Capítulo 52

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Falcão. - Rio de Janeiro, 20 de agosto, Penha. 10 minutos depois.

Foram mandados pra mim, mais de cem homens, a guerra era feia.

Eu poderia deixar só Carolina sair de lá. Mas a minha família ainda estaria em risco, eu precisava eliminar o peixe grande do PCC, meu maior rival. Fabinho era o dono da Penha, ele por algum motivo me odiava, mas eu pouco me importava.

Ele tá envolvido com o sumiço da minha mulher e eu queria a cabeça dele numa bandeja.

A van que eu estava estacionou duas ruas antes da Penha. Danone me olhou e balançou a cabeça.

- Tamo junto, irmão. Até que a morte nos separe. - ele falou e eu ri mesmo estando tenso.

- Porra, é casamento agora? - eu falei e ele riu também.

- Bora acabar com a raça desses filhos da puta. - ele falou e eu concordei com a cabeça.

- É disso que eu tô falando. Não quero que deixem passar nada, ein! Quero Fabinho morto, quem encontrar com ele tem liberdade pra atirar até derrubar, não quero erro não.

- Beleza, chefe.

PH veio perto de mim e eu olhei ele que balançou a cabeça confirmando que Carolina já tava fora da Penha, e tava protegida.

Agora é guerra!

(...)

- Derrubei um aqui no beco, na rua do bar. Mas fui atingido, porra. - ouvi um dos vapores falar, e em vinte minutos de invasão, ele foi o primeiro.

- Nada do Fabinho? - eu perguntei no radinho.

- Ele fugiu pra mata, na parte de trás. Isso tem uns dois minutos, não deve tá longe não, tô indo atrás dele. - outro vapor respondeu e eu larguei o que tava fazendo pra correr no meio do fogo cruzado e ir pra onde o filho da puta tinha ido.

Corri pelos becos me lembrando da infância que vivi aqui. Esse lugar me trás lembranças boas demais, mas ao mesmo tempo me faz lembrar que foi aqui que meu pai e minha irmã morreram, foi aqui que acabaram com a minha vida.

Continuei correndo e atirando em tudo o que se movia na minha frente.

Cheguei na parte de trás do morro onde tinha uma mata, fui correndo e me protegendo com o braço pra nenhum galho pegar no meu rosto.

Ouvi passos e parei no lugar pra tentar ouvir de onde vinha. Ouvi um disparo e me abaixei na hora ainda procurando a direção que veio. Olhei de relance vendo um vapor meu correndo e bem atrás dele estava Fabinho.

Só deu tempo de gritar, e o vapor tava no chão com um segundo tiro de Fabinho na direção dele, um tiro nas costas.

Me escondi e fiquei ali ouvindo os passos se aproximarem. Me levantei rápido e atirei pra cima de Fabinho que tava desprotegido, tava de costa pra mim, e tava voltando pro morro.

- Filho da puta! - ele gritou quando eu acertei um tiro na perna dele, conseguindo o derrubar.

Me aproximei e ele deu uma risada sarcástica quando viu que era eu.

- Tu tá muito fodido, Fabinho. - falei e aquele sorriso nojento não saía do rosto dele.

- Tua mulher é uma gostosa, sabia? Porra, tomara que dê tempo de aproveitar ela, que nem meu pai se aproveitou da tua irmã! - ele cuspiu as palavras e porra... um tiro doeria menos.

Cheguei mais perto e atirei mais duas vezes na cabeça. Eu poderia levar ele lá pro complexo e torturar de todas as piores formas possíveis, mas eu queria acabar logo com isso. Chega de sofrimento pra minha família.

- Tem um vapor derrubado aqui na mata. Preciso de cobertura pra levar ele de volta pra van. - falei no radinho e voltei pra ver se o vapor tava tranquilo, e ainda bem que tava.

- Cheguei, chefe. Deixa comigo. - Matheus falou e eu corri pro confronto de novo, tava ajudando os moleques de linha de frente e senti um tiro no meu ombro. Dessa vez sabia que a bala tava alojada.

De novo nessa porra.

Continuei correndo até achar um beco e ficar ali pelos próximos minutos até que reduzisse o sangramento.

(...)
Durou cerca de trinta minutos a invasão, e mesmo dentro da van, voltando pro complexo, eu não tive noticias de Carolina.

Pegamos a Penha, agora voltou a ser nossa. E sinceramente, eu tô feliz pra caralho porque mesmo depois de anos, eu consegui recuperar o império do meu pai. Mas no fundo eu não queria sentir felicidade nenhuma, quero saber da Carol.

- PH, fala aí com teu vapor. Vê se ele tem notícia da minha mulher. - eu mandei e ele só concordou digitando um bagulho no celular e percebi pelo seu olhar a tensão que ele tava sentindo.

Ele digitou mais rápido e eu fiquei encarando até ele ter uma resposta.

- O Igor não tá me respondendo. Já era pra ele ter avisado se aplicou o outro remédio. - ele falou nervoso.

- Porra... - passei a mão pelo cabelo e puxei com força alguns fios. - Quanto tempo passou?

- Quarenta e três minutos. Cinco minutos além do esperado. - ele falou e colocou o celular no ouvido, tentando ligar. - Ele falou que ia levar ela pra Maré. Vamo lá!

Fui pensativo a viagem toda de volta pra casa. Eu só queria minha mulher de volta. Eu preciso dela!

E uma parcela dessa porra toda é minha culpa. Eu deveria ter ficado dentro do complexo, eu sou o responsável pela segurança da minha família e deveria ter pensado duas vezes antes de ter tirado eles lá de dentro.

- Chegamos, chefe! Um vapor deu o papo que tua mulher tá no postinho. - PH falou depois de um tempo em completo silêncio.

- Vou pra lá. - eu falei descendo do carro e deixando as armas na boca, ficando só com uma pistola na cintura.

- Vou contigo, pô. - Danone falou e eu neguei com a cabeça.

- Vai ver a tua mulher, cara. Precisa vir não. - falei e ele só revirou os olhos.

- Se eu pisar em casa desse jeito aqui, Maria vai terminar de me matar. - ele falou e eu ri de lado sem muita animação, a preocupação era maior. - E além disso, alguém vai precisar ficar com a Carol enquanto tu vê esse teu ferimento aí.

- Eu tô de boa. - respondi e realmente não tava nem sentindo dor.

- Mas é só questão de tempo pra isso aí infeccionar. - ele respondeu.

- Eu vou ver como Carolina tá, depois me resolvo. - respondi e ele assentiu. Peguei minha moto e esperei Danone subir na garupa, pilotei pro postinho onde já tinha uma movimentação.

O primeiro que eu vi foi o tal Igor, ele me olhou todo desconfiado, cheio de medo. E eu nem cheguei muito perto pra questionar, se não eu ia perder o controle.

- Cadê ela? - perguntei e ele só andou em direção à um quarto. Só tinha ela ali, deitada na maca. - O que rolou? Porque ela tá aqui?

- O segundo medicamento demorou muito pra ter efeito, ela ainda tá inconsciente e não sei se vai acordar ainda hoje. O coração dela tá batendo, mas bem fraco, trouxe porque aqui tem recursos pra caso ela tivesse uma parada cardíaca.

- Porra... - eu respirei fundo.

- Mas ela tá estável. Só está em um tipo de coma, onde eu não tenho como reverter, ela vai acordar quando tiver que acordar.

- E tu sabe tirar bala alojada? - Danone perguntou.

- Sei. - ele respondeu e Fernando me encarou.

- Leva esse cara pra tirar então, ele tá com uma bala alojada no ombro. - eu olhei pra ele com ódio e ele deu uma risadinha.

- Tá beleza! - ele foi andando pra porta e eu dei uma última olhada pra Carolina antes de sair atrás dele.

RENASCER [CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora