Capítulo 42

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Carolina. - Rio de Janeiro, 01 de junho, Complexo da Maré. 01:20 AM.

Virei na cama sentindo o braço de Falcão me rodear. Ele se acostumou a dormir assim, agarrado comigo e eu não acho ruim não. Mas o problema é que hoje eu não consegui pregar os olhos, eu virava pra um lado e pro outro na cama dele enquanto ele tava em um sono pesado.

Acabou que não fui pra casa, preferi vir dormir na casa dele enquanto Tamires dormia com Natan na minha casa. Mas dormir tava impossível.

Eu fechava os olhos e minha mente me levava lá no baile quando Falcão atirou no homem que tava dando em cima de mim. Se por tão pouco ele fez isso, imagine o que faria por outras situações. Eu não quero ficar com minha consciência pesada.

- Para de pensar demais, morena. - ouvi a voz de Thiago que me apertou mais contra ele e respirou no meu pescoço.

- Não tô conseguindo dormir. - ele beijou meu ombro e fez um carinho no meu cabelo.

- No que tu tá pensando? - ele perguntou e eu me virei pra encarar ele que tava com a cara amassada de sono.

- No que aconteceu. - falei e ele concordou com a cabeça.

- Tá arrependida de ter aceitado ser mulher de bandido? Essa é a minha vida, princesa, mas se você quiser pular fora, esse é o momento. - ele falou e eu neguei com a cabeça.

- Não tô arrependida, eu tava ciente das consequências. - eu falei e ele me olhou rindo de lado.

- Então porque isso tá tirando teu sono?

- Eu não sei. Não quero ser culpada pelo mal que acontecem com as pessoas, já pensou se aquele cara tivesse morrido? - eu falei e ele me olhou franzindo a testa.

- Você não é culpada por nada. Ele mesmo cavou a própria cova, tá mexendo com o que é meu, vai ser cobrado. Tá entendendo?

- Tô. - falei simples e sorri de lado.

- Então bora dormir. Quer um chá pra ajudar? - ele ofereceu e fez uma cara safada.

- Tarado.

- Por você. - beijou minha boca num selinho e eu ri fechando os olhos sentindo a mão dele fazendo um carinho nos meus cabelos, e em algum momento acabei pegando no sono.

(...)

O cara encapuzado chegou na festa, me olhou e atirou pra cima de Daniel me fazendo gritar, mas ao olhar pro corpo de Daniel, na verdade não era ele, era Falcão no seu lugar. Estava cheio de sangue ao seu redor e seus olhos abertos assustados olhando bem na minha direção, sem me restar dúvidas que ele tava morto.

Saltei da cama no susto e percebi que estava sozinha no quarto, tinha acabado de ter um pesadelo, uma releitura daquela noite fatídica pra mim. Respirei fundo e olhei ao meu redor vendo que a roupa que Thiago usava ontem tava no cesto de roupa suja e o guarda roupa dele tava mexido.

Me levantei da cama ainda meio aérea, fui direto pro banheiro pra escovar meus dentes e tomar um banho bem rápido.

Coloquei uma roupa minha que estava no guarda roupa dele, e eu nem me lembrava como foi parar ali, mas estava.

- Falcão? - o chamei baixo e não obtive resposta. Fui andando pelo corredor até as escadas, procurei pela cozinha e nada.

Peguei meu celular no bolso e antes de mandar mensagem pra ele, vi que já tinha uma mensagem que ele deixou há duas horas atrás, dizendo que precisou sair pra trabalhar, mas já voltaria.

Eu poderia esperar ele aqui, mas queria ver meu filho. Por isso, tranquei a casa e atravessei a rua, abri a porta da minha casa e encontrei com Natan pintando em cima da mesa de centro da sala.

- Oi, amor da minha vida! - fui até ele beijando seu rosto e ele sorriu.

- Oi mamãe. - ele me abraçou pelo pescoço.

- Já tomou banho e tomou café? - perguntei e ele concordou com a cabeça. - E cadê sua tia Tamires?

- Tá na cozinha fazendo café.

- Fica aí quietinho que eu vou lá com ela. - falei e ele só concordou.

Tamires estava fazendo ovo mexido pra colocar no pão quentinho que tava na mesa e estranhei porque ela ainda tava com roupa de dormir, não teria ido comprar desse jeito.

- Quem trouxe pão? - eu perguntei e ela deu um pulo de susto.

- Ai Carolina, faz isso não. - gargalhei e ela ficou vermelha.

- Quem foi que trouxe ein? - questionei mais perto dela que tava quase explodindo de tanta vergonha.

- O Matheus. - ela falou baixo, quase não deu pra ouvir. Meu sorriso triplicou em questão de segundos.

- Tamires? - eu não precisei falar nada e ela só concordou com a cabeça. - Desde quando?

- Já tem umas duas semanas, a gente tá se conhecendo. - ela falou e eu concordei.

- Eu, sua irmã e agora você. Envolvidas com envolvido. - eu falei e ela gargalhou.

- Eu não tô envolvida com ninguém, eu tô só conhecendo ele.

- Isso é só questão de tempo, meu amor. - falei e peguei uma maçã na fruteira pra comer.

- Veremos. Eu sei que não quero nada agora, tô de boa! - ela falou e eu a encarei com os olhos cerrados.

- Eu falava a mesma coisa, e cá estou eu. - falei e ela riu de lado. - Mas deixa acontecer, se for pra ser, vai ser.

- Te amo. - ela falou e beijou minha bochecha. - Quer que eu faça ovo mexido pra você?

- Não, tô sem fome. Daqui a pouco eu como. - falei e ela assentiu.

Fui pro meu quarto e percebi que tava uma bagunça, na hora de me arrumar ontem acabei não colocando as coisas em seus devidos lugares, e eu já sou cistemática com organização.

Comecei a arrumar tudo e quando estava perfeito, fui pra sala ficar com meu bebê. Eu não conseguia ficar muito tempo longe dele e quando ficava, sentia meu peito apertar. Meu filho é o ser humano mais importante pra mim.

RENASCER [CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora