Capítulo 7

6.2K 333 14
                                    

Maria. - Rio de Janeiro, 16 de fevereiro, Complexo da Maré. 01:10 AM.

- Pelo amor de Deus, Fernando, me deixa na minha. - eu reclamei enquanto ele me puxava pela mão pro carro dele que estava na frente da quadra.

Eu confiava nele, por isso fui. E também porque ele insistiu tanto que quase não me restou escolhas.

- Só me ouve, pretinha - meu estomago se agitou com o apelido que ele me chamava há dois anos atrás.

- Você tá chapado, e eu não vou conversar com você enquanto você não estiver sóbrio. - ele me olhou e abriu a porta do carro.

- Eu juro pra você que até tentei entrar na onda, mas tô sóbrio, tô 100%. - ele me olhou dando a certeza e eu confiei de entrar no carro.

Ele deu a volta e se sentou do meu lado.

- Então... - falei e ele me olhou parecendo que via uma miragem. Estava encantado. - Fernando! - chamei mais alto e ele pareceu voltar á realidade.

- Volta pra mim, neguinha. - ele pediu e eu ri sarcástica. - Eu prometo pra você que não vou repetir meus erros do passado. Me dá mais uma chance.

- Não. - falei e vi seu olho enchendo d'água. - Eu confio em você, e por isso vim parar num carro sozinha contigo pra conversar. Mas eu não confio em você pra um relacionamento de novo, eu prezo pela minha saúde mental, você acabou comigo há dois anos atrás Fernando.

- Porra, eu sei o que eu fiz e me arrependo pra caralho. Mas eu mudei, Maria, eu melhorei e quero ser o homem que vai te dar toda fidelidade do mundo. Eu sei que traí tua confiança, menti pra você, quebrei teu coração, mas eu não sou louco de fazer isso de novo. Linda, volta pra mim, eu preciso de você!

- O que você fez esses dois anos? Quando estava longe, você não precisava de mim desse jeito. - a essa altura eu já chorava.

- Claro que precisava, caralho. Não teve um dia que eu não pensei em você, mas eu não podia botar as caras aqui enquanto tivesse um monte de verme no morro. Mas agora eu voltei e eu tô disposto a fazer a gente dar certo.

- Você é homem, Fernando. Homens falam a mesma coisa. "Não vou fazer de novo, não vou mentir de novo, vou ser fiel" e blá blá blá. Mas no final faz tudo mais uma vez sem nenhuma consideração. - ele me olhou incrédulo.

- Você não pode generalizar. Eu era moleque na época que namoramos, por isso fiz o que fiz, mas esses dois anos longe de você me fizeram perceber que aquela foi a maior burrada que eu fiz na minha vida. Te perder abriu meus olhos, porra e eu não quero tá no erro de novo contigo.

- Fernando...

- Eu te amo, Maria. - ele olhou nos meus olhos e disse.

- Você tá dizendo isso da boca pra fora. Não faz isso comigo. - eu falei pausadamente com a voz embargada.

- Eu nunca disse isso porque era um filho da puta imaturo e sem responsabilidade nenhuma. Mas agora eu sei o que eu to falando pra você e te dou a palavra que não é da boca pra fora.

- Então prova o que você tá falando. Faça com que seja além de palavras, mas prove com as suas atitudes.

- Isso é um sim? - ele perguntou se animando e limpando as lágrimas.

- Eu vou dar mais uma chance pra você me mostrar que mudou, mas me dá a sua palavra que não vai me machucar de novo e nem vai pisar no meu coração! Eu não sou mais menina, Nando, eu não sou mais aquela garota ingênua de dois anos atrás que caía feito patinha em tudo o que você falava.

- Eu te dou minha palavra, neguinha. Se eu repetir meus erros do passado, eu mesmo te entrego minha arma pra você atirar na minha cabeça. - eu ri e ele me olhou sorrindo também.

RENASCER [CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora