Capítulo 47

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Falcão. - Rio de Janeiro, 03 de agosto, Cabo Frio. 11:30 AM.

Depois de um sexo gostoso e um banho com a minha gatinha, nós descemos pra comer alguma coisa. Eu mandei abastecerem os armários e a geladeira pra ficar sussa essa semana pra gente. Queria que fosse tudo perfeito pra eles dois.

- Cadê aquele negócio que você falou que eu ia ser? Madame né? Cadê a madame? - ela falou enquanto cozinhava pra gente.

- Eu não sei cozinhar amor, se não eu cozinhava pra você. - eu falei e ela riu.

- Eu te ensino. - ela falou e deu de ombros.

- Vai ensinando aí então. - eu falei e foi só uma desculpa pra poder observar mais ela.

Enquanto ela cozinhava o estrogonofe, ela ia explicando.

- Essa receita aqui é da minha mãe, o dela é bem melhor, mas eu tento. - falou e deu um sorriso triste.

- O que aconteceu com seus pais? - eu questionei todo curioso.

- Eles me deram as costas quando eu me juntei com Daniel. - engoli seco e ela falava sem olhar pra mim. Era como se evitasse olhar pra não perder a coragem de contar. - Eles me amavam muito e preferiram se distanciar porque sabiam que eu iria sofrer no relacionamento, palavras deles.

- Mas você não tem vontade de reencontrar eles? - perguntei e me apoiei no balcão.

- Eu tenho e muita. Mas o orgulho fala mais alto, eu não quero que eles saibam do que aconteceu comigo e meu medo é que eles joguem na minha cara que avisaram desde o começo.

- Mas e se eles não jogarem na sua cara? Tem que analisar todas as possibilidades. - eu falei tentando a convencer e ela negou com a cabeça.

- Eu prefiro manter como as coisas estão. Se eles quiserem, eles vão me procurar e vão atrás de mim. - ela falou cortando uma cebola. - E a sua família? Eu e Natan vimos uma foto naquele quarto no dia do complexo, acabou que nem perguntei quem era.

- Era meu pai e minha irmã. - eu expliquei e o ar começou a pesar. Ainda era um bagulho difícil de falar, mas eu sentia que precisava. - Morreram num confronto lá na Penha.

- Nossa, sinto muito.

- Já faz tempo. - falei e ela me olhou dando um sorriso de lado. Meu Deus, eu amo essa mulher. - Minha mãe eu nunca conheci, meu pai dizia que ela era uma prostituta e que quando eu nasci ela vazou. Minha irmã nasceu de um relacionamento dele depois que eu já tava grandinho, a gente tinha cinco anos de diferença.

- E como era a relação de vocês? - ela perguntou e eu sorri cheio dessa porra de nostalgia.

- Porra, meu velho era foda. Eu tento passar pra Natan pelo menos a metade do que ele era pra mim. Ele era bom pra todo mundo, mas nem todo mundo retribuía.

- E você tinha quantos anos quando eles... se foram? - ela tomou cuidado com as palavras.

- Eu tinha uns dezesseis anos, quase dezessete. - respondi e ela só concordou com a cabeça.

- Desculpa, eu não deveria ter tocado nesse assunto. - ela falou e eu olhei pra ela.

- Não, se preocupa não. Faz tempo e já tá tudo certo. - eu respondi e ela me deu um selinho.

- Tem uma coisa que eu sempre tive curiosidade mas nunca tive coragem de perguntar. Posso perguntar agora? - ela perguntou e eu concordei.

- Sou um livro aberto pra você, minha princesa. - falei e ela riu tímida.

- Porque você foi preso? - ela questionou e eu quis contar de uma forma que ela não se assuste.

- Eu cometi e cometo muitos crimes. Mato uma galera, vendo droga, tenho participação em organização criminosa, até que me envolvi com a filha de um cara da lei aí, todo certinho. A vagabunda veio com papo de estar grávida, eu fui logo cortando as asinhas dela, e quando o pai dela descobriu, armou uma invasão de repente lá no complexo com a policia e o BOPE envolvido e colocou essas paradas tudo no meu pescoço, fui em cana com uns bons anos na cadeia.

- Como você sabia que ela não tava grávida de você? - ela perguntou toda curiosa, gosto disso nela, se quer saber, ela pergunta.

- Eu sei dos meus BO, princesa. Não saía fodendo qualquer uma por aí sem camisinha. - eu expliquei. - E eu sou sistemático, minha porra não cai em qualquer lugar. - eu falei e ela gargalhou.

- Agora que não vai cair mesmo e ai de você. - falou e eu olhei pra ela.

- Ciúmes, gatinha? - ela deu uma piscada e voltou a cozinhar.

- Oi mamãe, oi pai! - Natan veio descendo as escadas com a cara amassada e eu olhei pra ele rindo todo besta. Esse moleque é fera demais.

- Oi, meu amor! - Carolina respondeu e eu observava a cena apaixonado demais pela minha família.

- E aí, menor. Senta aqui pra comer. - eu bati na cadeira do meu lado e ele veio sentar enquanto eu beijava sua cabeça.

- Ainda dá pra gente ver a praia hoje? - ele perguntou.

- Sim, filho. A gente vai daqui a pouco, tá bom? Vamos só comer!

Servi o prato de Natan, depois servi o de Carolina que tinha ido buscar a coca geladinha na geladeira, e por último servi o meu.

- Obrigada! - ela falou baixinho e sentou na minha frente.

Comemos em silêncio e fomos trocar de roupa, Carol foi colocar uma roupa em Natan e os dois vieram quando eu já tinha trocado de roupa também. Esperei pela minha mulher que saiu do banheiro com um vestidinho curto por cima do biquini preto.

- Vamos? - eu falei e peguei só o celular e uma pistola pra não andar por aí desprotegido.

- Pra que você vai levar isso? - Carolina perguntou baixo e eu a encarei e olhei pra Natan em seguida.

- Precaução, linda. Preciso proteger vocês. - falei dando um selinho, saindo de perto antes de ela me brigar. Tô afim de discussão não, quero só paz.

RENASCER [CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora