarem.

- E de mim não? - ele fez drama sentando no banco do passageiro.

- Claro que não! - neguei mas só eu sabia o quão ruim era estar ali dentro sem ter ninguém assim pra trocar ideia.

- O que tu quer fazer antes de assumir a Maré? - ele perguntou quando eu dei partida no Audi.

- Primeiro eu quero comer uma puta de verdade. Essa porra de visita intima é um pesadelo, os caras ficam te olhando enquanto tu transa, maluco demais.

- É sério que tu sai do presídio e pede logo buceta? Cara tem tanta coisa pra você fazer. - ele falou e eu neguei com a cabeça.

- Não porra, eu quero isso primeiro, vai atrás de uma morena bem gostosa que só queira foder e meter o pé, tu sabe o que eu gosto. - ele me encarou e eu analisei seu rosto quando ele revirou os olhos e assentiu. - Bom menino. - dei dois tapas no pescoço dele.

(...)
- Valeu Falcão, qualquer coisa você tem meu número. - a piranha piscou e se aproximou pra beijar minha boca, mas eu virei o rosto e ela beijou minha bochecha e saiu do meu barraco já vestida. Não sou fã de beijo na boca, é uma trocação íntima demais, não é pra qualquer uma.

Mas foi uma transa boa, estava sentindo falta disso.

Vesti uma calça de tecido mais grosso que tava no meu armário e só peguei uma camisa do meu fluminense jogando pelo ombro.

- Demora da porra. - Danone entrou na casa e olhou pra cama com cara de nojo.

- Tem que fazer o trabalho bem feito, né filho da puta. Se tu não faz é problema teu!

- Vamo? - ele chamou e eu só concordei com a cabeça.

Peguei o amor da vida do papai, meu fuzil, e atravessei ele nas costas, mais uma pistola e algumas munições. Era preciso estar armado até os dentes pra um confronto como esse.

Entramos na van onde metade dos moleques já estavam e começaram a dirigir até o Complexo da Maré que vai ser o meu lugar a partir de hoje. Eu sou um cara pé no chão, mas se eu quero algo eu vou até o fim pra ter o que eu desejo.

RENASCER [CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora