Falcão. - Rio de Janeiro, 03 de junho, Complexo da Maré. 14:20 PM.
- Preciso de cobertura aérea. Pelo menos três caras nas lajes da rua três. - falei no radinho e ouvi a confirmação.
Atirei em um cara que apareceu na minha frente e corri pra um beco, pra recarregar minhas armas. Os caras não estão recuando. Já foram feridos dois dos nossos e um de Rian morreu com uma bala na cabeça. Mas os danos deles é bem pior. Falei pros moleques atirarem só na cabeça e darem cobertura um pro outro.
Os moradores estavam dentro de casa, mas a minha preocupação era esses filhos da puta entrarem e meterem pra cima de inocente na covardia.
Eu tava dando meu máximo, literalmente o meu sangue. Fui baleado no ombro, de raspão, mas ficou um corte feio e o sangue não parava de sair.
Cortei a manga da minha camisa e amarrei pra tentar estancar o sangue e ver se resolve. Eu tava começando a me sentir exausto.
Os homens de Rian passaram correndo por mim no beco e um deles me avisou que tavam entrando pela entrada do alto do complexo também.
- Chefe... tua casa tá arrombada. - ouvi no meu radinho e o sangue subiu, mas ao mesmo tempo fiquei tenso. Porra, eles não podiam achar Carol e Natan. Não tinha nem como, eles estavam escondidos.
- Vai lá e vê se tem alguém dentro da casa. - eu mandei e respirei fundo passando a mão no rosto tentando controlar meu desespero pra não desfocar do que eu tava fazendo.
Voltei a correr pelas vielas do complexo e todo cara que eu via que não era nosso, eu metia bala sem dó. Fui subindo uma laje que ainda não tinha ninguém e me abaixei pra atirar escondido.
Continuei atirando em tudo que se movia perto de mim, eu não podia regredir. Não agora. Mesmo com muita dor pelo tiro de raspão, eu continuei.
Era pela minha família, pelo meu filho e pela minha mulher.
- Chefe, tem um cara lá dentro. - ouvi no meu rádio e respirei fundo.
- Mira na cabeça, PK. - falei sem dar muita importância de quem era. - Tu tá aonde?
- No outro lado da rua, na frente da casa dela. Tá toda revirada, chefe. - ele falou e eu suspirei.
Vieram atrás deles. Eu só não sei se querem ela pra me atingir ou se querem ela por causa do filho da puta do Daniel.
- Descreve quem tá dentro da casa. - eu pedi e ele demorou alguns segundos pra responder.
- Alto, cabelo baixo, loiro, olhos claros. Tatuagem de caveira no antebraço. - ele foi relatando e eu fechei os olhos segurando com força a pistola com força. - Tem um cara caído também, não é um dos nossos.
- Não atira não. Eu tô indo aí, vem pra laje. - falei e ele só concordou,
Fui descendo, peguei mais bala e recarreguei minha arma de novo antes de sair do beco. Olhei antes de correr pra rua e ir atirando nos caras do outro lado.
Cheguei na rua da minha casa e fui me aproximando e olhando ao redor pra saber se não tem ninguém me seguindo pra cá. Cheguei na frente da minha casa e minha porta tava arrombada como tinham dito.
Vi o vagabundo na minha sala, rondando a casa pra ver onde Carolina tava, fiquei mais aliviado sabendo que ela não saiu do lugar. Sem pensar duas vezes, eu atirei na sua perna, ele gritou e caiu de joelhos.
- Caralho seu filho da puta. - ele me xingou e eu me aproximei chutando seu peitoral pra ele cair de vez.
- Tu tá na minha casa e se acha no direito de ficar me xingando? - eu falei me agachando do lado dele.
- Tu tá comendo minha mulher e acha que tá no direito de me cobrar? - atirei na outra perna e ele gritou de novo.
- Tu tava morto pra ela, cara. E vai voltar a estar, é só questão de tempo. - falei perto do rosto dele e ele tentou levantar mas eu dei uma coronhada na cabeça dele que o fez apagar. - Preciso de dois caras aqui na minha casa, agora! - falei no radinho e PK tava perto, foi quem chegou.
- Qual foi chefe? - ele perguntou.
- Leva esse filho da puta pra salinha, daqui a pouco colo lá. - ele concordou e foi pegando Daniel e jogando no ombro que nem um saco de batata.
Olhei pra estante que tinha a porta do quarto onde Natan estava com Carolina e suspirei. Eu não vou tirar eles daí ainda, vou esperar essa merda toda passar.
- Fica aí, princesa. Eu não vou demorar! - falei e não tive resposta, mas sabia que ela tinha ouvido.
Peguei o outro cara apagado e levei também pra salinha, ele seria útil pra interrogar.
Voltei pro confronto na barreira e fui atirando nos que ainda restavam, tinham poucos, meus caras conseguiram controlar a situação, DG e Danone estavam incansáveis correndo atrás do prejuízo e jogando um monte de filho da puta na vala.
- Acabou. - DG chegou perto de mim e eu respirei jogando a cabeça pra trás mais aliviado.
- Faz a limpa no complexo todo. Pra ver se esses vagabundos não se esconderam. - mandei dois vapores e cada um foi pra um lado fazendo a varredura.- Tá maluco, eu preciso de férias.
- Chegou um dia desses e já quer férias. Pensa que a vida é um morango. - DG zoou e eu dei uma meia risada.
- Eu vivi quatro anos em quatro meses, cara. Mereço descanso e pelo menos duas semanas longe de vocês. - eu falei e ele revirou os olhos.
- Vida de chefe né, fácil fácil. - empurrei ele de leve e nós dois rimos.
Os próximos segundos aconteceu tudo muito rápido, mais dois tiro foram disparados e logo DG tava no chão. Um tiro no peito e outro no abdomem.
Saquei minha arma e virei pra saber de onde vinham os disparos. Daniel vinha com um sorriso doentio pra perto de mim tentando atirar, mas a arma travou. Não polpei bala pra cima daquele desgraçado, atirei umas seis vezes e as seis balas alojaram nele, uma na cabeça.
- Filho da puta! - gritei e corri pra tentar socorrer DG que tava ainda jogado no meio da rua. Uma poça de sangue tava ao redor dele e eu me desesperei. Porra meu irmão não!
Sentei no chão do lado dele e ele já respirava com dificuldade.
- Ei, continua falando comigo. - eu falei dando dois tapinhas de leve no seu rosto pra ele se manter acordado.
- Foi mal, Falcão... - ele falou e uma lágrima escorreu no meu rosto. - Foi mal.
- Não, não. Fica comigo. DG, seu filho da puta, fecha o olho não. - eu falei e ele deu um sorriso de lado já perdendo as forças e fechando os olhos. - DG! - eu chamei mais alto mas ele não respondeu.
Dei mais dois tapinhas e nada.
DG morreu. Meu irmão se foi.
VOCÊ ESTÁ LENDO
RENASCER [CONCLUÍDA)
RomanceCarolina conhece muita coisa sobre relacionamento, principalmente tendo passado pelas mãos doentias do ex abusivo, ela só conhece o lado negativo de se relacionar. Natan, seu filho, foi a única coisa boa que lhe aconteceu nesse período conturbado da...