Falcão. - Rio de Janeiro, 01 de março, Complexo da Maré. 13:00 PM.
- E aí, como vai ser? - DG perguntou sobre a contagem das drogas que acabou de chegar.
- Tem que contar né, parceiro. Bloco por bloco. - falei olhando o movimento da rua na frente da boca.
Não dava pra entender porque as pessoas passavam e evitavam olhar pra cá, nenhum de nós dá medo.
Quase não reparei quando o furacão Carol passou na nossa frente soltando fogo pelas ventas. Mulherzinha do caralho essa. Poderia ignorar, mas ela quase jogou Matheus da moto quando ele passou perto dela oferecendo carona, o coitado tava só fazendo o trabalho dele.
- Não conta sem mim. - falei e me levantei indo pra perto dela que descia na velocidade. - Qual foi aqui?
- Não sei chefe, essa aí não roda bem não. O moleque dela falou alguma coisa e ela vazou da casa, falou que ia resolver um bo.
- E tu tava fazendo o que lá uma hora dessa? - ele deu de ombros todo errado.
Olhei pra Carol que foi dando as costas e voltando a andar puta da vida, ela virou a esquina da escola do menor e eu pensei em ir atrás com medo de ela botar fogo no lugar, eu não duvido de nada vindo dela.
- Matheus, vai pra boca e me espera lá, tenho serviço pra ti. - mandei e ele concordou descendo da moto e me dando a chave.
Subi e dei partida acelerando pra onde ela tinha ido. Virei a esquina bem na hora que uma funcionaria abriu o portão pra ela entrar. Parei a moto de qualquer jeito e desci indo pra onde a bonita tava indo.
- Carolina, porra. Espera! - ela olhou pra trás desacreditada que eu tinha ido atrás dela.
- O que você veio fazer aqui? - ela perguntou e eu nem sabia o que responder na verdade, foi no automático.
- Qual que foi a fita? Diz que eu resolvo! - eu falei e ela negou com a cabeça.
- Uma professora fez um comentário sobre o meu filho não ter pai. Mas não precisa resolver, já tô resolvendo. - ela virou pra ir em direção à secretaria mas eu segurei o braço dela.
- Ei, pô. Calma aí, eu assumo essa fita contigo. - ela me olhou sem entender.
- Não, Falcão. Fica aí, eu vou resolver, o filho é meu! - ela respondeu e pouco me deixou espaço pra responder porque se soltou de mim e foi andando pra sala da diretoria.
(...)
Carolina. - Rio de Janeiro, 01 de março, Complexo da Maré.
- Posso ajudar? - uma mulher veio me perguntar quando eu entrei na secretaria e a voz irritante dela me deu nos nervos.
- Pode, quero saber quem é a professora Raiane! - eu perguntei com puro ódio na minha voz.
- A professora Raiane não está no momento, mas é algo que eu consiga resolver?
- Pode ser então. Eu quero que me explique porque eu pago um absurdo pra essa escola cuidar da educação do meu filho e o trabalho de vocês não é feito direito. - haviam alguns pais na sala que olhavam torto pra situação mas eu pouco me importava. - Me diz porque a professora do meu filho fez uma piada ridícula acerca da sua paternidade e isso abalou a mente dele. Porque ele é uma criança, uma criança, porra.
- Peço que se acalme...
- Não vou me acalmar, quero essa mulher longe dessa escola. Quero a demissão dela. Porque ao invés de ensinar meu filho a fazer dever de casa, ela tava se preocupando com o pai dele. Isso é sobre a minha vida pessoal e não cabe a vocês como profissionais falar disso em sala de aula, pra outras várias crianças questionarem do meu filho quem é o pai dele.
- Pedimos desculpas pelo ocorrido, mas não será necessário a demissão dela. - a diretora falou e eu respirei fundo perdendo a pouca paciência que me restava.
- Então pode cancelar a matricula do Natan, porque eu prezo pelo bem do meu filho, e se ele não tá se sentindo bem aqui, é simples, ele vai pra outra escola.
- Senhora, nós podemos ver outra forma de solucionar essa questão e...
- Não, eu já solucionei. Espero que essa mulher não mexa com o filho de mais ninguém aqui. - falei e saí da sala batendo a porta encontrando com Falcão no corredor.
- E aí? - ele perguntou.
- Natan vai mudar de escola, eles se recusaram a mandar a professora embora. - eu passei a mão no rosto. - Pior que só tem escola fora do complexo.
- Não pô, vamo voltar lá. Deixa que eu resolvo. - ele falou e eu encarei ele respirando fundo.
- Não, Falcão. Precisa não, eu já resolvi e quero acabar logo com isso, vou pra casa ficar com meu filho que é o que eu faço de melhor agora.
- Ele tá como? - Falcão perguntou interessado e parecia até preocupado. Fui andando e ele veio caminhando do meu lado.
- Ele chorou, Natan quase não chora. Eu sabia que esse momento chegaria, mas não tava preparada. Ele vai perguntar pelo pai agora até ter uma resposta que o convença. - ele coçou o queixo e riu de algo que pensou.
- Diz que virou estrela. - ele falou e eu olhei com cara de poucos amigos.
- Dan virou qualquer coisa menos estrela, quem me dera poder falar o que realmente aconteceu, mas isso é conversa pra quando ele estiver maior. - respondi e Falcão riu.
- Ele é foda, menor firmeza, vai dar tudo certo. - ele disse e eu concordei com a cabeça.
- Eu espero. - Falcão passou o braço por cima do meu ombro e eu cruzei os braços quando saímos da escola.
Ele subiu na moto e eu subi em seguida agarrando a cintura dele porque sabia que ele era meio doido pilotando, e que bom que eu segurei porque ele arrancou com a moto e eu quase voei.
- Filho da puta. - falei baixo pra ele ouvir.
- Tu gosta que eu sei. - ele falou mais alto por causa do vento.
Em dois minutos chegamos na casa e logo vi Maria varrendo a calçada dela, ela tava de folga hoje e deixei Natan com ela pra ir resolver essa situação da escola dele.
- Tio Gavião! - ele gritou quando viu Falcão e eu ri. Mas dessa vez ele tava meio desanimado, Falcão pegou ele no colo e meu filho passou os dois braços ao redor do pescoço dele.
Natan falou alguma coisa baixo no ouvido dele e vi pela primeira vez Falcão ficar pálido e sem reação olhando pro pequeno em seu colo. Logo em seguida ele me olhou procurando uma resposta e eu o encarei sem entender.
![](https://img.wattpad.com/cover/362282163-288-k61716.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
RENASCER [CONCLUÍDA)
RomanceCarolina conhece muita coisa sobre relacionamento, principalmente tendo passado pelas mãos doentias do ex abusivo, ela só conhece o lado negativo de se relacionar. Natan, seu filho, foi a única coisa boa que lhe aconteceu nesse período conturbado da...