Capítulo 5

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Carolina. - Rio de Janeiro, 15 de fevereiro, Complexo da Maré. Segunda-feira.

Terminei de coar o café e preparei o achocolatado de Natan antes de acordá-lo pra ir pra escola. Hoje ele voltaria das férias e eu ficaria mais aliviada de deixar ele na escola pra ir trabalhar.

Fui até seu quarto para o acordar e dei graças a Deus por ele já ter acordado sozinho antes que eu fosse chamar. Já mandei ele levantar e tomar banho enquanto eu separava o uniforme da escola pra ajudá-lo a vestir depois.

Logo estávamos prontos e eu tomei meu café enquanto Natan comia também e falava o quão animado estava pra voltar a estudar.

- Vamos, mamãe. Eu já tô pronto! - ele me apressou enquanto eu escovava os dentes.

- Vamos meu amor. - falei pegando minha bolsa e indo com ele pro portão.

Na frente da casa tive o desprazer de ver Falcão subindo na moto e ligando ela enquanto se apoiava com os pés no chão. 

- Bom dia, tio Gavião! - meu filho gritou e acenou pra ele.

- E aí, carinha. Já vai pra escola? - ele perguntou com a voz rouca de quem tinha acabado de acordar.

- Vou, tio! Minha mãe disse que eu vou ser o futuro do Brasil. - ele disse todo orgulhoso e Falcão riu.

- Isso aí, cara. Tem que estudar mesmo. - ele falou. - Tão indo pra longe? Sobe aí que eu levo.

- Não, valeu. Não é lon...

- Vamos com ele, mamãe, por favor. - Natan pediu com os olhinhos brilhando e eu revirei os olhos com raiva por ele ter conquistado meu filho assim em um dia.

- Não filho. É bom andar pra esquentar o sangue e funcionar melhor o cérebro. - eu falei tentando arranjar um motivo pra ele ir andando, mesmo sabendo que Natan não é muito fã de andar.

- Meu cérebro tá funcionando bem mãe. - ele falou tocando na cabeça e eu suspirei.

- Filho, o Falcão não é conhecido e não é confiável. Vamos andando e quem sabe outro dia ele possa te levar. - falei sabendo que esse dia nunca chegaria.

- Ei pô, eu tô aqui ainda. Sou confiável sim, sobe aí logo, não vou te morder não. - respirei fundo e olhei pra Falcão possessa de raiva.

Me dando por vencida, eu fui até a moto, coloquei Natan no meio e subi na garupa segurando seu corpo na minha frente pra que a gente não caísse.

- Vai me dizendo onde é. - resmunguei em concordância e ele deu partida fazendo meus cabelos voarem.

Natan estava se divertindo naquela situação, em alguns momentos ouvia sua risada. Fui falando pra Falcão o caminho pra escola de Natan e ele me deixou bem na porta. Desci e peguei meu filho que quase não soltou o mais velho, ele andou até o portão da escola e eu fui atrás.

- Deus te abençoe meu amor, boa aula. Mamãe te ama. - beijei sua bochecha.

- Te amo mãe, obrigada por deixar o tio Gavião trazer a gente. - ele falou a última parte baixinho e eu ri.

- Vai lá, filho.

- Tchau, tio. - ele acenou de novo pra Falcão que acenou pra ele de volta sorrindo.

Olhei meu filho com a mochila do desenho que ele mais gosta entrando na escola e me virei de costas vendo que Falcão ainda tava ali em pé no lado da moto e mexendo no celular.

- Vamo pra onde agora? - ele perguntou ligando a moto e eu me aproximei.

- Eu vou pra o meu trabalho, você eu não sei. - falei e o encarei. Ele fez uma cara de tédio e eu dei de ombros começando a andar.

RENASCER [CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora