Capítulo 55

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Carolina. - Rio de Janeiro, 26 de outubro, Complexo da Penha. DOIS MESES DEPOIS.

Era a primeira semana na casa nova, tudo mudou de dois meses pra cá. Nós viemos pra cá agora, porque eu ainda estava me recuperando lá na Mare, e ficar sozinha em casa não seria bom.

Natan começou a estudar no colégio daqui essa semana, mudou pro turno da tarde, Falcão assumiu mesmo a Penha e Danone assumiu a Maré. Matheus veio pra cá, tá sendo sub e eu vim também, porque segundo Falcão aqui seria mais seguro pra mim e pra Natanzinho.

Eu passava parte do dia sozinha em casa, e só via os meninos de manhã ou a noite, eles tinham muito trabalho a ser feito, por isso não apareciam com frequência. E além de ter toda essa mudança na minha vida, essa semana foi a pior até agora na gravidez. Nada parava no estômago, tudo eu colocava pra fora, tudo me dava tontura, tudo me dava sono, tudo me dava tudo.

Além de eu estar insuportavelmente melosa e carente de atenção, e em outros momentos extremamente irritada e estressada. Não sei como Thiago tá me aguentando.

Pra eu não fazer esforço, ele contratou dona Fátima pra trabalhar aqui, ela vem de segunda a sexta, arruma a casa e fofoca horrores comigo. Eu gosto da companhia dela e Natan adora também. Principalmente os bolos que ela faz, ele fica doido.

- Como está esse príncipe? - dona Fátima falou quando chegou pra varrer a cozinha e eu estava ali, tentando colocar o meu almoço pra dentro.

- Ele tá rejeitando tudo o que eu como. - fiz uma cara sofrida e ela riu.

- Mas já vai passar, essa fase é rápida e depois vai melhorar. Quando eu engravidei da Bia, foi assim também, e quando engravidei dos gêmeos, foi pior ainda. - ela contou dos filhos gêmeos e a filha mais nova. Josué, Ruan e Beatriz são uns amores, conheci quando cheguei aqui e sempre mantenho contato. Josué é técnico de enfermagem no postinho daqui, Ruan pelo que entendi trabalha fora e Beatriz é designer de cílios no salão da esquina.

Antes de vir, eu fui pra uma consulta no postinho da Maré, e na ultrassom não deu pra ver o sexo do bebê, mas fiz outro exame e tivemos a confirmação que Thiago tava certo, era um menininho. Eu agora era definitivamente a única mulher da casa.

- Cheguei, família. - Natan chegou falando igual o pai dele e eu ri.

- É isso aí, menor. - Thiago veio logo atrás dele rindo com Matheus. - Vai lá tomar seu banho.

- Que milagre vocês por aqui uma hora dessa. - falei e Falcão veio perto de mim e beijou minha boca.

- Já tá tudo finalizado lá na boca. Agora é só manter tudo como tá. - Thiago falou e eu suspirei aliviada, pelo menos agora ele teria mais tempo pra mim. Seria egoísmo demais querer que ele fique em casa todo dia e toda hora? - A gente veio almoçar, dona Fátima. O que tem aí pra hoje?

- Tem tudo, pode sentar aí, que eu vou botar mais prato na mesa. - ela agilizou e Falcão sentou do meu lado.

- Eu não sabia que vocês vinham, já até almocei. - mostrei meu prato vazio e ele riu.

- Tá se alimentando bem mesmo? Meu moleque tem que ficar grandão aí dentro, pô. - Falcão falou e eu assenti.

- Almocei e tô esperando a comida voltar, como sempre. - Matheus fez cara de nojo e eu ri.

- Que nojo. - Matheus falou e eu dei o dedo do meio.

- Marquei com o pessoal aqui domingo, pra assar uma carne. Beleza pra ti? - ele falou e eu concordei.

- A casa é sua, lindo. - eu falei e ele revirou os olhos.

- A casa é nossa, tu tem tanto direito quanto eu aqui. - ele me corrigiu e eu fiquei quieta. Como já era previsto, comecei a sentir a bile subindo e fui direto pro banheiro deixando os dois ali na sala plantados.

Pelo amor de Deus, eu não tava mais aguentando. Essa criança estava tirando todas as minhas forças, eu nem me lembrava como era essa sensação de ter um bebê aqui dentro.

- Melhorou aí, gatinha? - Falcão perguntou segurando meus cabelos e prendendo em um rabo de cavalo com suas mãos.

- Tô melhorando. - minha voz saiu abafada por estar com a cabeça encostada na beirada do vaso.

- Pega aqui, o teu remédio que tu ainda não tomou. A médica falou de seis em seis horas, lembra não? - ele me deu a cartela de remédio e um copo d'água.

- Obrigada. - dei descarga e me levantei tomando o comprimido. - Conversa com o seu filho, ele tem que ajudar a mãe dele.

Falcão riu e colocou a mão na minha barriga.

- Ele só tá crescendo aí dentro, tem que ter paciência com o 02. - ele falou e eu gargalhei.

Ele abraçou minha cintura e beijou minha cabeça.

- Você ainda me ama? - eu perguntei e ele me encarou.

- Pra caralho. - ele respondeu beijando minha bochecha e minha boca logo em seguida.

- Mesmo quando eu estiver gorda e feia, minha barriga vai ficar enorme, minha bunda vai dobrar de tamanho. - eu falei fazendo manha e ele riu.

- Tua bunda vai dobrar de tamanho? - ele perguntou pra confirmar.

- Claro, eu vou ficar gorda.

- Você não vai ficar gorda, Carolina. Você vai ser gostosa pra sempre, e quando tua barriga crescer, tu vai ficar mais linda ainda, porque eu vou olhar pra ti e vou lembrar da mãe foda que você já é e vai continuar sendo pro 01 e pro 02. - meu olho encheu d'água com a declaração dele e eu comecei a chorar.

- Desculpa! - pedi secando minhas lágrimas.

- Pelo que? Tu ficou emocionada porque eu sou foda com essas declarações. - Falcão falou e passou a mão pela minha bunda. - Eu te amo, do teu jeito, e pra um caralho.

- Eu te amo! - respondi também e ele beijou meu pescoço.

RENASCER [CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora